Amostras do lado oculto da Lua podem ter pistas sobre formação da Terra
Por Danielle Cassita |
A China fez história ao pousar sua missão Chang’e 6 no lado afastado da Lua, coletando 2 kg de amostras e trazendo-as à Terra. O material era aguardado pelos cientistas com muita expectativa, afinal, poderia conter pistas importantes sobre a formação do nosso satélite natural e até do nosso planeta. Mas, afinal, que pistas são essas?
A Chang’e 6 foi enviada à Bacia do Polo Sul-Aitken, uma cratera com 2.500 km de diâmetro e 8 km de profundidade. Ela fica no lado afastado da Lua, nome dado àquele que nunca conseguimos ver da Terra; a região só pode ser observada com a ajuda de espaçonaves.
A Bacia é a maior estrutura de impacto no Sistema Solar e, assim como outras estruturas semelhantes, revela um pouco sobre o interior da Lua. No caso, o impacto que formou a Bacia do Polo Sul-Aitken pode ter removido parte da crosta lunar, expondo materiais a até 100 km de profundidade.
Já o impacto que formou a bacia Apollo, uma estrutura menor e mais jovem localizada na Bacia do Polo Sul-Aitken, pode ter removido ainda mais material. Portanto, as amostras obtidas pela Chang’e 6 devem ter rochas diferentes daquelas já obtidas por outras missões.
Além disso, a Chang’e 6 pousou em um local que pode ter materiais do manto da Lua, a camada sob sua crosta. As amostras de lá podem ajudar os cientistas a compreender como nosso satélite natural deixou de ser um mundo de magma e passou a ter camadas geológicas, como uma crosta sólida, um manto e um núcleo.
Aliás, as amostras podem revelar até sobre o passado da Terra. Os cientistas acreditam que, há 4 bilhões de anos, asteroides e cometas atingiram os planetas rochosos do Sistema Solar, incluindo o nosso. Ao analisar as rochas das crateras de impacto, bem como o período de formação delas, cientistas podem determinar a intensidade das colisões durante a formação do Sistema Solar.
Fonte: UPI