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Produtor da Sega revela como o 32X matou o Saturn e a própria empresa

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Frédéric Bisson/Wikimedia Commons
Frédéric Bisson/Wikimedia Commons

Embora todo mundo tenha colocado o fracasso do Sega Saturn nas costas do PlayStation e do Nintendo 64, dois consoles que conseguiram atrair muito mais a atenção do público, um produtor da própria Sega ressuscitou a discussão 30 anos depois para apresentar um novo culpado — e, desta vez, vindo da própria empresa: o 32X.

Em seu livro Sega Hard Senki, o produtor criativo da então fabricante, Yosuke Okunari, diz que um dos principais responsáveis pelo fracasso do Saturn não foi a concorrência de outros consoles, mas a confusão que a própria Sega causou com o dispositivo.

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Para quem não lembra, o 32X era um acessório feito para o Mega Drive para aumentar a potência do console e que era acoplado no videogame. Lançado em 1994, a ideia original era manter a grande base de usuários que o sistema — chamado de Sega Genesis nos EUA — tinha no país naquela época, estendendo a geração por mais tempo. Em tese, era uma espécie de DLC do videogame.

O problema foi que a ideia foi um verdadeiro fracasso — além de ser uma aberração do design. Com 600 mil unidades vendidas, ele não conseguiu bater de frente com os novos consoles da Sony e Nintendo e foi descontinuado no ano seguinte. E agora a gente vê que o dano causado pelo acessório foi ainda maior.

Apostas erradas no 32X

Okunari detalha em seu livro que a insistência da Sega of America com o 32X custou caro em todos os sentidos. Além de ter sido um hardware que exigiu muito dos cofres da empresa, os esforços e o tempo dedicado a vender o produto em seu único ano no mercado colocaram a fabricante em uma enorme desvantagem em relação à concorrência.

“A Sega dedicou uma parte significativa de suas capacidades de desenvolvimento de jogos ao 32X (e muito do seu estoque de hardware, já que o 32X usava o mesmo chip do Saturn) durante a temporada de vendas de fim de ano 1994”, descreve Okunari. E foi esse péssimo planejamento que sacramentou o destino do Saturn.

Segundo o produtor criativo, a divisão americana da Sega percebeu o fracasso do 32X e tentou se voltar para o lançamento do Saturn no país, mas já era tarde demais. Ao dedicar tempo e esforço demais ao acessório acoplável, a Sega fez com que o Saturn tivesse um lançamento mais fraco.

Isso porque, como ele relembra, a falta de jogos e de estoque do console pesaram demais. “Apesar do sucesso de Virtua Fighter tivesse dado ao Saturn um grande início no Japão, o console foi frequentemente ficando fora de estoque ao longo de seu primeiro ano por causa da falta de componentes”, escreve o produtor. “Além disso, a falta de grandes jogos impediu que o Saturn se mantivesse à frente do PlayStation”.

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Assim, as vendas do sistema nunca emplacaram de verdade e a empresa teve que ver seu público migrar para a Sony e Nintendo. De quebra, a tal força que o Mega Drive tinha no mercado americano começou a se desfazer de modo que o console já não conseguia mais bater de frente nem com o SNES em seus últimos anos antes do Nintendo 64.

“O custo desses fracassos foi tão grande que a Sega nunca mais foi capaz de derrotar seus rivais na América e na Europa novamente”, conclui Yosuke Okunari.

Ao longo de todo o seu ciclo de vida, que durou apenas quatro anos, o Sega Saturn vendeu cerca de 9,2 milhões de unidades. Em termos de comparação, seu principal rival conseguiu um número mais de onze vezes maior, com o primeiro PlayStation batendo os 102,4 consoles vendidos em todo o mundo.