PF prende "Rei do Bitcoin" e grupo que roubou R$ 1,5 bilhão em criptomoedas
Por Felipe Gugelmin • Editado por Claudio Yuge |

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira (5) a Operação Daemon, focada em investigar um grupo suspeito de desviar mais de R$ 1,5 bilhão em criptomoedas de sete mil investidores. A operação envolveu um mandado de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 22 de busca e apreensão na cidade de Curitiba (PR) e Região Metropolitana.
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Entre os presos estão Cláudio Oliveira, o autodenominado Rei do Bitcoin, e sua esposa, ambos acusados de liderar o esquema. As investigações foram iniciadas em 2019 pela Polícia Civil e analisam a prática de crimes falimentares, de estelionato, lavagem de capitais, organização criminosa e delitos contra a economia popular e o sistema financeiro nacional.
Além dos mandados de prisão, houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueios de valores dos investigados. A operação resultou na apreensão de veículos avaliados em R$ 2,5 milhões e de outros bens que são compartilhados com a Vara de Falência de Curitiba, que será a responsável por avaliar os lucros obtidos com o golpe.
Ao site Livecoins, a PF informou que não havia mandado para cumprir especificamente a apreensão de moedas digitais. No entanto, algumas carteiras físicas forma apreendidas, e os investigadores vão averiguar o saldo contido nelas e solicitar ao judiciário o acesso aos dispositivos.
Entenda o caso
A corretora de criptomoedas investigada na Operação Daemon operou normalmente por um período de dois anos até que, em meados de 2019, se disse forçada a interromper suas operações devido a um ataque hacker. Embora um inquérito tenha sido aberto na Polícia Federal a pedido dos administradores da empresa, eles se mostraram pouco cooperativos e recusaram o acesso a documentos e informações que ajudariam no desfecho das investigações.
A empresa também havia prometido a devolução parcelada da integridade dos valores depositados e, supostamente, roubados pelos cibercriminosos. Ao ser questionada sobre o motivo de não quitar os débitos pendentes, a companhia afirmava que havia firmado acordos extrajudiciais e que dependia do andamento das investigações para conseguir fazer isso.
Esses elementos, junto a outras informações obtidas pelos investigadores, fizeram com que a Polícia Civil chegasse à conclusão de que a corretora não havia sido vítima de um ataque e que, na verdade, poderia ser a responsável por uma série de crimes. Com isso, o Ministério Público arquivou a investigação original e se iniciou uma nova apuração do ocorrido, agora com a empresa alvo.
No início de 2020, foi descoberto que o grupo oferecia contratos de investimento coletivo sem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com isso, a competência das investigações passou à Justiça Federal e à Polícia Federal, que descobriu que a corretora operava com um sistema de pirâmide financeira.
Para atrair clientes, a corretora de criptomoedas apostava em uma imagem de sucesso, com redes sociais que exibiam produtos de luxo e que realizava grandes eventos. Aos investidores eram prometidos diários garantidos, que podiam ser acompanhados de um software que exibia informações falsas — a maior parte dos valores obtidos via depósitos de criptomoedas e de valores bancários era desviada pelos donos da empresa e seus associados.
As investigações revelaram que os investigadores cometeram anteriormente crimes semelhantes nos Estados Unidos e, possivelmente, em países da Europa. Segundo a Polícia Federal, as operações realizadas nesta segunda-feira visam não somente a cessão das atividades criminosas, mas também a elucidação da participação de todos os investigados, bem como o rastreamento patrimonial para viabilizar à reparação aos danos causados, mesmo que de forma parcial.
Fonte: Polícia Federal, Livecoins