Buraco negro gigante em galáxia vizinha pode se chocar com a Via Láctea?
Por Danielle Cassita |

Parece que a Via Láctea, nossa galáxia, está a caminho de se chocar com um buraco negro supermassivo. O titã cósmico tem cerca de 600 mil vezes a massa do Sol e pode estar escondido na Grande Nuvem de Magalhães, galáxia anã que orbita a nossa. Como a Grande Nuvem deve eventualmente colidir com a nossa galáxia, o buraco negro também deve integrar o impacto.
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É difícil detectar buracos negros; afinal, a menos que estejam devorando matéria, eles não emitem radiação que possa ser observada. Por isso, os cientistas trabalham com formas indiretas de detecção — e uma delas inclui observar estrelas com movimentos que só podem ser explicados pela presença de buracos negros.
O astrofísico Jiwon Jesse Han e seus colegas não trabalharam com as órbitas das estrelas, mas sim com as estrelas de hipervelocidade. Como o nome indica, elas são objetos que viajam muito mais rápido que a velocidade média das outras estrelas na galáxia, sendo rápidas o suficiente para escaparem rumo ao espaço intergaláctico.
O mais interessante é que a aceleração delas pode ser o resultado da interação entre um buraco negro e duas estrelas: chega um momento em que a dança gravitacional entre os três astros faz com que um deles seja “expulso”, ejetado pelo espaço a hipervelocidade. Este processo é conhecido como Mecanismo de Hills.
Estrelas hipervelozes e buraco negro
Em meio aos dados do satélite Gaia, os pesquisadores analisaram 21 estrelas de hipervelocidade na Via Láctea que são consistentes com o mecanismo. Eles suspeitam que, destas 21 estrelas, pelo menos 9 devem ter vindo da Grande Nuvem de Magalhães, que seria o lar do buraco negro supermassivo em questão, e 7 seriam do centro da Via Láctea; a origem das outras cinco estrelas não pôde ser determinada com precisão.
Finalmente, eles acreditam que o buraco negro que disparou estas estrelas pelo espaço deve ter cerca de 600 mil vezes a massa do Sol. Parece muito? Pois saiba que, na verdade, este é um objeto bastante modesto — Sagitário A*, o buraco negro da Via Láctea, tem mais de 4 milhões de massa solares, por exemplo.
No momento, a Grande Nuvem de Magalhães orbita a Via Láctea a uma distância de aproximadamente 160 mil anos-luz, mas eventualmente deve ser devorada por nossa galáxia. Quando isso acontecer, o buraco negro ali (se relamente existir) vai seguir viagem ao centro galáctico e, eventualmente, vai se fundir com Sagitário A*.
Os astrônomos suspeitam que este é um dos caminhos pelos quais os buracos negros crescem. Assim, se a Grande Nuvem realmente tiver um buraco negro sueprmassivo, o objeto vai ajudar os cientistas a entenderem melhor os mecanismos por trás do crescimento dos buracos negros até terem bilhões de massas solares.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório arXiv, sem revisão de pares.
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Fonte: ScienceAlert