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Este cientista acredita que é possível viajar no tempo para o passado

Por| 03 de Janeiro de 2020 às 17h20

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Este cientista acredita que é possível viajar no tempo para o passado
Este cientista acredita que é possível viajar no tempo para o passado

O filme A Máquina do Tempo, de 2002, adaptação do livro de mesmo nome do escritor H. G. Wells, narra a história do cientista Alexander Hartdegen, que se dedica a voltar ao passado e impedir a morte de sua noiva, Emma. Um enredo típico da ficção científica, mas talvez não tão longe da realidade. Talvez. Ron Mallett, um astrofísico do mundo real, dedica sua vida para provar que a viagem no tempo é possível. Sua motivação: ver seu pai, morto quando Mallett tinha 10 anos.

Foi o próprio livro de Wells que inspirou Mallett. Cerca de um ano após morte repentina de seu pai por ataque cardíaco, o filho encontrou uma versão ilustrada de A Máquina do Tempo, livro “que mudou minha vida”, diz ele. Para os mais céticos, pode parecer uma obsessão fantasiosa, mas Mallett está convencido de que é capaz de transformar em realidade um dos maiores temas da sci-fi.

Sessenta anos se passaram desde que Mallett encontrou na ficção a motivação de seus estudos. “Nós nem tínhamos entrado no espaço, e as pessoas nem tinham certeza se poderíamos”. Hoje, aos 74 anos, ele é professor de física na Universidade de Connecticut, e tem uma carreira de pesquisas sobre buracos negros e a relatividade geral de Albert Einstein. E, claro, trabalha nas suas teorias sobre viagens no tempo.

Viajar no tempo é um desejo antigo

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Durante algum tempo, enquanto construía sua carreira, Mallett permaneceu em silêncio sobre sua intenção de pesquisar sobre a possibilidade de viajar no tempo. "Queria ter certeza de que chegaria ao auge do profissionalismo", diz ele. "Mesmo assim, fiquei um pouco relutante". Afinal, não demoraria a adquirir a fama de cientista louco se começasse a falar de suas ambições por aí.

Mas quando Mallett começou a falar abertamente sobre suas ideias, descobriu que elas estavam em harmonia com muitas outras. Ele afirma que isso aponta para a universalidade do desejo de revisitar o passado, ou seja, o fato de que todos nós temos essa vontade - seja devido aos nossos arrependimentos, seja por causa de pessoas que perdemos e desejamos ver novamente. "As pessoas começaram a entrar em contato comigo, literalmente de todo o mundo, [para falar] sobre a possibilidade de voltar no tempo", diz ele.

Mas afinal, a ciência por trás dessas ideias é plausível? Para Mallett, tudo depende das teorias de Einstein. “Para resumir”, diz Mallett, “Einstein disse que o tempo pode ser afetado pela velocidade”. Tome como exemplo astronautas atravessando o espaço em um foguete viajando perto da velocidade da luz. O tempo passaria de maneira diferente na Terra do que para as pessoas no foguete. Enquanto eles ficam alguns anos mais velhos, décadas se passaram aqui na Terra.

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Usando a teoria especial da relatividade, Mallet explica que “se você estiver viajando rápido o suficiente, estará viajando no tempo, respectivamente”. No entanto, essa aplicação a teoria de Einstein se trata apenas de avançar no tempo, e não sustenta a ideia de voltar ao passado. Então, como isso ajudaria a busca de Mallett?

Torcendo o tecido do espaço-tempo

De acordo com a teoria geral da relatividade de Einstein, o tempo é afetado pela gravidade. Mallett resume dizendo que “quanto mais forte for a gravidade, mais o tempo vai desacelerar”. Na verdade, segundo Einstein, o que chamamos de força da gravidade não é uma força, e sim a flexão do espaço por um objeto maciço. "Se você pode dobrar o espaço, existe a possibilidade de você torcer o espaço", diz Mallett.

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Se na teoria de Einstein, o que chamamos de espaço também envolve tempo, o que acontece com o espaço também acontece com o tempo. Assim, Mallett postula que, distorcendo o tempo em um loop, é possível viajar do futuro de volta ao passado - e depois de volta ao futuro. E esta é a ideia de um buraco de minhoca, uma espécie de túnel com duas aberturas.

Mallett sugere que a luz também pode ser usada para afetar o tempo através de uma espécie de laser em formato de anel. Ele criou um protótipo que ilustra como os lasers podem ser usados para criar um feixe de luz circular que distorce o espaço e o tempo. Ao estudar o tipo de campo gravitacional produzido pelo laser em anel, Mallett acredita que podemos encontrar “uma nova maneira de ver a possibilidade de uma máquina do tempo”.

Mas não é apenas de experimentos que vive a teoria de Mallett. Ele também tem uma equação teórica que o cientista afirma provar que a máquina do tempo funcionaria. "Eventualmente, um feixe de luz laser circular poderia agir como uma espécie de máquina do tempo e causar uma distorção do tempo que permitiria que você voltasse ao passado", diz ele.

No entanto, há um problema: Mallett diz que "você pode enviar informações de volta, mas só pode enviá-las para o ponto em que você liga a máquina". Parece que a busca do cientista para voltar à década de 1950 e encontrar seu pai não está muito perto da realidade, mas ele continua otimista.

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Críticas no meio científico

Para o astrofísico Paul Sutter, a teoria da relatividade geral nos permite pensar em viagem no tempo, “mas toda vez que tentamos inventar um dispositivo teórico de viagem no tempo, outro tipo de física entra e acaba com a festa”. Sutter diz que o trabalho de Mallett é interessante, ou até no caminho certo para obter resultados, mas acha que “existem falhas profundas em sua matemática e em sua teoria, e, portanto, um dispositivo prático parece inatingível”.

Outros críticos incluem Ken D. Olum e Allen Everett, do Instituto de Cosmologia da Universidade Tufts. Eles disseram que encontraram buracos na equação de Mallett e na praticidade de sua proposta de dispositivo. Mallett deixa claro que suas ideias são teóricas, e que está tentando obter fundos para realizar experimentos mais concretos.

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Se Mallet não conseguir voltar no tempo, pelo menos poderá reviver o passado de outra forma - nas telas do cinema. Ele disse que uma grande produtora comprou os direitos de sua história e há um projeto cinematográfico em andamento. Assim, ele poderia vislumbrar Nova York dos anos 1950 e, de certa forma, ver seu pai pela última vez. "A ideia de poder ver meu pai na telona será quase como trazê-lo de volta à vida por mim", diz Mallett.

Fonte: CNN Travel