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Este é o novo candidato a buraco negro mais próximo da Terra

Por| Editado por Patricia Gnipper | 20 de Setembro de 2022 às 11h42

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Salvatore Orlando/Sketchfab
Salvatore Orlando/Sketchfab

Uma equipe de astrônomos liderada por Kareem El-Badry, astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, encontrou um novo candidato a buraco negro próximo da Terra, orbitado por uma estrela a apenas 1.570 anos-luz de nós. Ele é dez vezes mais massivo que o Sol e foi encontrado graças aos dados da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), que mostraram a estrela com movimento orbital “suspeito”.

Provavelmente existem cem milhões de buracos negros em nossa galáxia, mas pouquíssimos deles são conhecidos. O jeito mais fácil de encontrá-los é em sistemas binários com estrelas: se estiverem próximos o suficiente, eles “arrancam” matéria da estrela, que é aquecida e emite radiação altamente energética. Só que, se o buraco negro for solitário ou for orbitado por uma estrela distante demais, ele terá que ser encontrado por meio dos efeitos de sua forte gravidade.

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Foi o que aconteceu com o objeto recém-descoberto. El-Badr e seus colegas examinaram mais de 168 mil estrelas na terceira publicação de dados da missão Gaia, e encontraram algo interessante na estrela Gaia DR3 4373465352415301632 (ou apenas “Gaia BH1”, conforme a chamaram no estudo), que fica na constelação Ophiuchus, o Serpentário. Ela é um pouco mais fria e menos massiva que o Sol, e fica a 1.570-anos-luz da Terra.

Com telescópios em solo, a equipe conseguiu dados do espectro da estrela, que permitiram medir as forças gravitacionais afetando a órbita dela. Eles concluíram que ela se move a altíssima velocidade, o que sugere que orbita um objeto bastante massivo. Segundo ele, os dados da Gaia mostraram que a estrela segue uma trajetória elíptica no céu enquanto orbita o buraco negro. “O tamanho da órbita e seu período nos permitem restringir a massa de sua companhia invisível, com cerca de 10 massas solares”, disse.

O autor observa que este pode ser o primeiro buraco negro já encontrado na Via Láctea sem ser por meio de emissões de raios X. “Os modelos preveem que a Via Láctea contém cerca de 100 milhões de buracos negros, mas só observamos cerca de 20 deles”, disse. “Todos os outros são ‘binários de raios X’, ou seja, o buraco negro está se alimentando de uma estrela vizinha, e brilha em raios X conforme a energia da matéria é transformada em luz”, finalizou.

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Ele ressalta que estes objetos são como a ponta do iceberg, já que pode haver uma população muito maior deles, escondida em sistemas binários formados por objetos com maiores distâncias entre si. “A descoberta de Gaia BH1 joga luz nesta população”, disse. Se as descobertas forem confirmadas, elas sugerem que sistemas do tipo são comuns, e que pode haver uma grande população de buracos negros “adormecidos” em nossa galáxia.

Caso realmente sejam comuns, é provável que a Gaia encontre outros conforme estuda estrelas. Agora, El-Badry e seus colegas esperam a quarta publicação de dados da missão, que poderá ajudar a esclarecer se estes objetos são frequentes. “Com base na taxa de ocorrência de buracos negros ‘vizinhos’ implicada pela Gaia BH1, estimamos que a próxima publicação de dados vai permitir a descoberta de dezenas de sistemas similares”, disse ele.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: Universe Today, Bad Astronomy