Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Crítica Inventando Anna | Minissérie mergulha na mente ilusória de golpista

Por| Editado por Jones Oliveira | 14 de Fevereiro de 2022 às 21h30

Link copiado!

Netflix
Netflix
Tudo sobre Netflix

O Shondaland, universo de Shonda Rhimes, está mais completo com a estreia da minissérie Inventando Anna. A produção original da Netflix conta a história real de uma vigarista russa que usou toda a sua autoconfiança e habilidades de manipulação para enganar não só pessoas da alta sociedade de Nova York, como hotéis e instituições financeiras.

Anna Delvey, nome inventando por Anna Sorokin, nasceu na Rússia e se mudou para a Alemanha na adolescência. Na vida adulta, foi à Nova York tentar realizar o seu grande sonho: ser uma pessoa influente na arte e na moda. Por não ter recursos financeiros para isso, a jovem decidiu que a solução seria fingir ser uma herdeira e enganar a quem fosse preciso.

Continua após a publicidade

Atenção: esta crítica contém spoilers da minissérie Inventando Anna!

Ponto de vista

Shonda Rhimes escolheu não contar a história de Anna Delvey somente a partir do ponto de vista da criminosa. A trama também não é contada de forma linear, com os primeiros episódios focando na criação do artigo que deu origem à série e que transformou a golpista em uma celebridade. A responsabilidade da personagem Vivian Kent, nome fictício dado à jornalista pelo artigo jornalístico, ficou nas mãos de Anna Chlumsky, que se mantém em destaque ao longo dos episódios.

Aos poucos, Julia Garner vai se destacando e tendo mais visibilidade, uma vez que a série é sobre ela, claro. Pode-se dizer, então, que a primeira parte acontece do ponto de vista da investigação, com a outra metade se aprofundando na habilidade de Anna ao aplicar os seus golpes, sem deixar de sair da personagem até mesmo nos momentos em que está sozinha.

Continua após a publicidade

Inventando Anna se esforça para mostrar a manipulação da golpista, que conseguiu comover a própria responsável pelo artigo e o seu advogado.

Somente ao final da série conhecemos mais sobre como foi a infância e adolescência de Anna Sorokin, também repleto de manipulações e artimanhas. A escolha da produção em apresentar essa parte da história apenas no final deixou a série menos interessante do que parecia no trailer, por exemplo. A expectativa era ver Anna criando seus planos, escolhendo seus alvos e se transformando de uma pessoa que não tinha nada para alguém que tem tudo.

Continua após a publicidade

No entanto, a série começa com os crimes já cometidos e os rumores de que ela já era uma vigarista. Pouco se vê sobre o que passava na cabeça de Anna, enquanto o maior destaque acaba sendo a jornalista, sua saga pela investigação e a luta na vida pessoal. Os momentos que passam mais perto disso são abordados apenas em acontecimentos pontuais, como as negociações de um empréstimo milionário com o banco e em como uma de suas vítimas ajudou na sua captura.

Empatia e manipulação

Ao trazer mais destaque aos rumos da investigação em vez da própria história de Anna, fica difícil para o espectador se sentir manipulado pela golpista, assim como aconteceu com todos que estavam ao seu redor.

Continua após a publicidade

Enquanto a maioria dos envolvidos sente empatia pela personagem, deixando a amizade acima das acusações, a reação de quem está assistindo é de revolta, principalmente quando vemos todo o espetáculo que surgiu durante o julgamento.

Inventando Anna poderia ser uma série mais empolgante: poderíamos acompanhar os planos mirabolantes de Anna e, talvez, bater palmas para sua coragem e talento para o crime. Mas, no decorrer de nove episódios longos e maçantes, ainda que prendam a nossa atenção, é como se estivéssemos apenas lendo o artigo, quando o que é descrito lá fica apenas na imaginação. Faltou dar mais vida e emoção aos crimes.

Julia Garner

Continua após a publicidade

Mesmo com os problemas da série, Julia Garner conseguiu mostrar que é uma atriz acima da média, capaz de interpretar até mesmo personagens mais complexos. Retratar a personalidade de uma pessoa segura e que acredita nas próprias mentiras não é fácil e a atuação vai além de um bom roteiro, exigindo boas expressões faciais e expressão corporal.

Juntando tudo isso a um sotaque europeu generalizado, com a especificidade do russo e os detalhes do norte-americano, a atriz consegue fazer uma mistura no mínimo interessante e que precisa de reconhecimento.

Inventando Anna começa como uma série confusa, mas aos poucos vai se encaixando e se torna uma produção envolvente e que é difícil de tirar os olhos. Shonda Rhimes, como especialista em criar bons dramas, teve uma razão para se aprofundar na trama do jeito que fez, e por isso tem seus (bons) méritos.

Você já pode assistir aos nove episódios de Inventando Anna na Netflix.