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Crítica | The Mandalorian termina 2ª temporada como o melhor Star Wars recente

Por| 21 de Dezembro de 2020 às 20h30

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Disney
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Depois dos últimos dois filmes, que encerram a trilogia mais recente, teve muita gente que já estava começando a desistir de Star Wars. Até que uma série nova do Disney+, The Mandalorian, apareceu em 2019 com uma proposta interessante: um faroeste espacial independente da trama dos Skywalker, em arcos mais contidos, mas cheios de referências ao universo da franquia. A experiência deu certo e eis que, no final da segunda temporada, dá para cravar que é a melhor história de Star Wars desde a trilogia original dos anos 1980.

Antes de mais nada, é preciso lembrar que é fácil gostar de Star Wars. Em meio a uma tragédia greco-romana (o filho que desafia o pai, a família que briga, etc), há elementos do western estadunidense (sempre há um pistoleiro carismático e misterioso, nos moldes de Han Solo) e do Japão feudal (os Jedi seriam como samurais cósmicos). Ou seja, você tem aí componentes do Oriente e Ocidente, misturados com mitologia clássica e embalados na forma de uma ópera espacial.

The Mandalorian empresta um pouco de tudo o que deu certo e manteve a linha de faroeste espacial com diferentes tonalidades ao longo de sua primeira temporada. O período em que se passa o enredo, em uma época que tanto o Império quanto a República estão se reconstruindo, apresenta diversas localidades marginais da galáxia, sem amplas diretrizes para regê-las. E é nesse cenário “sem lei” que acontece o seriado.

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O showrunner Jon Favreau foi consistente com sua proposta, especialmente com a ajuda dos diretores envolvidos. Vamos saber mais sobre isso e, a partir desde trecho, fica o aviso para spoilers sobre ambos os anos da atração do Disney+. Siga por sua conta e risco!

No primeiro ano, vimos como Din Djarin (Pedro Pascal), um caçador de recompensas mandaloriano, falha em uma missão contratada ao deixar de entregar sua carga: uma criança especial, parecida com um certo mestre Jedi, o que levou os fãs a batizarem de Baby Yoda. Ao longo de todo o primeiro ano, ficamos sabendo que A Criança, como inicialmente é chamada, atrai a atenção especial de Moff Gideon, um dos senhores de guerra remanescentes do Império.

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A segunda temporada aparentemente já começa com Djarin e Grogu, como é revelado o nome d’A Criança, há alguns anos na estrada. Mando segue em busca da raça do Baby Yoda, ou alguém que possa ajudá-los a encontrar seu povo. E tudo converge para um inesperado final, que arrancou lágrimas dos maiores fãs da saga.

Expansão do universo de Star Wars

Quando sua série chama muita atenção inesperada e o estúdio dá sinal verde para você fazer o que quiser, qual é o melhor ganho com isso tudo? Dinheiro para produção. Com isso, Jon Fravreau pôde manter sua proposta de faroeste com road movie, permitindo ampliar os próprios elementos da mitologia da saga, assim como as possibilidades de narrativas no novo cânone — isso vem sendo feito com mais frequência em livros, games e histórias em quadrinhos; mas os novos filmes e séries também têm esse papel.

Uma das maiores diferenças entre Star Trek e Star Wars é que o primeiro sempre teve estruturas, naves, armas, sociedades e culturas, biologia e ciência, entre outras coisas, explicados como muito mais detalhes e verossimilhança. Como a Disney vem tentando equilibrar as coisas ao “povoar” melhor seu universo e preencher mais lacunas, a proposta de Favreau cai como uma luva.

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Na segunda temporada, todos os efeitos especiais, trilhas e número de naves, armas e criaturas foram ampliados. Logo no primeiro capítulo, vemos como se comporta um local onde a comunidade não sabe exatamente a quem seguir, já que o Império caiu e a Aliança Rebelde está começando a se reunir como Nova República. No terceiro episódio, ficamos sabendo mais sobre a cultura mandaloriana e conhecemos um dos portos marginais da galáxia, assim como detalhes sobre uma raça de sapos.

No quarto, vemos a nave Razor Crest precisar de reparos e a dupla de protagonistas ir parar em Nevarro, que se tornou um centro de negócios, graças às leis impostas por Cara Dune (Gina Carano). Já no quinto, observamos as florestas densas do planeta Corvus, em que a cidade murada de Calodan é governada pelos pulsos firmes de uma magistrada imperial que possui um incrível lança de puro Beskar, um dos metais mais poderosos e raros de Star Wars.

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Como dá para notar, apenas em algumas rápidas descrições, há muitas novidades fora de Coruscant, Dagobah, Naboo, Tatooine ou de assuntos limitados a droides. Nos anos 1980, muitas das invenções de George Lucas ficaram em segundo plano ou fora de Star Wars por conta de limitações técnicas, de efeitos especiais ou por falta de verba mesmo. Portanto, trazer para a franquia o que não era possível na época é algo que as novas produções têm mesmo que fazer: e The Mandalorian cumpre isso de forma ainda mais completa em sua segunda temporada.

Diretores mantiveram diferentes tonalidades

O projeto de The Mandalorian pode ser considerado ousado. Na época em que ele foi proposto, a Disney estava preocupada com os rumos da franquia no cinema e procurava por um novo hit. A ideia seria apostar em algo mais tradicional, já que as novidades apresentadas para a audiência no cinema não estavam dando certo. Então, havia o interesse de algo relacionado a Boba Fett, um personagem favorito dos fãs.

Repentinamente, esse projeto foi cancelado (falaremos mais sobre isso abaixo), para dar lugar a The Mandalorian: uma série que, mesmo em desenvolvimento, não revelava muitos detalhes, e nem parecia estar realmente dando certo; era sobre um personagem desconhecido e teria uma lista incomum de diretores para cada capítulo.

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Escalar diferentes cineastas para episódios de uma série é algo comum na indústria, mas, normalmente, o showrunner seleciona um diretor principal de mais peso, que dá “o tom e a cara” da atração — para só, então, estipular alguns auxiliares para conduzir a trama. No caso de The Mandalorian, Favreau decidiu apostar em nomes certeiros para cada capítulo em específico — você pode ver mais sobre isso no documentário Disney Gallery: The Mandalorian, também disponível no Disney+.

Assim, no primeiro ano, tivemos uma das partes em que um grupo de renegados invade uma nave e o clima de tensão nos lembra muito o horror sci-fi de Aliens sob o comando de Rick Famuyiwa; enquanto isso, na segunda temporada, vemos no capítulo final uma incrível invasão a um Cruzador Imperial, com um especialista nesse tipo de gravação: Peyton Reed, diretor de Homem-Formiga e Homem-Formiga e a Vespa, que, basicamente, têm suas sequências de ação compostas por… invasões. As histórias foram escritas por Favreau, Dave Filoni, Rick Famuyiwa e Christopher Yost sob medida, com cada diretor em mente para o projeto.

Desta forma, os cineastas puderam criar um trabalho conjunto consistente, mas com liberdade para alterar a tonalidade de cada episódio, para mostrar uma das diferentes facetas de seu protagonista. Isso tornou Din Djarin um personagem mais complexo e tridimensional, assim como agregou possibilidades de narrativa ao universo de Star Wars.

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E, claro, Din Djarin e Grogu mantiveram suas homenagens aos mangás sobre Itto Ogami e Daigoro. A proposta é a mesma: você não lê Lobo Solitário para saber se Ogami vai vencer, mas sim como ele vai fazer isso. Normalmente, Ogami encontrava soluções inventivas para seus combates; e em The Mandalorian vemos algo bem semelhante — além da interessante dinâmica pai e filho, claro.

Participações especiais foram "cereja no bolo" do segundo ano

Bem, e aqui ficam o ponto alto da segunda temporada. Embora todos os capítulos sejam bem divertidos, as presenças de atores e personagens de destaque, tanto na cultura pop quanto no próprio cânone da franquia, foram essenciais para o sucesso da trama. No primeiro episódio já temos um xerife interpretado por Timothy Olyphant, rosto conhecido, de filmes como Vamos Nessa e Deadwood à série Santa Clarita Diet.

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No final da estreia do segundo ano, já temos a presença de Temuera Morrison, repetindo o papel de Boba Fett (mais uma vez, daqui a pouco falamos sobre isso). A ex-campeã de luta livre Sasha Banks dá as caras como uma madaloriana no terceiro episódio, assim como Katee Sackhoff, que repete nas telonas a personagem Bo-Katan Kryze, a quem dubla nas animações de The Clone Wars.

Rosario Dawson aparece como Ahsoka Tano, uma das guerreiras Jedi mais prestigiadas na nova geração de Star Wars, também destaque em The Clone Wars. A tiracolo, ela traz menções ao General Thrawn, que, embora não dê as caras na trama, deve ser o grande vilão da própria série que a personagem vai ganhar — o primeiro derivado confirmado de The Mandalorian.

Nesse mesmo capítulo, ainda temos as participações de Diana Lee Inosanto, conhecida por ser diretora e especializada em artes marciais; e Michael Biehn, famoso pelos papeis nos hits oitentistas Aliens — O Resgate e O Exterminador do Futuro. E, claro, para completar temos Mark Hammil, mais uma vez na pele de Luke Skywalker, aqui possivelmente como o mais poderoso Jedi vivo no período.

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Aliás, sua participação deixa muitas dúvidas sobre o que acontece com Grogu, já que ele não é mencionado na nova trilogia dos cinemas.

The Mandalorian seria originalmente sobre Boba Fett 

Para completar, nas cenas pós-créditos vemos a revelação do terceiro derivado de The Mandalorian. Além de Ahsoka Tano e Rangers of the New Republic, a Disney terá também The Book of Boba Fett, uma trama, espera-se, baseada no que aconteceu com o mais famoso mercenário da franquia desde sua primeira aparição nos anos 1980.

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E aí temos a resposta sobre o que aconteceu com o projeto inicial. Em vez de um filme ou série sobre Boba Fett, a Disney decidiu mesclar os projetos com o que Favreau tinha em mente para The Mandalorian. Assim, a atração serviu para contar aspectos sobre Mandalore, como uma introdução ao que poderemos ver em Boba Fett.

E, com isso, The Mandalorian encerrou seu arco inicial com méritos, como a melhor trama da franquia desde sua trilogia original. A produção da terceira temporada, de acordo com Favreau, inicia somente em 2022; até lá teremos a trama envolvendo Boba Fett, em dezembro de 2021. E, desde já, Djarin e Grogu deixam saudades e os fãs se perguntam se um dia poderemos vê-los juntos novamente em uma futura história, em uma galáxia muito, muito distante...