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Crítica | O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas conquista pela mensagem fofa

Por| Editado por Jones Oliveira | 16 de Março de 2021 às 10h40

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Crítica | O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas conquista pela mensagem fofa
Crítica | O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas conquista pela mensagem fofa

Em 1993, Bill Murray deu um novo significado ao déjà vu ao estrelar o clássico Feitiço do Tempo, em que seu personagem Phil Connors, um arrogante meteorologista, recebe a tarefa de cobrir o tradicional Dia da Marmota numa cidadezinha da Pensilvânia e acaba ficando preso numa espécie de túnel temporal, vivendo o mesmo dia repetidas vezes. Essa fórmula que aproveita estudos científicos misturada ao enredo básico de Renascimento - como estudado pelo jornalista Christopher Booker, que afirma que um evento ou pessoa relevante faz o protagonista mudar de atitude para se tornar uma pessoa melhor - já foi utilizada diversas vezes em outras obras da cultura pop, como A Morte Te Dá Parabéns e o recente Palm Springs, indicado ao Globo de Ouro.

Em O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas, o mais novo filme adolescente distribuído pelo Amazon Prime Video, a proposta é praticamente a mesma. Porém, diferente do personagem de Murray no Dia da Marmota, o filme de Ian Samuels (Sierra Burgess é uma Loser) explica esse fenômeno temporal que aprisiona o protagonista do filme, entregando uma história emocionante por trás de tudo com uma pincelada de romance.

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Atenção! A partir daqui o texto pode conter spoilers sobre o filme. Leia por sua conta e risco.

Diferente de Feitiço do Tempo, o loop temporal em que o protagonista se encontra em O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas não é introduzido ao público de forma didática. O filme já começa com o jovem Mark (Kyle Allen, da oitava temporada de American Horror Story) acostumado a viver a mesma rotina repetidas vezes, sem o espectador assistir à quebra do tempo acontecendo diante de seus olhos, como ocorre com o personagem de Murray no clássico dos anos 1990.

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Utilizando seu tempo como um vidente, evitando problemas bobos e do cotidiano acontecerem em seu bairro, Mark não parece estar muito preocupado em descobrir o que o levou a ficar naquela situação. Tudo muda quando um dia ele conhece a jovem Margaret (Kathryn Newton, de The Society e Freaky - No Corpo de um Assassino), que curiosamente também está vivendo o mesmo dia um atrás do outro.

Não demora muito para os dois criarem uma amizade e dividirem as mesmas 24 horas explorando tudo o que acontece ao mesmo tempo na cidade em que vivem, assim como não demora para Mark se ver completamente apaixonado por Margaret. Juntos, os dois decidem aproveitar o loop temporal para listar todas as graciosidades da rotina que acabam passando despercebidas pela maioria das pessoas, enquanto em paralelo o protagonista estuda uma forma de conquistar a jovem, que é um tanto misteriosa e resistente quando o assunto é se abrir para emoções mais particulares.

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Embora não traga um tom de comédia como Bill Murray em Feitiço do Tempo e Andy Samberg em Palm Springs, O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas acaba ganhando por apostar na atenção aos detalhes que compõem o nosso dia a dia, mas acabam se tornando invisíveis pela urgência e fúria de algo que dizemos tanto que não temos, mas que Mark e Margaret possuem de sobra: tempo. O filme de Ian Samuels, além de ser uma boa pedida para uma sessão leve cujo intuito é apenas desligar a mente por algumas horas, traz um momento de reflexão necessário, principalmente no período que o mundo passa novamente, em que toda a rotina fora de casa foi pausada por um instante para que as pessoas pudessem ficar seguras em seus lares, mas que lhes deram oportunidade de pensar um pouco no valor do tempo em suas vidas.

O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas, além de tudo, ainda traz cenas emocionantes e reflete sobre cura, perdão e principalmente culpa. O longa brinca com a metáfora da vida ser um quebra-cabeças que, infelizmente, às vezes precisa de peças que não queremos (e não sabemos que precisamos) para nos completar. Acima disso, essa reflexão ainda tem um tom mais inocente quando protagonizado por dois adolescentes, diferente dos outros filmes com a mesma temática citados no texto - nesse aspecto, o diretor acertou em cheio.

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É importante também destacar a atuação de outros nomes do elenco, por mais que não possuam tanto tempo de tela como Kyle Allen e Kathryn Newton. Emma (Cleo Fraser), a irmã caçula do protagonista, acaba roubando a cena em um dos momentos mais emocionantes do filme inteiro e bota não só o personagem, como também o espectador, para pensar em atitudes egoístas que acabamos tomando sem ao menos perceber. Enquanto Daniel (Josh Hamilton), seu pai, também traz reflexões sobre a responsabilidade paternal nas limitações de seu papel, mas que acabam valendo o tempo de tela.

Embora esteja longe de ser o melhor filme a trazer loops temporais em seu enredo, O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas também não é dispensável. Com uma narrativa leve, personagens fáceis de se identificar e jogos de câmera contínua interessantes que acabam prendendo o espectador pela habilidade da técnica, o filme conquista pela mensagem que, até agora, nenhum outro ainda o fez. Disposto a deixar uma mensagem fofa, mas necessária, o longa-metragem está disponível no Prime Video.