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A Via Láctea está cercada por gás "reciclado" do nascimento e morte de estrelas

Por| 20 de Outubro de 2020 às 15h45

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NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)
NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)
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Com dados coletados pelo pequeno satélite HaloSat, uma equipe de pesquisadores observou que nossa galáxia está trabalhando firme em um processo de reciclagem: a Via Láctea é cercada por um halo de gases quentes, que são alimentados pelo material que é ejetado durante o nascimento ou morte das estrelas, e pode guardar a resposta de um antigo mistério sobre a matéria bariônica ( todo o material composto principalmente de prótons, nêutrons e elétrons).

A descoberta vem de observações feitas pelo HaloSat, um satélite da classe dos CubeSats que tem tamanho de uma torradeira e foi lançado da Estação Espacial Internacional (ISS) em 2018. Pequeno e poderoso, os detectores de raios-X do HaloSat podem observar uma parte bem mais ampla do céu de uma só vez, o que os torna eficientes para medir o halo galáctico. O halo — ou meio circungaláctico (CGM) — é uma grande região de gás quente à volta de uma galáxia e, no caso da Via Láctea, foi a incubadora do nascimento dela. O CGM está presente em todas as galáxias, e é essencial para entendermos a evolução do universo.

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No estudo, os pesquisadores analisaram as emissões de raios-X da região e perceberam que o CGM parece com um disco. "As emissões de raios-X são mais fortes nas partes superiores da Via Láctea, onde a formação de estrelas é mais vigorosa", explica Philip Kaaret, autor correspondente do estudo e professor da Universidade de Iowa. “Isso sugere que o meio circungaláctico está relacionado à formação de estrelas, e é provável que estejamos vendo o gás que foi para a Via Láctea, produziu estrelas e agora está sendo reciclado lá”. Assim, o HaloSat vem observando essa região na Via Láctea em busca de evidências da matéria bariônica, que consiste nas partículas que compõem o mundo visível e que estavam perdidas desde o início do universo. Para procurá-la, Kareet e sua equipe tinham que descobrir as dimensões do meio circungaláctico.

Se ele fosse um halo grande, extenso e bem maior que a Via Láctea, o total de átomos ali poderia resolver o enigma. Por outro lado, se fosse uma camada fina de gás, significa que seria feito de material reciclado e não poderia ajudar muito na busca pela matéria bariônica. "O que fizemos foi mostrar definitivamente que existe uma parte de alta densidade do meio circungaláctico que brilha em raios-X", disse Kaaret. Mesmo assim, poderia haver um halo grande escondido nos raios-X, que poderia ser mais difícil de observar devido ao disco brilhante no caminho. "Só com o HaloSat, não podemos definir se esse halo estendido existe ou não".

Para o professor, era esperado que a geometria do CGM fosse mais uniforme, porque é nas áreas mais densas que as estrelas se formam e o material é trocado entre a Via Láctea e o halo. "Parece que a Via Láctea e as outras galáxias não são sistemas fechados, porque, na verdade, elas estão interagindo, emitindo materiais para o meio circungaláctico e trazendo materiais de volta", finaliza ele. Nos próximos passos, os dados do HaloSat serão combinados com dados de outros observatórios de raios-X para determinar se existe um halo estendido à volta da Via Láctea e calcular sua densidade para, quem sabe, solucionar o mistério da matéria bariônica. "Aqueles bárions perdidos têm que estar em algum lugar", finaliza Kaaret. "Eles estão em halos à volta de galáxias individuais, como a Via Láctea, ou estão em filamentos que se estendem entre as galáxias".

O estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

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Fonte: NASA