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12P/Pons-Brooks: descubra como observar o "Cometa do Diabo"

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Março de 2024 às 17h50

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Comet Chasers/Students do St Mary's Primary School Bridgend
Comet Chasers/Students do St Mary's Primary School Bridgend

Nas próximas semanas, o cometa 12P/Pons-Brooks vai se aproximar do Sol e pode ser visível para moradores de algumas regiões do Brasil. Apelidado de "Cometa do Diabo", o corpo celeste pode ser observado com a ajuda de binóculos, embora sua natureza explosiva possa nos surpreender com espetáculos brilhantes.

Sobre o "Cometa do Diabo"

O cometa 12P/Pons-Brooks ganhou fama quando seu formato peculiar foi comparado à espaçonave Millenium Falcon, de Star Wars. Outros comparam a silhueta com chifres, o que acabou lhe conferindo o apelido de Cometa do Diabo.

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Mas por que ele ganha esse formato? Bem, não é sempre que o Pons-Brooks se parece com o “caipiroto”, mas apenas quando explosões ocorrem na superfície de seu núcleo. Ainda não se sabe ao certo a causa das explosões, mas os astrônomos suspeitam que uma fissura em sua superfície deixa escapar gases monóxido e dióxido de carbono à medida que o objeto se aproxima do Sol.

Então, cerca de 10 bilhões de quilos desses gases acumulados no interior do núcleo são ejetados junto com poeira e gelo para o espaço, às vezes com uma coloração esverdeada

Cometas desse tipo se formam nas regiões mais distantes do Sistema Solar, onde as temperaturas são extremamente baixas. Os astrônomos têm muito interesse nesses objetos porque, quando os criovulcões entram em erupção, os materiais expelidos podem ser “puros”, ou seja, completamente inalterados desde a formação do Sistema Solar.

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Os astrônomos conhecem o cometa Pons-Brooks desde 1812 e sua órbita já é bem conhecida. Trata-se de um objeto periódico, ou seja, passa pelo Sistema Solar para completar uma volta ao redor do Sol em períodos específicos, de maneira cíclica.

O Pons-Brooks será visível no Brasil?

No dia 21 abril, o cometa vai atingir o periélio (ponto de sua órbita em que mais se aproxima do Sol antes de voltar a se afastar), ficando mais próximo de nossa estrela do que a Terra. No entanto, ainda vai estar mais longe do Sol que o planeta Vênus.

Segundo Rodolfo Langhi, professor e doutor do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), câmpus de Bauru (SP), a época do periélio favorece mais os habitantes do hemisfério Norte, com poucas chances para boa observação no hemisfério Sul.

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Em resposta ao Canaltech, Langhi disse que "a partir do final de março e início de abril, este cometa passa a ser visível aos moradores do Norte e Nordeste do Brasil, ao anoitecer, mas bem próximo do horizonte oeste com magnitude 5 na constelação de Áries". A magnitude é uma escala do brilho aparente dos objetos do céu noturno; quanto menor o número de magnitude, maior o brilho.

As demais regiões do país vão poder tentar encontrar o cometa na segunda quinzena de abril, de acordo com Langhi, "mas imediatamente após o pôr do sol, dificultando sua observação". O brilho do objeto estará em magnitude 4.5, ligeiramente maior em comparação à semana anterior.

Em maio, ele atinge a constelação da Lebre (Lepus), explica o professor, " diminuindo seu brilho cada vez mais, e sempre próximo do horizonte Oeste ao anoitecer, o que significa que o cometa também logo se põe".

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Por fim, o professor informa que "a data de maior aproximação da Terra será em 2 de junho, numa distância de 1,54 UA (aproximadamente 231 milhões de km). Nesta data, o cometa pode ser visível na constelação de Lebre, imediatamente ao escurecer com um brilho em torno de 6,5 magnitudes".

Infelizmente, o Dr. Langhi afirma que não há chances de observarmos o "Cometa do Diabo" a olho nu em nosso país; apenas com o uso de binóculos. Portanto, se deseja encontrar o objeto no céu, certifique-se de contar com um bom par, preferencialmente com 50mm de abertura.

Estimativa de brilho

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A previsão da magnitude de brilho do cometa é baseada em observações já registradas, mas é difícil fazer essa estimativa porque cometas "são objetos altamente imprevisíveis", disse Langhi, "uma vez que seu brilho depende da dispersão da luz solar das partículas de poeira que o cometa solta junto com a água".

Esta poeira está continuamente afastando-se do núcleo do cometa e a sua densidade em qualquer momento específico é governada pela taxa de sublimação do gelo no núcleo do cometa, à medida que é aquecido pelos raios solares. Também depende da quantidade de poeira misturada ao gelo.

Outro fator que torna cometas imprevisíveis é que esses objetos "podem rachar e se desmembrar em pedaços devido ao aquecimento ao se aproximar do Sol". Isso aconteceu com o cometa C/2019 Y4 Atlas, em 2020. "Tudo isto é muito difícil de prever antecipadamente e pode ser altamente variável mesmo entre aparições sucessivas do mesmo cometa".

Como observar o cometa 12P/Pons-Brooks

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Apesar de todas as ressalvas, cometas são relativamente raros, então sempre vale a pena tentar observá-los. Para o 12P/Pons-Brooks, enfrentaremos dois desafios: a luz crepuscular logo após o pôr do Sol tingindo o céu de laranja, e a posição do objeto muito próxima do horizonte.

Independente da data e da localização do observador, o Pons-Brooks vai estar sempre no mesmo lado do pôr do Sol, então é lá que devemos procurar. Atenção: não olhe diretamente quando o Sol ainda estiver acima do horizonte, mesmo que prestes a se pôr. Isso pode prejudicar sua visão permanentemente.

À medida que nos aproximamos de maio, o cometa vai se deslocar para a esquerda do Sol, afastando-se novamente da área mais brilhante da luz crepuscular. A posição em relação ao horizonte continuará a mesma, mas o céu estará relativamente mais escuro. Em compensação, o brilho aparente do cometa também vai diminuir.

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As dicas do professor Langhi para observação de qualquer cometa são "procurar um lugar longe das luzes da cidade com céu bem estrelado, em noites que não tenha a luz do luar, apontar os binóculos para a região do céu indicada pelo mapa da localização da posição do cometa".

Para os que desejam arriscar uma fotografia com o celular, "talvez seja possível tentar uma imagem de grande campo se a luz do crepúsculo vespertino não ofuscar o cometa". Contudo, uma câmera DSLR tem "mais chances de fotografá-lo, principalmente se ela estiver conectada a uma teleobjetiva ou telescópio".

Fonte: In-The-Sky.org