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Dia do abraço: entenda por que seu cérebro sente falta de contato na quarentena

Por| 22 de Maio de 2020 às 18h55

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StockSnap/Pixabay
StockSnap/Pixabay

Nesta sexta-feira (22), o mundo todo celebra o Dia do Abraço. Em tempos normais, anteriores ao aparecimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2), o texto começaria perguntando se você já tinha abraçado alguém hoje. No entanto, para respeitar o isolamento social e evitar a companhia de outras pessoas (exceto as que moram juntas), os abraços estão praticamente proibidos por esses dias. Ou seja, nada de sair comemorando por aí.

Em pleno combate a pandemia da COVID-19, o médico neurocientista Fernando Campos Gomes e doutor em Neurotraumatologia Experimental pela FMUSP, explica por que podemos sentir tanta falta do contato humano durante a quarentena. Inclusive, essa ausência de afeto pode causar confusão de sentimentos e tristeza em muitas pessoas.

O que acontece?

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"O cérebro trabalha com recompensas e o fato de abraçar ou ser abraçado é capaz ativar o circuito mesolímbico dopaminérgico [um conjunto de neurônios específicos] do cérebro. Essa é uma região responsável por emoções agradáveis e uma descarga de neurotransmissores e substâncias que causam bem-estar é disparada para todo o corpo, causando a sensação de conforto que só um abraço bem apertado é capaz de causar", esclarece o neurocientista.

Sem um abraço ou até mesmo contato íntimo com outras pessoas, o que estimula as funções cerebrais e ativa os cinco sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato), o cérebro, literalmente, sofre fisiologicamente com essa ausência.  

"Como somos seres programados para viver em sociedade, estabelecer conexões nos torna mais fortes e isso está no nosso DNA. Por mais que isso não seja compensado por uma ligação em que se vê do outro lado da tela, essas ações são as únicas possíveis atualmente e podem ajudar a preencher o buraco que essa fase tem causado", avisa o neurocientista sobre como contornar essas ausências.

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Dica para a quarentena

Para evitar o estresse e angústias durante o isolamento, é importante tentar, ao máximo, manter uma rotina diária. "Neste momento de pandemia, os níveis de dopamina [conhecida como o neurotransmissor do prazer e é responsável por ativar os circuitos de recompensa do cérebro] e serotonina [hormônio que atua para regular o humor e até mesmo o sono] se alteram e aumentam naturalmente a irritação, a intolerância, faz perder a noção do tempo, do dia da semana, do mês e isso tudo vai aumentando o estresse oxidativo", explica Gomes.

Para manter o eixo hipotalâmico — área do cérebro responsável pelo ritmo circadiano e comportamento alimentar — além dos cuidados com alimentação, sono e atividade física, o neurocientista destaca a importância de organizar a semana e o dia em manhã, tarde e noite entre trabalho, estudo, descanso e lazer — mesmo que se esteja fazendo tudo isso de forma remota.