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Crítica | Para Todos os Garotos 3 encerra franquia com muito romance

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No Brasil, é feriado de Carnaval, mas os Estados Unidos estão prestes a entrar no fim de semana mais romântico do ano: o do Dia de São Valentim, celebrado em 14 de fevereiro. Assim como no ano passado, em 2021 a Netflix reservou a data para entregar aos fãs de Para Todos os Garotos que já Amei o último e mais romântico capítulo da história de amor entre Lara Jean Covey e Peter Kavinsky.

Após um segundo filme frustrante, em que o público esperava ver a protagonista com seu coração em conflito entre o namorado e a aparição de John Ambrose, mas que acabou resultando num longa apressado e pouco gentil consigo mesmo, Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre estreou nesta sexta-feira (12). Com quase duas horas de duração, o filme dá aos fãs a conclusão que todos esperavam: cheio de referências cinematográficas, romance e o tempo de tela merecido para cada um dos personagens.

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Atenção! A partir daqui o texto pode conter spoilers do terceiro filme da franquia. Leia por sua conta e risco.

Como já esperado pelo público, Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre tem menos tempo de tela no colégio e isso já é mostrado logo no início do longa, com a família Covey passando férias na Coreia do Sul. Acompanhada do pai (John Corbett) e das irmãs Kitty (Anna Cathcart) e Margot (Janel Parrish), a jovem Lara Jean (Lana Condor) explora um pouco da cultura local e da história de amor entre seus pais num fuso-horário totalmente diferente do que está o namorado enquanto espera ansiosamente por um retorno de sua inscrição para Stanford. O espectador já começa o filme sabendo que o plano de Covey e Peter Kavinsky (Noah Centineo) é, como todo casal apaixonado, passar os próximos quatro anos da faculdade juntos após o atleta ter ganho uma bolsa de lacrosse na universidade da Califórnia.

Ao contrário do filme anterior, Para Todos os Garotos 3 tem muito mais calma e respeito não só pela obra em que é inspirado (os livros de Jenny Han), como também pelos personagens da trilogia. Com quase duas horas de duração, o filme dá tempo para todas as narrativas serem desenvolvidas sem pressa e de uma forma que o público consiga acompanhar tudo o que acontece, mesmo que muitos dos eventos ocorram simultaneamente.

Desta vez, Margot, Kitty e até o Dr. Covey possuem mais falas e, consequentemente, tempo de tela. No segundo filme, o público pôde conferir o pai das três irmãs se abrindo novamente para uma possibilidade de novo relacionamento em sua vida após a morte da esposa, e em Para Todos os Garotos 3 seu noivado com a vizinha Trina (Sarayu Rao) ganha mais espaço sem atrapalhar o enredo principal: o futuro do relacionamento de Lara Jean e Peter.

O cuidado que o roteiro e a direção tiveram com cada um dos personagens é nítido para o público que assiste ao filme, tornando-o quase uma carta de amor para si mesmo e uma ótima despedida da trilogia — as cenas gravadas não só em Nova York como também na própria Coreia do Sul deixaram o comprometimento da produção muito claro. Além de relacionamentos paternais e fraternais, os fãs poderão assistir muito da amizade entre Lara Jean Covey e Christine (Madeleine Arthur) e um pouco de desenvolvimento de Gen (Emilija Baranac), que abandona de uma vez por todas seu papel de antagonista do casal principal.

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E falando neles, a maturidade de Lara e Peter acaba sendo o mais interessante de se acompanhar, principalmente quando se olha para trás, voltando ao primeiro filme (que o capítulo final faz questão de agradecer, como se estivesse fazendo uma reverência). A protagonista, desta vez, possui a difícil decisão em suas mãos: escolher entre duas muito conceituadas faculdades, mas cuja escolha impactará diretamente no futuro de seu namoro com o galã do lacrosse.

A boa surpresa é que Para Todos os Garotos 3 fala muito mais de Lara Jean do que do casal, e embora o título não tenha sido retirado do livro na íntegra (Agora e Para Sempre Lara Jean, na tradução oficial) é exatamente isso que a história entrega: após dois filmes em que inúmeros eventos e personagens coadjuvantes tentaram atrapalhar o relacionamento do casal, ambos sempre escolheram um ao outro, resultando no final feliz; mas, desta vez, Lara Jean escolhe a si mesma, mesmo que isso lhe custe ser beijada nos créditos finais pelo príncipe encantado.

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Já para Peter, o mérito acaba sendo todo de Noah Centineo por se entregar tanto na interpretação. O diretor Michael Fimognari chegou a declarar em algumas entrevistas que antecederam ao lançamento que "há um crescimento [no personagem], na maneira como Noah explora isso e na maneira como ele envolve seus outros parceiros do elenco". E no produto final isso fica claro do início ao fim do longa-metragem: o ator está muito mais à vontade na pele de Kavinsky, estrelando dos mais românticos aos mais tristes momentos e roubando a cena em quase todos eles.

É satisfatório também ver que o arco de Peter não se limita apenas a girar em órbita da indecisão de Lara Jean. O garoto possui assuntos pendentes com o pai, que se divorciou da mãe quando ele era criança, e consequentemente acabou se ausentando em boa parte da vida do filho. No terceiro filme, assim como no livro, Peter e o Kavinsky mais velho finalmente podem ser vistos colocando os problemas em pratos limpos e, quem sabe, dividindo o mais importante e emocionante diálogo de todo o filme.

Embora tudo acabe soando como um conto de fadas, Para Todos os Garotos 3 prefere retratar preocupações mais particulares do que as que muitas pessoas considerariam as principais: não é discutido em nenhum momento do filme dificuldades financeiras, mesmo Lara Jean disputando duas instituições elitizadas e de custo muito alto (Berkeley e NYU) — e o mesmo acontece com Peter. Mesmo que ignorar um fator desses seja arriscado por tornar a história surreal demais, acaba não acontecendo e o filme sabe lidar bem com suas cenas fantasiosas demais, mesclando com momentos mais "pé no chão" e trazendo diálogos, pensamentos e decisões mais maduros para a tela.

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Agora e Para Sempre também promete agradar aos fãs de cinema, principalmente os de comédia romântica. Já é de conhecimento do público que Lara Jean é uma grande fã do gênero (como citado no primeiro filme quando ela pede a Peter para assistir Gatinhas e Gatões), mas é no terceiro capítulo da trilogia que a personagem e o namorado resolvem oferecer milhares de referências cinematográficas em seus diálogos, como: Mensagem para Você, Harry e Sally - Feitos Um para o Outro, Romeu + Julieta, Escrito nas Estrelas, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Digam o Que Quiserem,entre muitos outros. Este último, inclusive, contou com uma releitura da clássica cena de John Cusack estrelada por Peter Kavinsky.

Para Todos os Garotos 3 é uma carta de amor não só aos gêneros de comédia romântica, mas também para si mesmo. O filme promete emocionar tanto os fãs dos livros quanto quem conheceu a trilogia pela adaptação da Netflix. Recuperando-se da pressa e erros do antecessor, o último capítulo presta homenagem a toda a franquia, incluindo os personagens e à história criada por Jenny Han.

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Com final em aberto, Agora e Para Sempre entrega muito romance, mas não tira os pés do chão e mostra que não é necessário abrir mão de si mesmo para viver uma linda história de amor, prometendo agradar os fãs do casal, mas também entregando muitos momentos de crescimento pessoal da protagonista.

Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre pode ser assistido no catálogo da Netflix.