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Buraco negro "órfão" pode ter sido encontrado na Via Láctea pela primeira vez

Por| Editado por Patricia Gnipper | 04 de Fevereiro de 2022 às 18h40

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Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

Um buraco negro "órfão" com quase sete massas solares parece ter sido encontrado na Via Láctea, a cerca de 5.200 anos-luz de nós. A descoberta foi feita por astrônomos liderados por Kailash Sahu, do Space Telescope Science Institute e, se confirmada, representará o primeiro buraco negro já encontrado em nossa galáxia que não esteja se alimentando de alguma estrela ou de algum outro objeto que se aproximou demais.

Como buracos negros não emitem luz própria, não é fácil encontrá-los — tanto que, geralmente, eles são identificados pela grande quantidade de energia liberada ao se alimentarem de algum objeto. Outra forma de revelá-los é através um efeito já descrito por Albert Einstein, na Teoria da Relatividade Geral: como são muito massivos e têm campos gravitacionais extremos, os buracos negros distorcem o espaço ao redor deles e curvam a luz do que está ao fundo, ampliando-a.

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Este efeito é conhecido como “lente gravitacional” e já foi objeto de diversos estudos — entre eles, estão os levantamentos Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE) e Microlensing Observations in Astrophysics (MOA). Durante estes levantamentos, os astrônomos observam um ponto no céu com grande quantidade de estrelas, para ampliar ao máximo as chances de encontrar alguma lente gravitacional.

Pois bem, foi em 2011 que o MOA e OGLE identificaram algo interessante: uma estrela a cerca de 19 mil anos-luz da Terra, perto do centro da galáxia, começou a ficar mais brilhante. Ao analisar sua curva de luz, os astrônomos notaram que o evento durou mais de 270 dias e, no momento de brilho máximo, a luz da estrela era ampliada em quase 370 vezes. Novas observações da região, realizadas com o telescópio Hubble, mostraram que o que explicaria melhor os dados eram um buraco negro, não uma estrela.

Como encontrar um buraco negro "órfão"

Através das mudanças da luz da estrela distante, a equipe conseguiu coletar algumas medidas do buraco negro: ele parece ter 7,1 vezes a massa do Sol, o que significa que seu horizonte de eventos (uma espécie de "superfície" do buraco negro, sendo também a região ao redor da qual nem mesmo a luz pode escapar) tem mais ou menos 42 km de extensão.

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Além disso, o objeto está viajando a 45 km/s pela Via Láctea, o que pode dar algumas pistas sobre sua origem. Buracos negros são formados após a morte de estrelas massivas, que colapsam sobre si próprias — e, neste caso, a estrela que o formou pode ter explodido em uma supernova e talvez tenha dado um belo “pontapé” nele, disparando-o espaço. Um estudo de 2019 mostrou que possa haver milhões de buracos negros do tipo viajando a altas velocidades pela Via Láctea, e talvez o MOA-11-191/OGLE-11-0462 seja um deles.

De qualquer forma, os autores ressaltam que novos estudos são necessários para descobrir mais sobre o objeto e seu comportamento, e se ele pode estar atraindo matéria do meio interestelar que o cerca. Felizmente, o futuro telescópio Nancy Grace Roman poderá ajudar: quando for lançado, o telescópio terá resolução e recursos para identificar lentes gravitacionais. Assim, talvez seja possível descobrir mais sobre a formação e evolução deste e de outros buracos negros, quantos deles existem na Via Láctea e mais.

O artigo com os resultados do estudo foi enviado para publicação na revista The Astrophysical Journal, e pode ser acessado no repositório arXiv, ainda sem revisão de pares.

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Fonte: arXiv; Via: Science Alert, Bad Astronomy