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Crítica | O Expresso do Amanhã encerra 2ª temporada com reviravoltas e esperança

Por| Editado por Jones Oliveira | 01 de Abril de 2021 às 12h49

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CJ Entertainment
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Em um cenário no qual as mudanças climáticas estão a cada vez mais perceptíveis, um futuro distópico que acontece com base nessas consequências pode ser tão assustador quanto ideias que vão além da realidade, como um apocalipse zumbi, por exemplo. Essa temática é abordada na série O Expresso do Amanhã, conhecida também pelo nome original em inglês, Snowpiercer, que acaba de chegar ao seu último episódio da segunda temporada.

A trama, que está disponível legalmente na Netflix, é baseada no filme de mesmo nome de 2013, dirigido por ninguém menos que o sul-coreano Bong Joon-ho, de Parasita, e protagonizado por Chris Evans, a quem podemos dizer que será o eterno Capitão América. A série conta a história em uma versão mais "hollywoodiana", o que já era de se esperar, uma vez que o longa tem como origem a Coreia do Sul e a República Tcheca.

Atenção: esta crítica pode conter spoilers da série O Expresso do Amanhã!

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O Expresso do Amanhã acompanha a história de um futuro distópico em que o planeta Terra foi completamente congelado, em uma tentativa de conter os avanços do aquecimento global, o que é uma questão nos dias de hoje e continuará sendo em um futuro muito próximo. Poucas pessoas sobreviveram, essas vivendo em uma enorme locomotiva, com mais de mil vagões, criada por Mr. Wilford (Sean Bean), um executivo cruel que só dá as caras na segunda temporada.

As pessoas que vivem neste trem gigante, que está sempre em movimento, são divididas por classes sociais, deixando os mais influentes e poderosos nos vagões da frente, e aqueles que são considerados "escória" no último vagão, vivendo em condições extremamente precárias. Assim que somos apresentados a esse "fundão", a trama começa a mostrar o desejo de Andre Layton (Daveed Diggs), um ex-policial e protagonista da série, que busca pela igualdade nem que seja preciso apelar para a violência para obter justiça.

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A série é bem diferente do filme, abusando mais das cores, trazendo cenas mais claras e nítidas visualmente, com exceção de quando a história está acontecendo no fundo no trem. As atuações também são menos dramáticas quanto as do longa, que parece contar com um apelo mais teatral, sendo também o que torna a série um produto mais popular. O Expresso do Amanhã conquista não só pelo visual, mas pelas questões abordadas na história, que precisam ser resolvidas na base do sacrifício, já que o mundo de antes não existe mais.

A primeira temporada precisa de um pouco mais de tempo para engatar a história, sendo praticamente a primeira metade para nos apresentar aos personagens e o que veríamos mais para frente, com enredos um pouco confusos. Já a segunda temporada foi mais direta, trazendo exatamente tudo o que esperávamos ao fim do último episódio da temporada anterior. A luta de classes se tornou ainda mais sangrenta e violenta, mesmo que as perturbações dos vilões tenham sido mais destacadas nos episódios iniciais.

A segunda temporada também se tornou mais interessante por dar continuidade à reviravolta de que Wilford nunca esteve no comando do trem nos últimos quase oito anos, até que ele finalmente aparece mais vivo do que nunca dentro de outro trem, o Big Alice, buscando retomar o controle da locomotiva que ele mesmo criou, antes de ter sido deixado para trás por Melanie Cavill (Jennifer Connely), por ter planos malignos. Melanie, inclusive, deixou de ser vista como uma vilã cruel da primeira temporada para se tornar a grande heroína, assim que conhecemos a sua história e o que motivou ela a dar esse golpe no ex-chefe.

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A trama também traz, na segunda temporada, a filha de Melanie, Alexandra (Rowan Blanchard), que ficou para trás no primeiro dia de saída do trem para que a mãe pudesse "salvar" o mundo. Assim que a personagem se apresenta, a primeira impressão é que veremos uma adolescente revoltada que irá complicar todos os planos da mãe, mas a série surpreende trazendo uma maturidade na jovem, que precisou apenas de um pouco de confiança para se mostrar compreensiva e, então, fazer parte do projeto de salvar as pessoas do trem.

O Expresso do Amanhã também se sustenta na tecnologia, com o trem se mostrando uma máquina poderosa e capaz de resguardar o que sobrou da humanidade, mas também tem o mérito de trazer questões científicas, não só falando sobre o aquecimento global e uma ponta de esperança que surge no decorrer dos episódios com o possível reaquecimento da Terra, como também abordando questões mais biológicas, com uma medicina de dar inveja aos hospitais mais potentes do mundo. A série chega ao fim cumprindo o que prometeu, ainda que o grande vilão tenha conduzido uma performance mediana, tornando os heróis ainda mais interessantes.

O Expresso do Amanhã está disponível na Netflix em duas temporadas, e a terceira já está confirmada, mas ainda não há uma data de estreia.