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Biosferas semelhantes à Terra podem ser ainda mais raras, revela estudo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 28 de Junho de 2021 às 13h20

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Ph03nix1986/Wikimedia Commons
Ph03nix1986/Wikimedia Commons

Quando astrônomos procuram por planetas potencialmente habitáveis, eles buscam por mundos que orbitem suas estrelas a uma distância que permita a presença de água líquida, elemento fundamental para a vida como a conhecemos — mas este não é o único fator. A fotossíntese, responsável pela produção de oxigênio, é um dos mais importantes processos químicos da biosfera e ela depende da quantidade de energia solar que o nosso planeta recebe. Segundo um novo estudo, nenhum dos exoplanetas conhecidos hoje que são semelhantes ao nosso possui as condições ideais para sustentar uma biosfera, pois não receberiam a quantidade suficiente de energia de suas estrelas hospedeiras.

Até o momento, mais de 4 mil exoplanetas foram descobertos e alguns deles são até parecidos com a Terra. Além de rochosos, muitos desses mundos aparentam orbitar suas estrelas a uma distância que, em teoria, permitiria a presença de água líquida. O estudo, publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, avaliou as condições básicas para a fotossíntese baseada em oxigênio em 10 exoplanetas semelhantes ao nosso, de massas conhecidas e que orbitam nas chamadas zonas habitáveis de suas estrelas.

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No entanto, a equipe de astrônomos da Universidade de Nápoles, na Itália, descobriu que estar em uma zona habitável — ou seja, ter a presença de água líquida — não é garantia para que a vida se desenvolva em um planeta. A Terra, além de estar nesta zona, possui alguns mecanismos, como plantas e microorganismos, que transformam a luz solar em matéria orgânica e, como subproduto o oxigênio, mas este processo necessita da quantidade certa de luz solar. A pesquisa revelou que nem todas as estrelas que abrigam exoplanetas parecidos com a Terra são capazes de fornecer a energia necessária.

Para isso, os pesquisadores estimaram quanta radiação fotossinteticamente ativa (PAR, sigla em inglês) estes exoplanetas recebem de suas estrelas, de acordo com a faixa de onda que organismos fotossintéticos na Terra são capazes de usar, entre 400 e 700 nanômetros. A análise revelou que estes mundos normalmente orbitam estrelas que são muito frias, ou seja, que não fornecem a quantidade necessária de PAR. Entre todos os exoplanetas analisados, apenas um, o Kepler 442-b, uma superterra a 1.200 anos-luz de distância, recebeu PAR suficiente para sustentar uma grande biosfera.

Embora os astrônomos tenham utilizado uma amostra de exoplanetas muito pequena, a maioria das estrelas que habitam a Via Láctea são anãs vermelhas, ou seja, estrelas fracas com cerca de um terço da temperatura do Sol. Com isso, os pesquisadores presumem que as condições que impulsionam o desenvolvimento da vida pode ser raras. "Como as anãs vermelhas são de longe o tipo mais comum de estrela em nossa galáxia, este resultado indica que as condições semelhantes às da Terra em outros planetas podem ser muito menos comuns do que esperamos", explica o professor Giovanni Covone, principal autor do estudo.

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Já as estrelas mais quentes do que o Sol até podem fornecer a quantidade de PAR necessária, mas elas queimam mais rápido, o que significa que provavelmente morreriam antes que qualquer forma de vida complexa tivesse a chance de evoluir nesse mundo. “Este estudo impõe fortes restrições ao espaço de parâmetros para a vida complexa, então, infelizmente, parece que o 'ponto ideal' para hospedar uma biosfera semelhante à da Terra não é tão amplo", acrescenta Covone.

Apesar dos milhares de exoplanetas descobertos, pouco se sabe sobre eles — em parte, por conta das grandes distâncias que dificultam a observação detalhada desses planetas. A expectativa é que, com novas ferramentas, como o Telescópio Espacial James Webb, programado para ser lançado no fim deste ano, os astrônomos consigam aprender mais sobre esses mundos alienígenas e a possibilidade de formas de vida complexas nele.

O estudo foi publicado em 23 de junho na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Space.com