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Buraco negro "fujão" seria apenas uma galáxia vista de lado

Por| Editado por Patricia Gnipper | 10 de Maio de 2023 às 16h51

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ESA/Hubble, Digitized Sky Survey, Nick Risinger, N. Bartmann
ESA/Hubble, Digitized Sky Survey, Nick Risinger, N. Bartmann

Parece que o buraco negro “fujão”, reportado por um estudo no início do ano, era apenas uma galáxia sem bojo vista de lado. Um novo artigo argumenta que essa explicação é muito mais provável do que um buraco negro fugitivo e apresenta dados bastante convincentes para sustentar a nova proposta.

Em fevereiro, um estudo revelou imagens do telescópio Hubble da galáxia anã RCP 28 com uma linha branca que se estende pela região ao redor dela, onde gases difusos e quase invisíveis preenchem o espaço.

Segundo os autores daquele estudo, a linha branca na RCP 28 poderia ser um rastro deixado por um objeto muito denso e rápido, que teria formado uma onda de choque afetando o gás difuso e, assim, forçou a formação de novas estrelas.

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Contudo, a hipótese do buraco negro fujão não poderia ser comprovada apenas com os dados do Hubble. Então, a comunidade científica se dedicou a encontrar outras possíveis explicações. O motivo é simples: para um buraco negro sair de sua galáxia, seriam necessárias condições raras.

Agora, um novo estudo demonstrou como os dados do Hubble podem ser perfeitamente explicados por um cenário bem mais simples: uma galáxia sem bojo vista na horizontal, ou seja, posicionada de modo que observamos seu disco pela lateral.

Este tipo de galáxia é relativamente comum — bem mais que buracos negros fugitivos. Na verdade, buracos negros se afastando das galáxias nunca foram vistos, embora a teoria preveja que eles podem, sim, existir.

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Jorge Sanchez Almeida, pesquisador do IAC e autor principal do novo artigo, lamenta que a descoberta seja algo bem menos exótico do que a hipótese inicial. “É uma pena, porque se espera a existência de buracos negros fugitivos, e este poderia ter sido o primeiro a ser observado”, disse.

A equipe comparou os dados com outras galáxias e descobriu que tudo está de acordo com essa nova interpretação. “Os movimentos, o tamanho e a quantidade de estrelas condizem com o que já foi visto nas galáxias do universo local”, explica Almeida.

Como exemplo, os autores demonstraram que a galáxia IC5249, também sem a presença de um bojo, é surpreendentemente semelhante a essa linha branca, incluindo a velocidade e estrutura de estrelas. “Também examinamos a relação entre a massa da suposta galáxia e sua velocidade máxima de rotação e descobrimos que, de fato, é uma galáxia que se comporta como uma galáxia”, disse Ignacio Trujillo, que participou do estudo.

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Para confirmar (ou não) qualquer uma das interpretações desses dados, futuros estudos deverão obter mais detalhes e informações sobre o objeto misterioso. O artigo foi aceito para publicação na revista Astronomy and Astrophysics Letters.

Fonte: Astronomy & Astrophysics; Via: Instituto de Astrofísica das Canárias