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A Lua está se afastando e pistas disso estão nas rochas da Terra

Por| Editado por Patricia Gnipper | 11 de Outubro de 2022 às 10h35

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goinyk/Envato
goinyk/Envato

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Utrecht e de Genebra, na Holanda e Suíça, respectivamente, investigou a distância entre a Lua e a Terra no passado por meio de antigas rochas na Austrália. Os cientistas já sabem que a Lua se afasta aproximadamente 3,8 cm da Terra a cada ano, mas ainda faltavam confirmações geológicas da evolução do sistema — principalmente no início da história do nosso planeta, quando as mudanças eram mais evidentes.

Para o estudo, os pesquisadores investigaram o passado da Lua a partir de sinais de antigas camadas rochosas na Terra. Eles se voltaram para o Parque Nacional Karijini, na Austrália, onde há desfiladeiros formados por sedimentos de 2,5 bilhões de anos, organizados em camadas de minerais de ferro e silicatos. No passado, estes minerais estavam no fundo do oceano, mas agora estão em algumas das áreas mais antigas da crosta terrestre.

No parque, há os penhascos expostos de Joffre Falls, que mostram camadas de formações de ferro avermelhadas, alternadas por formações mais escuras e menos espessas. Estes intervalos são formados por um tipo de rocha mais suave e mais suscetível à erosão. Pois bem, todas estas características chamaram a atenção de A.F. Trendall, geólogo australiano que se perguntou sobre a origem dos padrões observados nas rochas.

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Ele sugeriu que os padrões estariam relacionados a variações no clima, causadas pelos Ciclos de Milankovitch. Basicamente, eles descrevem como mudanças pequenas e periódicas na órbita da Terra e inclinação sobre seu eixo afetam a luz que incide em nosso planeta ao longo dos anos. No momento, os ciclos de Milankovitch dominantes mudam a cada 400 mil, 100 mil, 41 mil e 21 mil anos.

A frequência dos ciclos afeta também a distância entre a Terra e a Lua por meio do “ciclo de precessão climática”. Neste caso, ele ocorre a partir da mudança da orientação do eixo de rotação da Terra com o tempo, e dura aproximadamente 21 mil anos — contudo, é possível que durasse menos no passado, quando a Lua estava mais próxima da Terra.

Isso sugere que, se for possível identificar as assinaturas dos ciclos em antigos sedimentos, determinar o movimento de “oscilação” da Terra sobre seu próprio eixo e descobrir o período, é possível estimar a distância entre nosso planeta e a Lua, na época em que os sedimentos foram depositados. Ao analisar as formações de ferro na Austrália, eles descobriram que as rochas tinham sinais de várias escalas de variações cíclicas.

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Elas se repetem a intervalos de 10 a 85 cm e, ao combinar estas variações de espessura com a taxa de depósito dos sedimentos, os pesquisadores descobriram que as variações ocorreram a cada 11 mil e 100 mil anos. Portanto, a análise sugere que o ciclo de 11 mil anos observado nas rochas está provavelmente relacionado à precessão climática, e usaram a assinatura da precessão para calcular a distância entre a Terra e a Lua há 2,4 bilhões de anos.

No fim, a equipe descobriu que a Lua estava cerca de 60 mil km mais perto da Terra do que está hoje, e que os dias teriam apenas 17 horas. “Precisamos de outros dados confiáveis e novas iniciativas de modelagem para reconstituir a evolução da Lua ao longo do tempo”, disseram os autores. “Nossa equipe de pesquisa já começou a caçada pelo novo conjunto de rochas que pode nos ajudar a revelar novas pistas sobre a história do Sistema Solar”, finalizaram.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

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Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences; Via: The Conversation