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Água líquida pode existir em planetas totalmente diferentes da Terra, diz estudo

Por  • Editado por  Rafael Rigues  | 

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Uma equipe de pesquisadores de diferentes universidades descobriu que a água pode existir em estado líquido em exoplanetas completamente diferentes da Terra por bilhões de anos. Já se sabe que a água líquida é um requisito de grande importância para o surgimento da vida como a conhecemos, e o resultado do estudo coloca em jogo a compreensão atual da possível habitabilidade de outros mundos.

Como a vida da Terra começou nos oceanos, os cientistas vêm procurando-a em mundos parecidos com o nosso, com água em estado líquido. “Um dos motivos pelos quais a água pode ficar líquida na Terra é a atmosfera”, explicou Ravit Helled, professora da Universidade de Zurique, na Suíça, e coautor do estudo. “Com o efeito estufa natural, ela retém a quantidade de calor necessária para criar as condições certas para os oceanos, rios e chuva”, disse.

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No passado, a atmosfera primordial do nosso planeta era formada principalmente por hidrogênio e hélio. Hoje, exoplanetas mais massivos contam também com suas próprias atmosferas primordiais que, assim como a que envolve nosso planeta hoje, também conseguem induzir um efeito estufa. “Portanto, quisemos descobrir se essas atmosferas podem criar as condições necessárias para a água líquida”, acrescentou Helled.

Para isso, a equipe modelou uma série de planetas e simulou a evolução deles ao longo de bilhões de anos, considerando as propriedades das atmosferas, a intensidade da radiação que recebem de suas estrelas e até o calor interno destes mundos. “O que descobrimos é que, em muitos casos, as atmosferas primordiais eram perdidas em função da radiação intensa das estrelas, principalmente em planetas próximos delas”, observou Marit Mol Lous, pesquisadora da Universidade de Berna e de Zurique, e autora principal do estudo.

Já nos casos em que as atmosferas foram mantidas, eles notaram que as condições adequadas para a água líquida podem ocorrer. Isso apareceu principalmente nos casos em que calor geotérmico suficiente alcançava a superfície, de modo que a radiação de uma estrela como o Sol não era necessária para condições na superfície permitirem a existência da água em estado líquido. “Talvez, o mais importante é que nossos resultados mostram que essas condições podem persistir por longos períodos, até dezenas de bilhões de anos”, finalizou.

Os autores acreditam que, como a disponibilidade de água líquida é um requisito importante para a vida e esta provavelmente levou milhões de anos para surgir na Terra, isso pode expandir as possibilidades de busca por outras formas de vida. “Com base nos nossos resultados, a vida pode até emergir nos chamados ‘planetas errantes’, que não orbitam nenhuma estrela”, sugeriu Christoph Mordasini, coautor do estudo e professor da Universidade de Berna.

Mesmo assim, ele mantém a cautela. “Para planetas do tipo terem água líquida por tanto tempo, eles precisam da quantidade certa de atmosfera, e ainda não sabemos o quão comum isso é”, ressaltou. Além disso, também não está claro o quão provável é a vida surgir em um possível habitat tão exótico.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: Nature Astronomy; Via: Universidade de Berna