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Crítica | Futebol Arte é um retrato saudoso e real da Seleção de 1982

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Reprodução/Fifa
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Alguns vão se lembrar apenas da magia e da poesia desfilada por craques como Sócrates, Zico e Falcão. Outros vão falar de um time que mais atacava do que defendia e caiu vítima de sua própria vaidade e de um Paolo Rossi inspiradíssimo na “Tragédia de Sarriá”. Fato é que quase nenhum amante do futebol passa batido pela Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

E tudo isso está presente em Futebol Arte, documentário disponível no Amazon Prime Vídeo. Dirigido por Richard Home, o filme tem quase uma hora de relatos saudosos e crus sobre o time que encantou o mundo no início dos anos 1980 e encheu o Brasil de esperança na busca pelo inédito tetracampeonato mundial.

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Aquele time foi até a Espanha como favorito e encantou o planeta. Durante a Copa, um susto inicial, mas um futebol encantador, uma perseguição incessante ao gol com jogadas envolventes, desenhadas numa espécie de intuição inebriante que se estendia por 90 minutos indicavam um fim vitorioso, mas o sonho foi interrompido por uma tarde inspiradíssima de Paolo Rossi.

Hoje, quase 40 anos depois da derrota, ficam evidentes os problemas daquele escrete. Se por um lado ele atacava de forma sublime, com praticamente oito atletas, por outro não foi capaz de se defender com a mesma eficiência. O resultado: uma merecida vitória da Azzura, que seguiria rumo ao título após vencer a Polônia na semifinal e a Alemanha Ocidental na final.

Para engrandecer a narrativa e dar a ela um ar de autoanálise, são os próprios jogadores que narram a tragédia ao longo do filme, contando os equívocos daquele time sem qualquer tipo de lamúria. Até mesmo uma possível vaidade no jogo contra a Itália foi relatada, sem qualquer pudor nem diminuir a importância do grupo para a história do futebol.

Intercalando lances das partidas disputadas pelo Brasil contra União Soviética, Escócia, Nova Zelândia, Argentina e Itália com falas de alguns dos atletas que foram à Copa, o documentário não economiza na nostalgia saudável e é, sobretudo, um grande alento para quem sente falta de grandes personagens do mundo da bola.

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A glória de chorar

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O futebol é o reino do imponderável e a derrota da Seleção de 1982 figura entre as mais doloridas da Seleção em mundiais. Apesar do caráter trágico da queda na Espanha, é interessante ver que os próprios jogadores não creditam a desventura ao mero acaso e reconhecem o ótimo desempenho dos rivais italianos.

Mas o suprassumo do filme está na exaltação do futebol do toque de bola e dos dribles que fizeram o Brasil ser amado e admirado por futebolistas e torcedores de todo o mundo. E se os atletas não poupam críticas a si mesmo, também não se furtam de relatar o orgulho por vestirem a camisa amarelinha em 82.

Zico, o camisa 10 daquele time, chega a cravar o principal efeito negativo da derrota do Brasil em 1982: depois disso, a seleção acabaria enveredando para um “futebol de resultados”, apesar de uma reedição do futebol arte em 1986, novamente sem título. A mudança acabou dando certo e, em 1994, fomos tetracampeões jogando de maneira menos encantadora e mais pragmática nos Estados Unidos, vencendo justamente a Itália na final.

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Mas a história e a memória permanecem. Certa vez, o treinador espanhol Pep Guardiola definiu o time comandado por Telê em 1982 como “a seleção mais maravilhosa que já existiu” e, mesmo que seja reconhecível aí um exagero passional típico de um fã, não há como não enxergar méritos naquele time.

Poucos toques na bola, adversários na roda, golaços inesquecíveis e uma derrota que alçou os perdedores à condição de mitos. Não por acaso, ainda hoje o Brasil de 1982 é lembrado com carinho e saudade como um dos maiores exemplos do futebol ofensivo e bem jogado característico da Seleção Brasileira.

A bola às vezes é cruel e, naquela tarde em Sarriá, nós fomos os punidos. Só que o futebol é muito mais do que taças e medalhas e, entre dribles, gols, lágrimas e frustrações, Futebol Arte consegue mostrar que uma derrota gloriosa pode ser tão marcante quanto um título.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech