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BFR | Por que a nova espaçonave da SpaceX é um novo passo na pesquisa espacial

Por| 18 de Setembro de 2018 às 17h17

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SpaceX
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Em evento que ocorreu ontem à noite, a SpaceX revelou quem será o primeiro civil a ir para o espaço no novo foguete da empresa, o Big Falcon Rocket (BFR). Este será o quarto modelo de foguete que a empresa mandará para o espaço desde 2012, quando a nave Dragon entrou para a história ao se tornar a primeira nave comercial (ou seja, que não foi criada por entidades governamentais e militares) a entregar suprimentos na Estação Espacial Internacional (ISS) e retornar para a Terra, sendo impulsionada por um foguete Falcon 9. Mas o BFR não é apenas o último modelo dos foguetes Falcon da empresa: segundo Musk, ele é o primeiro com capacidade para levar um humano até Marte.

O que exatamente é o BFR?

De forma mais básica, o BFR é uma versão melhorada do Falcon Heavy, foguete conhecido por ter levado o primeiro carro ao espaço (que, claro, foi um Tesla). O BFR possui cerca de 120m de altura (o que equivale a um prédio de 40 andares), com capacidade de carregar até 100 toneladas de suprimentos.

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Isso ocorre porque o BFR não é apenas um gigantesco módulo de foguete propulsor, mas uma mistura entre foguete (BFG) e uma enorme espaçonave de carga, chamada de Big Falcon Spaceship (BFS). Propulsionada por 31 motores Raptor, a espaçonave pode usá-los tanto para o lançamento quanto para a aterrissagem, num estilo de pouso parecido com o dos foguetes Falcon 9, o que permite que a nave pouse sem muitos problemas em qualquer mundo do Sistema Solar — ao menos na teoria.

Aliás, o módulo de passageiros (BFS) foi a parte que mais sofreu alterações desde a primeira revelação em 2016. O novo design possui não mais 6 motores Raptor no módulo, mas agora são 7 motores presentes. Outra mudança foi na quantidade de barbatanas, que designs iniciais revelados em 2016 mostravam que o foguete teria apenas duas, mas o apresentado ontem por Musk vinha com uma a mais. Segundo o CEO, a mudança é porque as pernas de pouso sairão da ponta dessas barbatanas, e por isso serão necessárias três delas, para que possam manter o equilíbrio da espaçonave.

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A espaçonave funciona da seguinte forma: para sair de órbita, o BFR utiliza a força dos 31 motores Raptor do módulo de propulsão, levando a nave até o espaço. Já fora de órbita, o módulo de propulsão é desconectado, e então apenas o módulo de passageiros (BFS) segue viagem. O vídeo a seguir foi lançado no ano passado pela Space X para explicar como o BFR pode ser usado para viajar para qualquer lugar da Terra em menos de uma hora, e ilustra bem como funciona os diferentes módulos da espaçonave.

No que o BFR difere das outras espaçonaves?

Desde que começou suas operações, o BFR foi o quarto grande modelo das espaçonaves da SpaceX, e é bem diferente dos outros da companhia. Abaixo, entenda as principais diferenças entre os modelos:

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Dragon: primeiro modelo criado pela empresa, a Dragon ficou conhecida por ser a primeira espaçonave comercial a fazer uma viagem de ida e volta bem sucedida até a Estação Espacial Internacional. Ela é a menor de todas as naves da SpaceX e é utilizada exclusivamente para entregas de suprimentos. Por conta de um acordo firmado com a NASA, a SpaceX está modificando o modelo para que ele possa também levar passageiros, mas não há ainda uma data para quando isso deverá acontecer.

Falcon 9: nomeado assim por causa do 9 motores que possui, o Falcon 9 é um foguete de dois estágios que está em operação desde junho de 2010. Ele foi criado com o intuito de carregar satélites e outras espaçonaves menores, como a Dragon. Por ser um foguete criado para ter suas peças reaproveitadas a cada lançamento, tem como grande vantagem um menor custo de operação comparado a outros da mesma categoria.

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Falcon Heavy: como o próprio nome já indica, é o foguete mais pesado da SpaceX — e também o maior capacidade de carga da empresa. Por enquanto usado apenas para o transporte de cargas, o foguete é famoso por ter levado o primeiro automóvel para o espaço, mas Musk espera que num futuro próximo ele possa ser usado para levar não só equipamentos pesados à órbita, mas também transportar pessoas para a Lua e Marte.

Big Falcon Rocket: utilizando um misto de tecnologias dos outros três modelos, o Big Falcon Rocket é o primeiro veículo espacial da SpaceX criado especialmente para o transporte de passageiros, e deverá fazer a primeira viagem tripulada em 2023 com destino à órbita da Lua.

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Um grande passo para a humanidade

Claro, o BFR não viajará para a Lua e para Marte assim tão rápido. Serão necessários vários testes e viagens não-tripuladas até a espaçonave estar pronta para levar os primeiros passageiros, mas Musk é otimista quanto a isso. Ele acredita que em 2019 a nave já fará as primeiras viagens curtas para testes, para que em 2023 faça a primeira viagem tripulada em direção à Lua e, já em 2024, levar a primeira expedição humana para Marte. Ainda que Musk se mostre muito otimista quanto a esse cronograma, é bom lembrar que o Falcon Heavy demorou o dobro do tempo estimado para fazer as primeiras missões oficiais.

Apesar do otimismo quanto ao início do programa, Musk é bem franco sobre os perigos existentes nesse tipo de expedição. Ele deixa bem claro que as primeiras pessoas a viajarem para Marte devem estar preparadas para abandonar todas as relações que possuem na Terra. Musk afirma que essas primeiras expedições ao Planeta Vermelho serão parecidas com as que Ernest Henry Shackleton fez à Antártida no final do século XIX: difíceis, perigosas e com grandes chances de ninguém voltar vivo. Mas, mesmo assim, tudo indica que a SpaceX não terá problemas em achar voluntários.

Sendo fabricado na região portuária de Los Angeles, o BFR deverá custar cerca de U$5 bilhões — valor sobre o qual a SpaceX irá contribuir com menos de 5%, bancando praticamente todo o projeto com contratos fechados junto a governos, outras empresas privadas e celebridades interessadas em fazer turismo espacial. Mesmo com todos os perigos e sem uma data exata de quando essas viagens serão feitas, o que não falta são pessoas interessadas em pagar uma boa quantia para conhecerem a “fronteira final”. Para o resto de nós, resta esperar que esses esforços tragam reais melhorias para nossa vida na Terra — e não sejam apenas um parque de diversões para bilionários entediados.

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Fonte: The Verge, Fox News