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O período de baixa atividade do Sol é mais agitado do que se imaginava

Por| 05 de Agosto de 2020 às 23h30

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Goddard Space Flight Center
Goddard Space Flight Center

Os intervalos entre as atividades solares não são tão desinteressantes quanto se pensava, de acordo com um novo estudo. As atividades solares mais intensas, que exigem atenção e monitoramento por apresentar um perigo à Terra, acontecem a cada onze anos, e os cientistas consideravam que não valia a pena estudar o Sol durante os períodos de calmaria. Mas talvez eles estivessem errados.

Juha Kallunki, Merja Tornikoski e Irene Björklund, pesquisadores do Metsähovi Radio Observatory, publicaram um artigo na Solar Physics, mostrando os resultados do primeiro estudo sistemático sobre os fenômenos do mínimo solar (o momento em que as atividades solares diminuem). Os pesquisadores examinaram os mapas de rádio solar detectados pelo Observatório de Rádio Metsähovi e comparando-os com os dados coletados por um satélite que observa o Sol na faixa ultravioleta.

Os mapas solares mostraram áreas ativas, ou clarões de rádio, que podem ser observados nos mapas, indicando que algumas áreas estavam mais quentes que o restante da superfície solar. Segundo os pesquisadores, existem três explicações para esses clarões de rádio, que aparentemente possuem diferentes causas.

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A primeira delas é que alguns desses fenômenos, observados nas áreas polares da estrela, poderiam ser identificados como buracos coronais (áreas onde a coroa solar é mais escura, fria, e possui uma densidade de plasma mais baixa do que a média da coroa). A segunda é que, com base em outras observações, ejeção de materiais quentes da superfície do Sol poderiam ser detectadas a partir de alguns dos clarões. E, por fim, eles encontraram clarões de rádio em áreas onde fortes campos magnéticos foram detectados em outras observações.

Os pesquisadores também acharam clarões de rádio em algumas áreas onde nenhum fator que pudesse explicá-los foi encontrado nas observações por satélite. “Não sabemos o que causa esses fenômenos. Devemos continuar nossa pesquisa”, disse Kallunki. Eles também devem continuar os estudos para descobrir se os fenômenos do mínimo solar podem nos dizer algo sobre o próximo período de atividade solar - como a intensidade do que está por vir, por exemplo.

Cada um dos quatro últimos ciclos de 11 anos foi mais fraco que o anterior. Os pesquisadores não sabem porque as atividades têm diminuído. Além disso, há outros fatores para serem melhor compreendidos. "Os ciclos de atividade solar nem sempre duram exatamente 11 anos", disse Tornikoski, falando sobre os mistérios que permanecem. Outro ponto importante é que um novo período de atividade não será identificado com antecedência, e essa é uma das maiores preocupações dos cientistas.

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Essas observações da fase de calmaria foram realizadas em um período em que o mínimo solar está em seu nível mais baixo. “Agora, estamos aguardando um novo aumento no atividade”, afirmou Tornikoski. Quando isso acontecer, pode ser que um padrão de atividade nos intervalos seja percebido e, assim, daremos um passo em direção à previsão de quando haverá um novo máximo solar - o período de atividade mais intensa.

Na Terra, a atividade solar pode resultar nas auroras, por exemplo. É um fenômeno espetacular e bonito de se ver, mas se a atividade for um pouco mais intensa do que as mais recentes, podemos sofrer com danos em satélites, redes de eletricidade e comunicações por radiofrequência. A pesquisa tentará ajudar a nos prepararmos para esses períodos.

A maior dificuldade é tomar as precauções antes que algo grave aconteça. Como explica Kallunki, "em tempestades solares, leva de 2 a 3 dias para que as partículas atinjam a Terra. Elas atingem os satélites mais alto em órbita muito mais rapidamente, o que nos deixaria com ainda menos tempo para nos preparar para os danos". Se pudermos prever com mais antecedência, no entanto, muitos prejuízos podem ser evitados.

Fonte: Phys.org