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Crítica | Chorão: Marginal Alado presenteia fãs com homenagem íntima e saudosa

Por| Editado por Jones Oliveira | 09 de Abril de 2021 às 21h00

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Divulgação
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Existem artistas que sempre serão lembrados pelas suas músicas e artistas que serão lembrados não só pela carreira musical, como também pela personalidade. Esse é o caso de Chorão, apelido de Alexandre Magno Abrão, vocalista da banda Charlie Brown Jr. Chorão nos deixou em março de 2013, mas as letras e melodias de suas músicas são lembradas até hoje com bastante carinho pelos fãs, refletindo quem ele era e no que acreditava.

Uma breve história sobre a vida de Chorão é tema do documentário Chorão: Marginal Alado, que estreou para compra e aluguel online na quinta-feira, dia 8 de abril. A produção, dirigida por Felipe Novaes, se concentra em homenagear a memória do músico, mas sem expor demais as fragilidades que levaram à sua morte. Durante pouco mais de uma hora, conferimos depoimentos de amigos, familiares e pessoas que conviviam com Chorão, além de cenas do início e do auge da carreira do Charlie Brown Jr.

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Atenção: esta crítica contém spoilers do documentário Chorão: Marginal Alado!

Chorão: Marginal Alado começa mostrando que o skate sempre foi a grande paixão de Chorão, o que o levou a explorar o universo musical relacionado ao esporte, que consiste nos gêneros rock e rap. A paixão acabou revelando que o artista tinha talento para a composição e também um perfil de líder, e não demorou muito para que a criação da banda o fizesse ser reconhecido em todo o Brasil. O documentário mostra as duas facetas da personalidade de Chorão: uma pessoa sensível e "casca grossa", sendo a segunda a mais envolvida em polêmicas.

A mídia, no geral, sempre soube que Chorão nunca aceitou desaforos e criou diversas desavenças no mundo da música e da televisão, incluindo com o músico e apresentador João Gordo e com Marcelo Camelo, da banda Los Hermanos, que acabou levando um soco e uma cabeçada do vocalista do Charlie Brown Jr. em um caso famoso que aconteceu em um aeroporto. Essas encrencas chegam a ser apresentadas no documentário, mas não são aprofundadas de uma forma que possa comprometer a imagem de Chorão agora que ele não está mais em vida. Todos os sentimentos do cantor, explosivos ou não, se tornam um gancho para essa questão, mas também não são usados como uma justificativa completa.

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O documentário não economiza em mostrar discursos, pequenas falas e conversas que mostram quais eram os princípios de Chorão, com uma cena em questão sendo, provavelmente, a mais sincera e tocante de toda a produção. Em uma conversa rápida com uma fã, ele dentro de um veículo e ela na janela, ele diz à garota para que ela enxergue as coisas boas que vê nele também dentro dela, revelando que pessoas como ela são o que o motiva a continuar. Ele pede também para que ela não gaste dinheiro comprando CDs nem DVDs, mas sim que baixe o que ela quer ouvir. "Ame as pessoas e use as coisas. O máximo que tu puder", disse Chorão à fã.

Chorão: Marginal Alado também mostra que o sucesso de Charlie Brown Jr. se deve ao fato de Chorão nunca esconder o descontentamento com a sociedade, dizendo que sempre esteve à margem dela, justificando o termo "marginal alado" tão falado pela banda, reforçando que não se refere a uma pessoa criminosa. As letras das canções retratavam justamente isso, com esses discursos sendo mesclados em meio a algumas temáticas de relacionamentos. 

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É inevitável falar sobre a intimidade mais profunda de Chorão, com o documentário apresentando, brevemente, a evolução do seu vício em cocaína, mostrando que a necessidade cada vez maior de estar entorpecido o controlava para conseguir suportar a vida como ela é e a pressão da sociedade, a qual tanto criticava. O artista, inclusive, preferia esconder o problema da própria esposa, Graziela Gonçalves, com quem foi casado por 10 anos, para evitar discussões. A dependência, infelizmente, foi o que provocou a morte precoce de Chorão, com a sua vida e carreira se tornando história muito cedo.

Ainda que o foco da produção seja nas questões positivas da sua vida, é impossível não sentir tristeza com a forma em que Chorão nos deixou. A morte do vocalista foi impactante de uma forma mais brutal para o baixista Champignon, com quem teve conflitos ao longo dos anos, chegando a deixar a banda. O músico é mostrado gravando depoimentos para o documentário poucos meses após a morte de Chorão, sem saber que, semanas depois, cometeria suicídio. São imagens raras que marcam as emoções sentidas e provocadas pela história da banda.

O filme não deixa de lado os defeitos de Chorão, mas tem o objetivo de valorizar sua memória e suas músicas e não deixar o seu legado se apagar, ainda que as canções nunca tenham sido esquecidas durante esses oito anos. Chorão: Marginal Alado traz o artista em sua forma mais humana e vulnerável, que é sustentada com as declarações de quem esteve ao seu lado, mas sem que suas questões sejam interpretadas negativamente. 

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Chorão: Marginal Alado pode ser comprado no YouTube, Google Play, Vivo Play e Looke.

*Se você está passando por momentos difíceis e precisa conversar com alguém, o Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O contato pode ser feito pelo telefone 188 ou e-mail e chat no site do Centro de Valorização da Vida.