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Crítica | Pesadelo nas Alturas não inova e faz má aterrissagem

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Abril de 2021 às 16h15

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STX Entertainment
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Há uma entrega mórbida do público quando se trata de filmes e produções de tragédia. A série Lost, por exemplo, que acompanhava a dura realidade de um grupo de passageiros numa ilha no meio do oceano após um acidente aéreo acabou tornando-se um verdadeiro fenômeno da cultura pop nos anos 2000; isso porque, por mais que a atmosfera de mistério não tenha demorado tanto para cair sobre a trama, havia um interesse genuíno da audiência ao querer respostas ao "o que vai acontecer com eles?", deixado pelo episódio piloto.

Horizon Line, que foi traduzido para Pesadelo nas Alturas, o novo filme distribuído pelo Amazon Prime Video no Brasil, também tenta fisgar seu público pela curiosidade que tramas de catástrofes oferecem. Porém, diferente não só de Lost, como também de outros filmes de acidentes, como Sully: O Herói do Rio Hudson, Sem Escalas, O Voo, Náufrago e até mesmo Velocidade Máxima (que também viaja pelo enredo de sobrevivência em meios de transporte), a produção estrelada por Allison Williams, de Corra!, arma seu próprio acidente e faz uma aterrissagem trágica e pouco comovente.

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Atenção! A partir daqui o texto pode conter spoilers. Leia por sua conta e risco.

Sara (Williams) é uma jovem que está prestes a casar uma de suas melhores amigas numa lindíssima ilha tropical. Tranquilamente solteira e sem buscar um relacionamento sério, a protagonista conhece um rapaz atraente pouco antes da viagem, mas deixa o envolvimento durar apenas uma noite e segue com seus planos. No dia, ela acaba se atrasando para a cerimônia e pega carona em um avião particular de um velho amigo, mas as coisas acabam não saindo como o esperado durante o voo.

Apesar de haver uma dedicação nítida tanto de Allison quanto de Alexander Dreymon (que interpreta o galã Jackson) para fazer o filme acontecer, é impossível afirmar que a dupla de atores consegue sustentar o fraco roteiro o tempo todo. Pesadelo nas Alturas possui boas intenções, mas está tão esforçado a fazer com que o público compre suas ideias que se perde em sua proposta sozinho.

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Apesar de oferecer um deleite visual com o cenário tropical e atmosfera praiana, o filme trata seus elementos com muita pressa de entregar ao espectador o ápice da aventura, o que afeta diretamente na construção de seus personagens e ordem de acontecimentos da história. O filme começa esclarecendo que Sara e Jackson acabaram de se conhecer e se envolver, mas a protagonista claramente possui dificuldades em se comprometer afetivamente e se despedir, o que a leva a abandonar seus parceiros logo no dia seguinte.

A personagem em nenhum momento tem essa característica explorada na história, embora lhe rendesse camadas interessantes e problemáticas válidas de serem trazidas para a tela. Sara lida de diferentes maneiras com as pessoas em sua volta: tanto no relacionamento com Jackson, que acontece depressa e sem muitas explicações; quanto com o piloto Wyman (Keith David), que sofre um ataque cardíaco no meio da viagem e falece no avião. Há um intuito de tornar a protagonista a heroína da história, mas o pouco desenvolvimento a impede de esboçar emoções nesses momentos de grande impacto, o que acabam tornando toda a experiência no mínimo desinteressante.

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Pesadelo nas Alturas não se trata de um filme de romance, e isso é fato. Porém, existe um interesse em tratar a relação de Jackson e Sara em paralelo para que o beijo nos minutos finais ao menos emocione e dê a sensação de missão cumprida. Todavia, a construção e desenvolvimento do casal é fraca e nada atrativa; mesmo nas mais agoniantes cenas de ação, a falta de química entre os protagonistas cai por terra e não empolga o espectador.

Quanto à trama principal, percebe-se um estudo sobre os filmes já mencionados no início da crítica para estabelecer as ordens dos acontecimentos, mas até mesmo tragédias possuem seus clichês: tempestades no meio do caminho, improvisos dado à ausência do piloto e falta de combustível, se colocados em um ranking, com certeza seriam os obstáculos mais comuns de se ver nesses tipos de filme. E Pesadelo nas Alturas, por sua vez, gabarita todas as mesmices do gênero.

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O frustrante é que nada aqui empolga. A trama inconsistente e confusa consigo mesma tropeça várias vezes e perde o foco de seu objetivo principal — se é que de fato existe um. A duração de 90 minutos até ajuda por não tornar a experiência longa e maçante, mas após os créditos rolarem a experiência será pouco interessante e medíocre, caindo no esquecimento do público em questão de dias.

Pesadelo nas Alturas está disponível no Amazon Prime Video.