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Bolha de gás quente é encontrada em torno do buraco negro da Via Láctea

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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EHT Collaboration, ESO/M. Kornmesser
EHT Collaboration, ESO/M. Kornmesser

Uma bolha de gás foi encontrada ao redor do buraco negro supermassivo Sagittarius A*, localizado no centro da Via Láctea. Ela orbita o buraco negro a uma distância semelhante à de Mercúrio em relação ao Sol, mas completa uma volta a cada 70 minutos — ou seja, é extremamente rápida.

A descoberta foi feita por cientistas do radiotelescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), um dos colaboradores do Event Horizon Telescope (EHT) na captura da primeira foto do Sagittarius A*. As observações do EHT foram feitas em 2017 e contaram com oito radiotelescópios ao redor do mundo, incluindo o ALMA, mas coube a este último ajudar a calibrar os dados.

O que ninguém esperava era encontrar mais pistas escondidas nas medições de calibração obtidas pelo ALMA, incluindo a bolha de gás. Algumas dessas observações foram feitas pouco depois de uma explosão de energia de raios-X emitida no centro da nossa Galáxia, então os cientistas cogitam que as imagens estão relacionadas com este evento.

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Para orbitar o Sagittarius A* (ou Sagitário A*) em apenas 70 minutos, a bolha precisa viajar à velocidade de cerca de 30% da velocidade da luz! Isso é incrivelmente rápido, mas está longe de ser um recorde: o buraco negro no centro da galáxia M87, que também foi fotografado pelo EHT, emite jatos a 99% da velocidade da luz.

Não é exatamente um grande mistério detectar uma bolha de gás ao redor de buracos negros. Elas já foram vistas antes por telescópios infravermelhos e de raios-X e astrônomos acham que elas estejam associadas aos chamados “pontos quentes” — bolhas de gás quente que se deslocam a altas velocidades perto de um buraco negro.

Jesse Vos, que participou do estudo que descreve a bolha recém-descoberta, diz que "talvez estes pontos quentes detectados nos comprimentos de onda do infravermelho sejam uma manifestação do mesmo fenômeno físico: à medida que esfriam, os pontos quentes que emitem no infravermelho tornam-se visíveis em comprimentos de onda mais longos", como o rádio, detectável pelo ALMA.

Pesquisadores também trabalham com a hipótese de que essas bolhas têm origem nas interações magnéticas do gás próximo de Sagitário A*. Os gases muito quentes costumam ser extremamente suscetíveis às linhas de campo magnético, que são bastante intensas e caóticas em um buraco negro.

Fonte: ESO