Antigo impacto na Lua pode explicar as diferenças entre seus lados
Por Wyllian Torres | Editado por Patricia Gnipper | 12 de Janeiro de 2022 às 17h40
Um enorme impacto lunar, ocorrido há milhares de anos, poderia explicar as diferenças observadas em sua superfície, ao comparar o lado visível para nós e seu lado afastado, que não vemos aqui da Terra. O novo estudo, liderado pela Academia Chinesa de Ciências, contou com simulações para entender as consequências de uma colisão cósmica de grandes dimensões em nosso satélite natural.
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Ao longo de muitas décadas, astrônomos acreditaram que a Lua tinha uma superfície completamente padronizada. No entanto, quando as primeiras sondas começaram a estudar nosso satélite natural, logo foi revelado que não era bem assim.
As diferenças se deram não apenas na aparência, mas também nas rochas e os materiais presentes em ambos os lados da Lua. Para os cientistas, em seus primeiros milhares de anos, a superfície lunar se encontrava em um estado primordial.
Em outras palavras, toda a superfície da Lua seria formada pelo mesmo material uniforme que resultou do resfriamento do satélite ao longo de milhares de anos. Se essas diferenças existem hoje, apenas um evento posterior a essa fase as explicaria.
Impacto no polo sul lunar
Estudos anteriores já haviam sugerido que um enorme impacto no polo sul lunar que ocorreu há mais de 4 bilhões de anos, formando a Bacia de Aitken no lado mais afastado, explicaria essas diferenças em seus lados.
Até então, como este impacto transformou a superfície do lado mais afastado no que é hoje, é justamente algo que não está esclarecido. Mas, no novo estudo, os pesquisadores simularam esse evento considerando todas as características da Lua conhecidas até o momento.
Os resultados mostraram que o impacto teria gerado um calor capaz de reiniciar a convecção nos primeiros estágios de formação da Lua. Além disso, parte do material do corpo que a atingiu teria adentrado o interior lunar, afetando a convecção.
A convecção é o movimento do magma no interior de um corpo. Enquanto o material mais quente sobe para a superfície e resfria, o mais frio desce e derrete — e assim por diante. Em seus primeiros estágios a Lua possuía essa dinâmica.
Também foi observado que o material do corpo impactante teria se espalhado por toda a área da colisão e, conforme a convecção voltava ao seu ritmo normal, ele foi transportado até a superfície do outro lado lunar. Esta dinâmica explicaria as principais diferenças na superfície da Lua entre seus dois lados.
O estudo foi apresentado na revista Nature Geoscience.
Fonte: Nature Geoscience, Via Phys.org