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Crítica | Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração fala sobre obsessão e desprezo

Por| Editado por Jones Oliveira | 12 de Maio de 2021 às 17h00

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Acaba de estrear no catálogo da Netflix uma nova série documental de crimes reais: Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração. A produção conta a história de um dos assassinos em série mais conhecidos dos Estados Unidos, David Berkowitz, também chamado de Son of Sam, ou Filho de Sam no bom português. O foco, porém, não é exatamente na vida do criminoso, mas sim na de Maury Terry, um jornalista investigativo.

Maury Terry, desde o início das investigações, suspeitou que David não havia cometido os seus crimes sozinho e que havia o envolvimento de um culto satânico na história, e seguiu até o fim da sua vida tentando provar essa afirmação para o mundo. O documentário de Joshua Zeman, então, resgata imagens de arquivo e faz novas entrevistas para mostrar a obsessão do jornalista no caso, mostrando ainda como ele nunca foi ouvido como deveria e que muitas de suas teorias, mesmo sendo ignoradas, faziam sentido.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da série documental Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração!

A série documental começa, claro, nos apresentando à história de David Berkowitz, seguindo para a forma em que ele cometia os crimes. O assassino, que atuava em Nova York, escolhia as vítimas de forma aleatória, geralmente mirando em casais que estavam encostados em seus carros. Ele se aproximava e disparava uma arma de calibre .44 na cabeça deles e fugia. O assassinato acontecia, segundo ele, a mando de um cachorro que estava possuído por um demônio chamado Sam. No entanto, mesmo depois de o criminoso ter sido pego, existia uma questão bastante importante que não chegou a ser levada a sério pela polícia: os retratos falados.

Apesar do padrão usado para cometer os crimes, que aconteceram durante um ano na década de 1970, os sobreviventes descreviam o autor dos disparos de formas diferentes, muitos nada parecidos com David. Apesar de a questão ter sido ignorada pela polícia, Maury Terry nunca deixou de achar este fato um detalhe importante para a investigação. É quando a série começa a destrinchar o caso do ponto de vista do jornalista, que chegou até a relacionar o envolvimento do culto satânico do serial killer com a cientologia e com Charles Manson, um dos assassinos em série mais famosos do mundo.

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Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração basicamente dá continuidade ao trabalho de Maury Terry, que acabou morrendo vendo a sua pesquisa ser menosprezada, ainda que tenha conseguido uma confissão de David de que ele não agiu sozinho. A série acaba se tornando mais um caso de negligência por parte da polícia, o que só é afirmado com certeza no final, mostrando que o desejo encerrar o crime o quanto antes por motivações políticas e de poder superou a necessidade de investigar o caso mais a fundo. Sendo assim, David foi o único preso pelos crimes, fato que até o próprio questionou, ainda que tenha se recusado a revelar outros nomes.

A série documental consegue nos deixar tão cansados quando Maury por ter um ritmo acelerado, trazer muitas informações, com algumas se repetindo, e por focar no quão insistente era o jornalista investigativo. Além disso, questionar a existências de cultos perigosos, que possuem provas cabíveis de que existiam, deixam os assassinatos ainda mais perturbadores, inclusive pelo fato de muitos conhecerem como Charles Manson, por exemplo, ordenava as matanças naquela época que supostamente era regada a "paz e amor".

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O ponto mais interessante da série documental é a narração, que é feita com base na leitura de notas deixadas por Maury Terry, que chegou a escrever o livro The Ultimate Evil descrevendo o caso de David e o que não foi investigado pela polícia, esclarecendo suas teorias. Então, sentimos como se estivéssemos participando desse processo de busca por provas junto ao jornalista, e podemos tirar as nossas próprias conclusões sobre como tudo aconteceu.

A sensação de assistir à série documental, no entanto, está longe de ser de espanto, de tão óbvias que parecem ser as provas que Terry tenta comprovar a todo custo. Nada nos deixa boquiabertos ou surpresos, principalmente por esta não ser a primeira produção documental que mostra o descaso em investigações e na coleta de provas. Além disso, a falta de informações mais concretas sobre o funcionamento do culto e da motivação das ordens de assassinato acabam banalizando o que foi coletado pelo jornalista.

Ao final, quando vemos o quanto Maury Terry definhou por não ser ouvido como gostaria pela sua investigação, o espectador mesmo pode começar a duvidar da sanidade do jornalista, com a série documental não deixando muito explícito se realmente acredita nele ou se apenas queria contar a sua história. Mas os últimos momentos acabam refutando esse pensamento, quando um dos suspeitos de um crime, que aconteceu depois da prisão de David e que estava sem resolução, realmente era o culpado, como Terry acreditava.

A série documental Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração está disponível na Netflix em quatro episódios.