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Crítica | Temporada 2 de Mistérios sem Solução é menos intrigante, mas toca mais

Por| 30 de Outubro de 2020 às 11h19

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Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix
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Ao longo dos últimos anos, a Netflix vem dedicando parte do seu catálogo à séries e filmes documentais, contando histórias de crimes e mistérios reais. A temática, por mais mórbida que possa ser, atrai diversos espectadores que não conseguem controlar a curiosidade e querem saber mais sobre o que acontece fora de sua bolha.

Em julho, a plataforma de streaming incluiu no catálogo uma nova série de crimes reais, mas que, ao contrário da maioria, não traz respostas e muito menos soluções, como o próprio nome diz: Mistérios sem Solução. Assim que estreou na Netflix, a série documental, que é uma versão mais moderna do programa de mesmo nome que foi ao ar em 1987, contando ainda com um apresentador, ficou entre as produções mais assistidas e virou debate nas redes sociais.

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Por mais que pareça não ter lógica optar por assistir algo que não vai te dar respostas, deixando não só os envolvidos frustrados, os episódios são bem explicados e prendem o espectador que tenta, a todo custo, criar suas teorias e opinar sobre o que pode ter acontecido. A fórmula antiga, adaptada para a atualidade, deu tão certo que, três meses depois, novos episódios foram lançados.

Atenção: esta crítica contém spoilers de Mistérios sem Solução!

Assim como a primeira temporada, ou o volume 1, como está descrito na Netflix, são seis os novos episódios, mas que fogem um pouco da proposta inicial dos anteriores. Enquanto os seis primeiros trazem muitos sumiços com rastros bizarros, crimes de ódio, atentado contra a família, OVNI, entre outros elementos terrivelmente assustadores, a segunda temporada também traz histórias tristes, mas não chocam com a mesma potência.

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A tentativa destes novos episódios parece ser exatamente essa, no entanto, com histórias que tocam e emocionam mais, como o caso de dois bebês que desapareceram no mesmo lugar, em 1989, com uma diferença de poucas semanas. Ambos estão desaparecidos desde então, mas as mães nunca desistiram de procurá-los. É intrigante pensar que esses bebês podem não ter sido mortos, mas que talvez tenham sido vendidos a uma família que não podia gerar seus próprios filhos, seja isso feito à luz do dia ou embaixo dos panos na dark web. Se este for o caso, eles podem estar por aí, acreditando que não há nada de errado com a sua família e, felizmente, podem acabar assistindo ao episódio.

A emoção vem também com a história de um assassinato a sangue frio de uma jovem em que o criminoso não mostra nenhum remorso em ter acabado com a vida de uma pessoa e nunca ter pagado decentemente por isso. Com personalidade extremamente narcisista, o rapaz confessou o crime, deu todos os detalhes e nunca aparentou estar arrependido, assim como seus amigos e familiares continuaram mantendo contato com ele e o ajudando, o que resultou na sua fuga, após o decreto de pena de morte ser vetado em seu estado. Até hoje ele está foragido e a família da vítima nunca viu a justiça de fato acontecer pela morte da garota.

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Um dos episódios, inclusive, parece destoar do restante. Em Espíritos Pós-Tsunami, o "mistério sem solução" da vez seria a existência de espíritos, claro, que por mais que diversas crenças e religiões acreditem fielmente, não é algo que está explícito a todos, que faz parte do dia a dia. No Japão, a "convivência" com os mortos não é um tabu e eles não sentem medo de vê-los, mas isso acaba acontecendo porque, devido às consequências do tsunami, não foi possível fazer a cremação dos corpos, o que é tradicional no país, então eles acreditam que as almas ficaram por lá, vagando sem nem mesmo saber que estavam mortos.

As histórias que sucederam o desastre, claro, são emocionantes, o que não tira o seu mérito, mas fica difícil enxergar um encaixe na proposta da série documental. Talvez, esse tema de "espíritos pós-desastres" renderia uma outra série apenas disso já que, infelizmente, esses acontecimentos naturais acabam surgindo eventualmente e deixando danos por onde passam.

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Os três episódios restantes apresentam mais rastros do que pode ter acontecido do que os outros. Um deles, da morte de um ex-assessor da Casa Branca, que foi encontrado em um aterro sanitário, traz muitas dicas do que pode ter acontecido e, na verdade, bastariam poucas provas para que isso fosse concluído. Mas é claro que elas não existem. No episódio da mulher que teria entrado em um lago para se matar, o mesmo acontece, com muitos detalhes apontando para que tudo isso foi uma armação, mas sem nenhuma prova concreta.

Já o episódio de uma mulher que é encontrada morta em seu quarto de hotel, talvez, seja o que mais tenha a cara da série. A jovem estava se hospedando em um hotel e, após ficar dias sem deixar o quarto, houve a suspeita de que algo havia acontecido. Então, os seguranças entraram e encontraram ela morta, com uma arma na mão. No entanto, não havia sangue em suas mãos e nenhuma prova concreta de que ela havia se matado, mas também não tinha como provar que houve assassinato, já que se isso tivesse acontecido não teria como explicar a forma na qual a porta estava trancada, o que indica que ninguém saiu de lá.

Como se isso não fosse intrigante o suficiente, a mulher "não existe", não há registros sobre a sua existência. Não foi encontrado o nome verdadeiro, não se sabe quem é a sua família, de onde veio, com o que trabalhava, quantos anos tinha, o que estava fazendo lá, entre outras coisas. Até hoje, ninguém descobriu quem era aquela pessoa e, com certeza, é o episódio mais intrigante da temporada.

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Não tem como esperar o mesmo choque que veio com os primeiros episódios, mas também não há como dispensar essa nova leva. São histórias que não só são interessantes, mas que precisam ser contadas de alguma forma para que, um dia, esses casos sejam solucionados e tragam conforto aos envolvidos.

Os 12 episódios de Mistérios sem Solução estão disponíveis na Netflix.