Crítica Loki | Episódio 2 prepara o terreno para o caos
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
O primeiro episódio de Loki foi basicamente uma aula de cursinho pré-vestibular. Em meio às piadinhas e comentários engraçadinhos do seu professor, a estreia da série do Deus da Mentira foi um preparativo para o público entender todos os novos conceitos que a Marvel prepara para seu Universo Cinematográfico (o MCU, na sigla em inglês). Agora, com o segundo episódio já disponível no Disney+, é hora de colocar tudo isso em prática.
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Atenção! A partir daqui este texto pode conter spoilers!
Depois de descobrirmos que é uma versão alternativa do próprio Loki que está por trás dos ataques a agentes da Autoridade de Variância Temporal (TVA, na sigla em inglês), vemos o que acontece quando alguém brinca com a Linha do Tempo Sagrada e o que é preciso fazer para impedir que o caos tome conta da existência. Todo o episódio é centrado nessa caça à variante e, principalmente, em tentar entender como ela pensa para poder encontrá-la.
É nesse ponto que a Variante pisa um pouco no freio, diminuindo um pouco o ritmo da estreia. Não é nada prejudicial, já que a série precisa desse respiro para fazer as suas peças moverem pelo tabuleiro. Levando em conta que Loki vai ter apenas seis capítulos, é vital que a história tenha tempo para seguir em frente.
Só que, ao mesmo tempo em que passa a preparar o terreno, o episódio segue explorando muito bem a personalidade de Loki. Vale lembrar que estamos falando de uma versão do personagem de 2012, quando ele era ainda mais vilão do que anti-herói, e essas idas e vindas da sua personalidade criam uma complexidade que é melhor explorada aqui. Afinal, ele está jogando ou sendo controlado nessa trama toda? Nem ele próprio sabe dizer.
Ao mesmo tempo, o roteiro pesa um pouco a mão nessa dubiedade do caráter do Deus da Mentira. Por mais que essa característica seja o charme do personagem, é cansativo vê-lo discursar sobre um plano que não vai dar em lugar nenhum quando a gente quer ver a história avançar. A missão inicial na Feira Renascentista é um bom exemplo disso, no qual cria-se um senso de urgência que é interrompido por um Loki que chega a ser ingênuo.
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Ainda assim, a sua relação com a TVA segue sendo a melhor coisa da série, principalmente em seus confrontos com Mobius — o que pode, inclusive, já dar dicas sobre o que podemos esperar para os episódios finais. De um lado, um “Deus” que se vê como o grande manipulador, mas que tem dificuldade de acompanhar os agentes do tempo; do outro, alguém que tem as suas crenças questionadas por quem julga como um grande cretino cósmico.
E tudo isso aponta para o caos logo à frente, bem ao estilo Loki de ser. Ainda que de maneira muito tímida, o capítulo estabelece qual vai ser o grande desafio da série — e é aí que todos aqueles conceitos que a gente viu se tornam importantes —, seja brincando com o interesse do personagem em conhecer os Guardiões do Tempo ou quando ele planta a dúvida na cabeça de Mobius.
É por isso que a tal grande revelação (e que você certamente já levou spoiler) não é tão relevante assim. Mais importante do que quem é quem é o plano por trás de tudo e as consequências das ações da variante para o multiverso como um todo — ou seja, para o futuro do Universo Cinematográfico.
Se a gente passou semanas teorizando em cima de realidades alternativas e da loucura da Feiticeira Escarlate em Wandavision, o que realmente acontece aqui em Loki é algo que pode ter um peso enorme para as próximas produções. Sabemos que ainda devemos ver o Deus da Mentira viajando por diferentes realidades para (aparentemente) resolver essa bagunça no multiverso, mas a bagunça já foi feita. Como somente Loki pode fazer, o caos foi plantado.
O segundo episódio de Loki já está disponível no catálogo do Disney+.