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Free Guy | O que esperar do novo filme com Ryan Reynolds?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/20th Century Studios
Divulgação/20th Century Studios

Para quem joga videogame, boa parte dos NPCs são quase invisíveis. São aqueles personagens que estão ali apenas para povoar o mundo e dar uma sensação de realidade. É o pedestre de GTA que toca sua vida normalmente enquanto você rouba carros, explode coisas ou sai queimando tudo em seu caminho. E a proposta de Free Guy: Assumindo o Controle é justamente trazer o protagonismo para um desses zé-ninguéns dos jogos.

Essa mudança de holofotes acontece na figura de Guy, um desses personagens que vive sua vidinha comum como bancário dentro de Free City, um jogo ao estilo da franquia Grand Theft Auto, até ser confrontado com a realidade e tomar consciência de sua condição. A partir disso, ele passa a questionar sua própria programação e vai lutar para mudar o mundo à sua volta. Basicamente, uma mistura inesperada de Matrix com Westworld, para dizer o mínimo.

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Justamente por essa combinação improvável é que Free Guy vem chamando a atenção em todo o mundo. Nas exibições-teste e nas cabines de imprensa internacionais, as primeiras impressões foram bastante positivas principalmente pelo clima leve da história e pelo modo com que ele brinca com a estrutura dos videogames. E mesmo sendo uma espécie de adaptação não-oficial de GTA e congêneres, ele vem sendo apontado com um dos melhores filmes de jogos dos últimos anos.

Previsto inicialmente para estrear em julho de 2020, ele foi um dos diversos longas que tiveram seu lançamento prejudicado pela pandemia da COVID-19 e chega aos cinemas somente agora, no próximo dia 19 de agosto. Mas será que a espera vai valer a pena?

Bem-vindo à Free City

Antes de qualquer coisa, é preciso saber primeiro do que se trata Free Guy: Assumindo o Controle. Esse despertar da consciência do NPC é apenas o ponto de partida de uma história muito maior que se desenrola tanto dentro quanto fora do game — e é nesse vai-e-vem que o filme busca dialogar com todo o universo dos jogos, seja com os jogadores ou mesmo com a indústria e seus desenvolvedores.

E tudo começa justamente com uma megacorporação querendo desligar os servidores do jogo para poder lançar a sua sequência. O problema é que a criadora do jogo, Millie Rusk (Jodie Comer), não aceita essa estratégia predatória da empresa em cima do mundo que ela ajudou a criar e decide sabotar o game alterando o comportamento de seus personagens para estragar a experiência dos jogadores e, assim, inviabilizar o novo lançamento.

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Só que isso não é feito mexendo na programação ou coisa parecida, mas com ela entrando no jogo e despertando os NPCs manualmente a partir de um óculos que permite que esses personagens vejam os códigos que regem aquela realidade — e Guy é o escolhido para dar início a essa revolução. Guardadas as devidas proporções, é como Trinity puxando Neo para fora da Matrix, mas um pouco mais galhofa.

É a partir daí que a ação de Free Guy: Assumindo o Controle se desenrola. Isso porque Guy e Motolovgirl — a avatar de Millie — se tornam um problema para a empresa e, por isso, passam a ser caçados como um bug que precisa ser corrigido. Assim, a dupla de heróis precisa fugir ao mesmo tempo que tentam fazer com que mais NPCs acordem.

Em um jogo, mas não sobre ele

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Só que, apesar de toda a temática gamer, o elenco do filme não quer associá-lo ao gênero e nem tratá-lo como uma adaptação, ainda que não-oficial. “Eu realmente não acho que Free Guy é um filme de videogame. É como dizer que Titanic é um filme sobre barcos”, apontou o ator Ryan Reynolds, o protagonista de Assumindo o Controle,em coletiva de imprensa à qual o Canaltech participou. Para ele, apesar de todo mundo apontar essa característica para o filme, a história do longa é maior do que apenas essas referências e é disso que a jornada de Guy fala.

O personagem vivido por Reynolds é alguém otimista e até mesmo ingênuo, que não vê problemas na loucura causada pelos jogadores em seu mundo e que, mesmo descobrindo que vive em uma realidade artificial, ele segue querendo fazer o que acha certo. Assim, para o eterno Deadpool, Free Guy é muito mais sobre esse otimismo e sobre sair de sua “zona de programação” do que apenas um apanhado de conexões com os jogos.

Para o diretor Shawn Levy, essa leveza que o mundo de Guy oferece é algo de que o nosso mundo precisa. “Esse é um filme que é como um antídoto para o momento que estamos vivendo. Ele é sobre esperança e a preservação de uma inocência em meio a um mundo muito cínico”, aponta.

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É por isso que ele diz ter optado por apenas se basear na estética do jogo ao invés de fazer uma adaptação mais fiel — que é o que muita gente podia esperar de um filme assim. “Era muito importante a gente representar o mundo de um jogo e toda a cultura gamer envolvida, mas era mais importante ainda a gente não ter nenhuma influência desses jogos”, explicou Levy durante a conferência. Segundo ele, somente com essa liberdade de ser algo original e livre as amarras das adaptações é que era possível contar a história que a equipe queria levar às telas.

Por isso, não espere nada muito profundo em termos de referências. Por mais que as comparações com GTA seja inevitáveis, Free Guy: Assumindo o Controle apenas se inspira nesse mundo de jogos para contar uma história própria e com uma tônica bem diferente do caos que jogos de mundo aberto proporcionam. O videogame, no caso, é apenas o ponto de partida, como a gente já viu antes em Pixels, por exemplo.

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Isso não quer dizer, porém, que o filme não traga algumas brincadeiras com a linguagem dos jogos, criando situações que são familiares a qualquer tipo de jogador, como o uso das paredes invisíveis para impedir que os personagens avancem por uma área específica ou mesmo a movimentação de games em primeira pessoa, que é bastante característica e é referenciada no filme. Isso sem falar de outros easter eggs. “Para quem cresceu com Marvel, Star Wars e videogames, se prepare”, promete o ator Utkarsh Ambudkar, que vive o personagem Mouser, um dos programadores que passa a caçar os heróis em Free City.

E há o fato de que parte do próprio elenco também tem familiaridade com o universo dos jogos. Embora alguns confessem não curtirem tanto assim a Décima Arte, atores como o próprio Ambudkar dizem adorar o universo dos games e que parte dessa paixão foi levada para as telas em Free Guy. “Como alguém que passou horas em jogos como Fortnite, o mundo que criamos aqui é muito verdadeiro e os jogadores vão gostar muito do que vão encontrar no filme”.