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Berçário espacial: astrônomos registram imagem direta de exoplaneta "bebê"

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Subaru Telescope
Subaru Telescope

Uma equipe de cientistas liderados pela Universidade do Havaí encontrou um exoplaneta tão jovem que pode ser considerado um "bebê", a cerca de 400 anos-luz de nós. Claro, outros milhares de exoplanetas já foram encontrados, mas o maior diferencial do 2M0437b é que ele acabou de se formar e, além disso, pôde ser registrado por meio de uma observação direta. Este mundo se junta a um grupo de objetos que vêm contribuindo para a compreensão da formação e evolução de planetas ao longo do tempo, nos ajudando também a saber mais sobre as origens do Sistema Solar. 

Eric Gaidos, autor principal do estudo, descreve que a descoberta deste planeta o insere a uma “lista de elite”, formada por planetas que podem ser diretamente observados por telescópios. “Ao analisar a luz deste planeta, podemos especular algo sobre sua composição e, quem sabe, sobre onde e como se formou em um disco já desaparecido, formado por gás e poeira ao redor da estrela”, descreveu. Esta não é uma tarefa simples, já que, como os exoplanetas são bastante pequenos e escuros em relação à estrela que orbitam, dificilmente é possível conseguir imagens diretas deles.

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O 2M0437b foi observado pela primeira vez em 2018 com o telescópio Subaru e, ao longo dos últimos anos, foi cuidadosamente estudado com o uso de outros telescópios. Então, Gaidos e seus colegas utilizaram o observatório W. M. Keck para monitorar a posição da estrela anfitriã dele conforme ela se move pelo céu. Assim, a equipe conseguiu verificar que o planeta era, de fato, um companheiro da estrela. “Eventualmente, podemos conseguir medir seu movimento orbital ao redor da estrela”, sugeriu o Dr. Adam Kraus, coautor do estudo.

O planeta recém-descoberto e sua estrela ficam na Nuvem Molecular do Touro, uma espécie de “berçário estelar”. De acordo com os autores, o 2M0437b tem uma órbita bem mais ampla que aquela dos planetas do Sistema Solar, com uma separação equivalente a cerca de 100 vezes à distância entre o Sol e a Terra. Apesar de esta característica facilitar as observações, a óptica adaptativa ainda é necessária para compensar os efeitos de distorção causados pela atmosfera. “Dois dos maiores telescópios do mundo, a óptica adaptativa e os céus limpos de Maunakea foi tudo o que precisamos para essa descoberta”, disse Michael Liu, coautor do estudo. 

Os autores acreditam que o planeta é algumas vezes mais massivo que Júpiter e se formou junto de sua estrela há alguns milhões de anos. Aliás, o planeta é tão jovem que ainda está razoavelmente quente — devido aos processos de formação planetária, as temperaturas por lá ficam entre 1.400 a 1.500 K, o que faz com que este mundo brilhe na luz infravermelha.

Por conta dessas características, a equipe acredita que o sistema seria um ótimo candidato para observações de acompanhamento com outros telescópios, que podem ajudar a revelar as características da estrela e assinaturas químicas na atmosfera do planeta. “Observações com telescópios espaciais, como o Hubble e o James Webb, que será lançado em breve, podem ajudar a identificar gases na atmosfera dele e revelar se o planeta tem um disco de formação lunar”, acrescentou Gaidos.  

O artigo com os resultados do estudo será publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e pode ser acessado no repositório online arXiv, ainda sem revisão de pares. 

Fonte: W. M. Keck Observatory