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Buraco negro pode não ser responsável pelas bolhas da Via Láctea

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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David A. Aguilar/Center for Astrophysics H & S
David A. Aguilar/Center for Astrophysics H & S

Parece que as bolhas gigantes da nossa Via Láctea não são formadas pelo buraco negro supermassivo central, como se pensava anteriormente. Segundo um novo artigo que mediu as temperaturas das regiões misteriosas, a “culpa” é das estrelas.

As bolhas eRosita é um dos maiores mistérios da Via Láctea — ao lado das bolhas de Fermi, também difíceis de solucionar. Dois estudos diferentes já propuseram que ambas as bolhas são fruto da atividade do buraco negro Sagittarius A*, mas um novo artigo contraria essa hipótese.

Essas bolhas preenchem um espaço aparentemente vazio (meio circungaláctico), mas ocupado por um gás difuso que envolve as galáxias. Essas regiões são “muito importantes para entender como nossa galáxia se formou e evoluiu”, disse Anjali Gupta, principal autor do estudo.

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Para compreender melhor essas bolhas, a equipe de Gupta as comparou com as regiões que estão longe delas. É que estudos anteriores foram realizados com foco na própria região onde as bolhas se encontram, por isso o novo artigo se concentra na diferença de temperatura entre elas e o ambiente ao redor.

Com análises de dados de 230 observações do satélite Suzaku (uma missão colaborativa entre a NASA e a agência japonesa JAXA), os pesquisadores conseguiram descobrir características mais precisas da radiação eletromagnética do gás das bolhas e outros gases quentes que as cercam.

Assim, a equipe descobriu que a temperatura do gás dentro da bolha não é muito diferente daquela medida da área fora dela. Isso vai contra as conclusões anteriores de que as bolhas foram aquecidas pelo choque do gás à medida que ele era “soprado” por um buraco negro.

Os estudos anteriores assumiram que a temperatura nas bolhas seria maior devido ao grande brilho que elas apresentam, mas o novo artigo mostrou que elas são brilhantes porque estão cheias de gás extremamente denso.

Esse novo estudo também conseguiu determinar pela primeira a composição (ou parte dela) do gás presente nas bolhas: oxigênio-neon e magnésio-oxigênio. Isso é uma evidência de que os objetos não foram formados pela atividade do buraco negro Sagittarius A*, mas sim pela reação nuclear no interior das estrelas do centro galáctico.

Considerando que o núcleo da Via Láctea tem uma população enorme e densa de estrelas, a nova proposta faz muito sentido. Outro fator contra as hipóteses anteriores é que o Sagittarius A* não apresenta uma atividade intensa o suficiente para criar bolhas de proporções como essas.

Por outro lado, é possível que nosso buraco negro supermassivo central tenha devorado algum objeto há muito tempo, o que poderia ter impulsionado gás rumo ao espaço extragaláctico (fora da galáxia), formando as bolhas. Porém, não existem muitos sinais que possam ser considerados como evidência dessa atividade — exceto as próprias bolhas.

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O novo artigo, publicado na Nature Astronomy, é o primeiro a caracterizar os gases das bolhas, mas pode ser que o assunto ainda seja alvo de debate. Futuras pesquisas podem coletar dados com novas observações e criar simulações usando diferentes técnicas, para finalmente colocar um fim ao mistério.

Fonte: The Ohio State University, Nature Astronomy