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Crítica | Big Shot: Treinador de Elite começa empolgante e cheia de expectativas

Por| Editado por Jones Oliveira | 20 de Abril de 2021 às 05h30

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Séries esportivas possuem um charme único que dificilmente outros enredos conseguem ter. Muitas vezes, não é nem pelo esporte em si, e sim como a prática dele acaba resultando em dinâmicas com muita química entre os personagens, oferecendo experiências leves, divertidas de serem assistidas. Ted Lasso, o sucesso premiado do Apple TV+, pode ser um grande exemplo de produção que ganha o público pelo elenco e as situações vividas por ele na tela: por mais que retrate um esporte muito comum no Brasil (o futebol), ainda é fora da zona de conforto do brasileiro por ser de outro país, principalmente para quem não acompanha o futebol europeu.

Em Big Shot: Treinador de Elite, que estreou seu piloto na última sexta-feira (16) no Disney+, um esporte bem popular nos Estados Unidos ganha vida na trama: o basquete. No entanto, a produção já deixa claro logo em seus primeiros minutos que está longe de ser uma história clichê sobre o esporte, mesmo que traga uma premissa similar a de Ted Lasso: um treinador renomado que agora deve lidar com sua maior paixão fora de sua zona de conforto. Ah, mas nesse caso John Stamos está longe de interpretar um personagem tão carismático quanto o de Jason Sudeikis.

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Atenção! O texto pode conter spoilers sobre o episódio. Leia por sua conta e risco.

Big Shot começa na estaca zero, literalmente: três anos após ser considerado o treinador do ano, Marvyn Korn (Stamos) se vê completamente sem opções de trabalho. Expulso da Associação Atlética Universitária Nacional (NCAA, na sigla em inglês), o técnico de basquete masculino tem a chance de treinar um time feminino num colegial de elite e enfim se redimir profissionalmente. Agora em outra cidade e diante de um novo desafio, Korn precisa controlar seu temperamento e tato com as novas atletas.

Korn, diferente de Lasso, tem pouco carisma e arrogância de sobra, destacando que não é só o personagem que está fora da sua zona de conforto: John Stamos, carinhosamente conhecido como Tio Jesse em Três é Demais, agora assume uma pose rabugenta e pouco amigável, mas que lá no fundo acaba mostrando ter um bom coração.

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Um episódio é muito pouco para definir a qualidade de uma série, porém o piloto é o grande responsável por fisgar os espectadores a continuarem assistindo — principalmente com uma frequência de lançamentos semanais, que embora seja muito bem pensada pela Disney, acaba sendo um grande risco na geração do streaming que está tão acostumada a maratonar uma temporada de uma vez. No entanto, não é equivocado dizer que o início de Big Shot adianta que o desenvolvimento de seus personagens será fluido, explorando suas camadas ao longo da série.

Marvyn Korn é um ótimo exemplo disso. De um lado, o treinador se mostra um verdadeiro cabeça dura diante dos colegas de trabalho, até mesmo do chefe da escola, que não demora muito para bajulá-lo com pedidos nepotistas; de outro, a atitude muda por completo ao entrar em contato com a filha, que está vivendo com a mãe recém-divorciada em outra cidade.

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Isso expande para os demais personagens na tela, sobretudo as atletas do time. Louise (Nell Verlaque) é filha do Sr. Gruzinsky, cujos bolsos cheios de dinheiro foram os verdadeiros responsáveis por trazer Korn ao colégio, e embora a pose de aluna má e arrogante devido ao seu status social leve a uma péssima primeira impressão, não demora para o público (e até mesmo o protagonista) perceber que a pressão psicológica de seu pai é o verdadeiro problema ali.

Destiny (Tiana Le) é outra grande personagem a ficar de olho. Mesmo entusiasmada com a presença de um profissional renomado em quadra, suas expectativas caem por terra quando Korn exige que perca cinco quilos na frente de todo o time. A garota é talentosa, uma das melhores jogadoras da equipe, mas na cena seguinte desaba em lágrimas na frente do técnico, mas sem demonstrar uma fraqueza sequer. "Todos disseram que você era um psicopata", profere a jovem a Korn, durante a cena. "Mas eles estavam errados. Você é apenas um valentão."

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Outras personagens futuramente serão melhor exploradas ao longo da história, e mesmo não tendo tanto tempo de tela no piloto, Big Shot deixou bem claro que não esquecerá de nenhuma jogadora do time: seja com duas personagens que aparentemente reprimem a atração romântica uma pela outra e até mesmo a filha de Korn, cujo arco provavelmente irá além de uma linha telefônica.

É válido e inevitável comentar como a existência dessa série é importante no momento atual. A produção chega num período em que as tramas esportivas estão em alta (como a já citada Ted Lasso e a vizinha de catálogo Virando o Jogo dos Campeões), mas que, ainda assim, são protagonizadas majoritariamente por homens. Big Shot, por sua vez, destaca-se por um motivo simples, mas significativo: boa parte do elenco é composto por mulheres, desde a equipe técnica, gerência da escola e é claro, todo o time de basquete — ampliando ainda mais o espaço das modalidades femininas em programas de TV, antes destacados por Pitch (2016) ou Dare Me (2019), da Netflix, mas que ainda são raridades no ramo.

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Big Shot chega na hora certa; com um elenco de adolescentes mulheres que, de longe, poderiam aparecer numa quadra de basquete de verdade em um colégio estadunidense e, sobretudo, com corpos reais e muita representatividade em jogo.

Estrelada por John Stamos, Nell Verlaque, Yvette Nicole Brown e Jessalyn Gilsig e com episódios lançados todas as sextas-feiras, a série está disponível no Disney+.