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Invincible | Canaltech fala com Kirkman, Jacobs e Beetz sobre animação da Amazon

Por| 22 de Março de 2021 às 12h11

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Montagem/Canaltech
Montagem/Canaltech

Invincible é um dos personagens que ajudou a moldar uma nova safra de quadrinhos no desgastado mercado de quadrinhos do começo dos anos 2000. Sua popularidade abriu portas para que o criador, Robert Kirkman, emplacasse a série mensal The Walking Dead, que viria a se tornar um sucesso na cultura pop; e ajudou a reerguer a Image Comics e a consolidá-la como a terceira maior editora de HQs dos Estados Unidos.

O herói, que pode ser descrito como uma combinação do Superman com o Homem-Aranha em algo novo, trouxe de volta a diversão e pureza da Era de Ouro de Quadrinhos com violência gráfica e muitas referências atualizadas para a virada dos anos 2000 — época em que filmes que abusavam de sangues e miolos voando, a exemplo de Pulp Fiction - Tempos de Violência e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, faziam sucesso por banalizar a ultraviolência em propostas de humor ácido.

Invincible é o alter-ego de Mark Grayson, um adolescente de 17 anos que é filho de uma asiático-americana e de um poderoso alienígena da raça Viltrumite, conhecido na Terra como Omni-Man. Grayson precisa lidar com a vida cotidiana no colegial e seu flerte com Amber Bennett, enquanto conhece outros superseres, a exemplo de Samantha “Atom” Eve, com que aprende a usar melhor seus poderes e inicia um romance — formando um triângulo com Bennett.

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E a trama segue por esse caminho, enquanto mostra vários outros seres superpoderosos e a formação de uma nova equipe de super-heróis; invasões alienígenas e vilões com habilidades para lá de inventivas. Tudo parece algo que já lemos, mas com um frescor bem-vindo para o gênero, com personagens carismáticos; e que têm tudo para se relacionar com a audiência mais jovem.

A adaptação para outra mídia finalmente chegou e o Amazon Prime Video estreia nesta sexta-feira (26) a primeira temporada animada de Invincible, que desembarca na plataforma de streaming com muita fidelidade ao material original — afinal, o próprio Kirkman está envolvido de perto com essa conversão para as telinhas.

E, antes da estreia, o Amazon Studios disponibilizou uma entrevista coletiva virtual com vários jornalistas e veículos de todo o mundo, inclusive o Canaltech, em sessões no Zoom, com o criador Robert Kirkman e as atrizes Gillian Jacobs (Love, Community) e Zazie Beetz (Deadpool 2, Coringa), que dublam as personagens Samantha “Atom” Eve e Amber Bennett.

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Kirkman fala sobre a diferença entre Invincible e The Walking Dead

Realizar um projeto sobre super-heróis é bem diferente do que lidar com aspectos muito mais realistas de pessoas em situações limítrofes, a exemplo do que propõe The Walking Dead. E como é para Robert Kirkman produzir duas coisas tão distintas? “Acho que super-heróis são algo que você conhece crescendo como um fã de quadrinhos. Isso é algo que eu tenho, uma empolgação sem fim por isso, e é ótimo estar fazendo algo um pouco diferente daqueles outros programas [The Walking Dead e Outcast, duas adaptações de terror do autor]. Isso exercita a outra metade do meu cérebro e posso contar histórias completamente diferentes. Embora ainda seja um tanto quanto sombrio e dramático, há um maior senso de diversão e aventura”, diz.

A estrutura narrativa da animação de Invincible, embora pareça semelhante a dos quadrinhos, precisou mudar para que o autor pudesse contar essa mesma história em outra mídia. E como foi esse processo? “Acho que a maior diferença é que temos esse formato de uma hora. Portanto, cada episódio de Invincible dura essencialmente uma hora. Isso nos permite injetar mais drama e nuances aos personagens em cada história”, afirma.

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“Na animação podemos expandir muitas coisas diferentes estabelecidas na série de quadrinhos, mas com emoções um pouco mais intensas. Também estamos trabalhando com o melhor elenco que já existiu na televisão; e ver esses personagens retratados esses talentos incríveis adiciona um peso maior à história, o que acho que pode tornar a adaptação muito mais impactante do que na forma de quadrinhos”, afirmou Kirkman.

E ele tem razão ao falar dos atores: Invincible conta com um elenco invejável, com a participação de Steven Yeaun (The Walking Dead), J. K. Simmons (Homem-Aranha), Mark Hamill (Star Wars), Seth Rogen (Ligeiramente Grávidos), as já citadas Gillian Jacobs e Zazie Beetz, Sandra Oh (Grey’s Anatomy), Jason Mantzoukas (The League), Zachary Quinto (Star Trek), Marhershala Ali (Green Book: O Guia), Ezra Miller (Liga da Justiça), Djimon Hounsou (Guardiões da Galáxia), Jon Hamm (Mad Men), entre outros.

Kirkman destacou que, assim como aconteceu com The Walking Dead, deveremos ver diferentes decisões relacionadas aos arcos originais dos quadrinhos — o que é uma boa, já que os leitores também podem ver algo novo, mesmo para algo que já conhecem. Além disso, a série deve investir mais no drama e no romance, que são coisas que os atores realmente podem acrescentar aos personagens de papel; e deveremos ver a evolução das histórias individuais, algo que faz sucesso no material impresso.

“O Batman nunca vai realmente progredir, no tanto quanto você poderia ao longo da vida de muitos anos de uma série. Já Invincible passa por uma jornada insana ao longo de sua história e ele é uma pessoa muito diferente no final da história, se comparada com o começo”, comenta Kirkman. Vale destacar que Invincible teve começo, meio e fim, ao longo de 144 edições, publicada em 15 anos, entre 2003 e 2018.

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E, assim como The Walking Dead, Invincible trata bastante de questões familiares, especialmente entre Mark e seu pai, o poderoso Omini-Man. “Sou um pai e um filho, tenho familiaridade sobre isso e, como escritor, é bom recorrer às minhas próprias experiências. Além disso, tudo o que se resume à família acho que torna minhas histórias mais universais, porque todo mundo, de alguma forma, tem uma família em suas vidas, o que torna tudo mais relacionável. Ver sua mãe e seu pai brigando quando criança é um tanto traumático, ainda mais se um deles for super-herói”, afirma.

“Isso nos permite, acho, brincar com as emoções do público de uma forma mais real. Quero dizer, o que todos nós estamos tentando fazer no campo criativo é mover as pessoas e dialogar com elas, tentar explorar essas emoções para entretê-las. E acho que, quanto mais relacionável é a história, mais fácil é fazer isso.”

Gillian Jacobs e Zazie Beetz dizem por que gostam tanto de Invincible

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Samantha “Atom” Eve, uma adolescente que estuda com Mark e que o ajuda a controlar seus poderes, ao descobrir que o rapaz é Invincible. Ela já é parte de um grupo de heróis e tem razoável conhecimento sobre suas próprias habilidades, que envolve a manipulação de matéria no nível subatômico — o que inicialmente se traduz em construtos, gerados como redomas de proteção ou lanças para serem atiradas contra os inimigos, por exemplo.

Ela começa a se interessar mais por Mark, e descobre que ele já possui o início de um romance em sua vida, pela também estudante Amber Bennett, que, diferente de ambos os dois citados acima, não possui poderes. Ela funciona como uma “âncora narrativa” aos problemas mais “comuns”, em torno de relacionamentos. Vale destacar que, originalmente, Bennett era loira e branca; na adaptação, ela agora é caracterizada como negra — uma mudança bem-vinda, que reflete melhor a atual busca por maior representatividade e diversidade no entretenimento.

“Eu realmente amei como essa história foi fundamentada. Acho que obviamente há coisas fantásticas acontecendo os super-heróis. Mas, na verdade, eles são só como adolescentes com superpoderes. E eu penso em imaginar o que isso significa e as emoções que vêm junto com isso, como você ter 16 anos e ter a pressão do público por ter que salvar o mundo”, comentou Beetz, ao falar sobre o que mais a atrai em Invincible.

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“Como isso afeta as famílias e como isso afeta as amizades? Você conta para as pessoas na escola ou não? Como é a morte e como você lida com isso aos 16, 17 anos? Você pode ter que matar alguém pelo bem do mundo. Fui atraída pelo realismo de como essa história em quadrinhos é”, acrescentou Beetz.

Um dos aspectos que Beetz destaca é justamente o fato de Bennett ser “uma pessoa comum” entre tantos superseres com poderes fantásticos. “Como eles [superseres] interagem? Você se sente inferior ou se sente igual em caráter e valor só porque não tem superpoderes? Mesmo que você não tenha superpoderes, você pode fazer o bem no mundo. E eu acho que isso é o que Amber representa na animação.”

Jacobs concorda. “Acho que [Invincible é bom] por todas as razões que você [Beetz] acabou de listar; e também pelos roteiros, que são muito bons, engraçados, surpreendentes e dramáticos. Simplesmente achei tudo muito bem escrito e gostei de ler os scripts. Ele são divertidos de atuar e me diverti bastante atuando com minha voz.”

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Atrizes opinam sobre a onda de adaptações de super-heróis

Jacobs teve sua experiência mais próxima com quadrinhos recentemente, ao dirigir um dos episódios da série documental 616, do Disney+; e Beetz foi a heroína (às vezes vilã) Dominó em Deadpool 2. Além disso, esta teve uma participação importante no filme do Coringa. “Acho que tenho sorte de estar em três universos tão diferentes um do outro. Se eu comparar Deadpool ao Coringa, haverão diferenças óbvias aí. E acho que até mesmo o tom de Invincible é diferente de Deadpool e Coringa”, comenta Beetz.

“E acho que tem sido muito divertido para mim, ler e aprender mais; envolver-me com nesses mundos e me conectar com esses personagens. No geral, sinto que posso realmente me identificar com Mark e com seus sentimentos: de perguntar a que lugar ele pertence, em sua família e tudo que envolve adquirir poderes significa para si mesmo”, complementa a atriz.

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E será que essa onda de super-heróis no entretenimento, a qual Invincible também surfa de outra maneira agora, vai acabar algum dia? “Os quadrinhos têm uma base de fãs tão fervorosa. E espero que as pessoas sintam que isso se reflete na animação. Os super-super-heróis têm um poder real e duradouro na narrativa. Portanto, não vejo um fim à vista”, projeta Jacobs.

“Essas histórias já existem há décadas e acho que vão durar mais outras décadas, porque são apenas histórias sobre humanos, pessoas, embaladas de uma maneira diferente. Acho que crianças e adultos, todos temos sentimentos e emoções ampliados [em produções do entretenimento]. E os super-heróis, essencialmente, representam isso”, complementa Beetz.

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Invincible estreia nesta sexta-feira (26), com os capítulos da primeira temporada disponíveis no Amazon Prime Video.