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Crítica | Disque Amiga para Matar volta ainda mais trágica e bem mais divertida

Por| 11 de Maio de 2020 às 19h15

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Na última sexta-feira (8), estreou na Netflix a segunda temporada de Disque Amiga para Matar, também conhecida pelo nome original Dead to Me. Nos primeiros episódios dessa produção que é tão trágica quanto cômica, conhecemos a história de Jen (Christina Applegate), uma mulher que teve o seu marido morto após um acidente de carro em que o veículo responsável não parou para prestar socorro.

Além do luto de uma viúva e seus filhos, a série também mostra a culpa vivida pela pessoa que estava dirigindo o carro, Judy (Linda Cardellini). Quando o acidente aconteceu, ela estava com o seu namorado rico e arrogante Steve (James Marsden), que, através da pressão psicológica, fez com que ela não parasse para tentar salvar a vítima. Enquanto na primeira temporada vimos Judy como uma pessoa problemática por ter se aproximado de Jen e virado sua melhor amiga escondendo o segredo, na segunda somos apresentados melhor a essa personagem, seus defeitos e suas qualidades.

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Atenção: esta crítica contém spoilers de Disque Amiga para Matar!

No final da primeira temporada, Jen já sabia do segredo de Judy, algo que doeu muito, pois ela já a considerava uma grande amiga, talvez a melhor. A série foi fechada com Steve boiando na piscina de Jen, dando início a uma nova morte na trama, trazendo mais mistérios e segredos.

Em um determinado momento desta temporada, Disque Amiga para Matar pode se assemelhar um pouco à outra produção original da Netflix, Good Girls, em que mulheres se reúnem para cometer crimes e falham miseravelmente em manter esse segredo. No entanto, ao contrário da última temporada de Good Girls, Disque Amiga para Matar não se perde no roteiro, pelo contrário: ela se encontra e mostra ser mais justa com o destino das personagens.

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Passamos um bom tempo da segunda temporada sem entender como Steve tinha morrido, apenas que Jen tinha o matado. A situação vai sendo mostrada em curtos, às vezes repetitivos, flashbacks, que vão construindo para o espectador a personalidade abusiva e violenta da vítima, na mesma proporção que homenageia Judy, mostrando que ela é uma personagem que sempre tentou agradar as pessoas, que não sabe dizer não e que, por isso, muitos se aproveitam dela.

Também é mostrado que as duas caras desse personagem, que em momentos aparece sendo extremamente carinhoso com a namorada, que é assim que ela lembra dele nas ocasiões em que está sofrendo o luto, para depois de ela estar mais conformada vermos cenas de ele sendo absurdamente abusivo, de uma forma difícil de assistir.

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A segunda temporada de Disque Amiga para Matar também se tornou ainda mais cômica e divertida de assistir que a primeira, principalmente quando um novo personagem aparece à tona: o irmão gêmeo de Steve. Com a perfeita definição de "o cara mais legal do mundo", ele acaba entrando na vida das amigas por estar procurando pelo irmão desaparecido, e isso envolve críticas ao gêmeo e elogios à Judy, dizendo que o irmão realmente não merecia ela, e uma paixão por Jen. Nestes momentos, não tem como questionar o talento do ator, que sendo a mesma pessoa, na mesma série, consegue perfeitamente diferenciar essas personalidades.

Quanto mais elas tentam se livrar da culpa e do corpo armazenado no freezer, mais ele se mostra uma pessoa boa e menos elas conseguem afastá-lo. Boa parte da comédia trazida na série envolve fatos que dão a entender que naquele exato momento elas serão pegas, algo que nunca ocorre. Isso acontece com frequência nessa temporada e caímos em todas. Exemplos desses momentos acontecem em conversas que facilmente podem entregar o crime, principalmente de Jen com a vizinha Karen (Suzy Nakamura), como quando ela pede para ela apagar todas as imagens capturadas com sua câmera de alta resolução que pega toda a rua. Mas ninguém nunca desconfia.

É exatamente essa a graça de Dead to Me, que traz diversas reviravoltas nesta segunda temporada, mostrando a perfeita conexão entre as amigas e seus litros e litros de vinho consumidos durante os episódios. A trama consegue criar momentos absurdos que em qualquer outra produção a nossa reação seria de indignação, mesmo se tratando de ficção. Porém, na série, essa fórmula deu tão certo que é difícil assistir a apenas um episódio. Nenhum deles peca pelo excesso ou nos deixa entediados. O maior desafio é ser conseguir não assistir a todos os episódios de uma vez só.

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Por fim, Disque Amiga para Matar acerta no entretenimento, nas reviravoltas, no mistério, na construção dos personagens e em histórias de amizade e empatia, tudo isso em um roteiro perfeitamente construído sem buracos e delicioso de acompanhar. É sobre mulheres, sobre abusos, tristezas e trajetórias de vida, e como tirar proveito de tudo isso.

Disque Amiga para Matar está disponível na Netflix em duas temporadas.