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Crítica | O Inocente traz mistério e violência em minissérie cheia de detalhes

Por| Editado por Jones Oliveira | 03 de Maio de 2021 às 16h00

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A cada vez mais as séries de origem espanhola vêm se destacando na Netflix. Desde o lançamento de La Casa de Papel, vemos diversas produções originais sendo lançadas na plataforma de streaming trazendo diferentes histórias, mas normalmente envolvendo crimes, romance, mistério e investigação, tudo em uma série só. Não foi diferente com o lançamento mais recente, a série O Inocente, que em poucas horas de lançamento já alcançou o top 10 de títulos mais assistidos aqui no Brasil.

A minissérie de apenas oito episódios é baseada no livro homônimo de Harlan Coben, escritor norte-americano, e conta uma história envolvente que mistura drama, vingança, romance e muito mistério. A trama acompanha a vida do personagem Mat, ou Mateo Vidal (Mario Casas), um jovem que se envolve em uma briga dentro de uma boate e, para se defender, acaba empurrando um dos homens que começou a briga, que acaba caindo, batendo a cabeça e morrendo.

Mat foi sentenciado a quatro anos de prisão por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e pretende reconstruir a vida quando ganha liberdade. A série, no entanto, não se trata de uma história de vingança por parte do preso, mas de uma história de superação que se torna mais difícil do que ele pensava, nem sempre sofrendo apenas por suas decisões.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da minissérie O Inocente!

Uma das características da construção de O Inocente é a apresentação minuciosa dos personagens mais importantes, que são introduzidos à trama pelo narrador em seus mínimos detalhes. Essa opção, inclusive, acaba sendo crucial para o entendimento da história, que acaba se mostrando um tanto quanto complexa ao longo dos episódios, sendo ainda uma opção mais interessante do que acrescentar, eventualmente, diversos flashbacks.

Através destas narrações, conhecemos melhor a vida do protagonista, Mat, mas depois dos primeiros episódios a sua história acaba sendo deixada de lado para focar na sua esposa, Olivia Costa (Aura Garrido), a quem conheceu quando ainda estava na prisão e reencontrou após a saída. Enquanto no início ela parecia uma mulher com uma vida comum, ela acaba se mostrando envolvida com um passado perigoso e que ela tenta manter em segredo.

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O foco da história é tão concentrado em Olivia que, em alguns momentos, nos esquecemos de Mateo e como tudo começou. É como se uma minissérie paralela começasse dentro da outra. Porém, como um thriller recheado de mistério que se preze, nada disso é desconexo e, aos poucos, todas as novas informações apresentadas começam a fazer sentido com o início, antes mesmo da apresentação do fechamento no último episódio.

Outro ponto bastante interessante da série é que absolutamente nenhum personagem é desinteressante, independente do grau de envolvimento de cada um com a trama central. Todos têm histórias interessantes para contar, e isso acontece em cada narração que nos apresenta às pessoas envolvidas e como elas chegaram até ali. Não há como não destacar, inclusive, a personagem Lorena Ortiz (Alexandra Jiménez), a policial envolvida no caso, que tem uma história tão impactante que renderia uma série derivada apenas para contar sobre seus dramas e superações.

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Quando a história de Mateo é deixada de lado, mergulhamos no universo dos grandes vilões da trama, personagens que estão envolvidos em um esquema de tráfico de mulheres e prostituição. Com um enredo semelhante ao da série Sky Rojo, também espanhola, vemos que Olivia é uma das vítimas de um esquema perigoso que abusa de mulheres, inclusive menores de idade, em um clube de strip-tease. Mais uma vez, vale destacar que é como se uma nova série começasse.

O Inocente também não economiza nas imagens gráficas, que podem ser perturbadoras para alguns. Vemos duas cenas de suicídio com tiro na cabeça, vemos uma queda de uma janela que deixou uma freira desfigurada, vemos ainda o seu rosto reconstruído e o corpo aberto, entre outros ataques de mutilação e outros tipos de ferimentos. Em nenhum momento a série alerta para gatilhos ou cenas fortes, o que poderia ter sido pensado pelo menos antes das cenas de suicídio.

Destrinchar tudo o que é sentido ao assistir O Inocente nos levaria horas, mesmo que tudo tenha sido apresentado nos mínimos detalhes e em uma estrutura de dar inveja às séries que poderiam competir com ela em qualidade. Grande parte do mérito, claro, também vai para o autor do livro e não somente à produção, direção e elenco da minissérie da Netflix. A reviravolta de que a descoberta do passado de Olivia seria uma forma do pai de Daniel (Eudald Font), a vítima, se vingar do protagonista, impressiona e traz clareza ao motivo pelo qual a história de Mateo em si ficou tão apagada, ainda que uma revelação importante sobre o seu caráter seja a cena final da minissérie.

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O Inocente está disponível na Netflix em oito episódios.