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Esqueceu a palavra que queria falar? A ciência explica

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Tachina Lee/Unsplash
Tachina Lee/Unsplash

Já passou por uma situação onde você quer falar uma palavra, mas esqueceu-se dela… e ficou com ela “na ponta da língua” por muito tempo? Não se preocupe — isso não é sinal de demência, Alzheimer ou doenças degenerativas. Na verdade, é bastante comum, em todas as línguas e em todos os países.

O fenômeno, chamado letológica, atinge até mesmo quem se comunica através da língua de sinais (no Brasil, LIBRAS), mas, quanto à ciência da coisa, a resposta, ironicamente, também está na ponta da língua — isto é, não foi encontrada. Não de forma satisfatória, pelo menos.

Letológica e as palavras esquecidas

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As primeiras pesquisas que tocaram no tema do porquê se esquece foram feitas em 1966, e as primeiras teorias, dos anos 1970 e 1980, acreditavam que a letológica seria o resultado do cérebro escolhendo a palavra errada para falarmos, mas fonologicamente parecida (ou seja, com um som aproximado). Nos anos 1990, no entanto, com poucas evidências para tal, a hipótese foi abandonada.

Alguns cientistas mergulharam nas teorias de produção do discurso. Falar é um processo complexo e cheio de estágios: primeiro, nosso cérebro escolhe uma palavra abstrata (chamada lema ou lexia) que melhor expresse o sentido do que queremos falar, e lhe dá as propriedades sintáticas necessárias, como classe gramatical.

Então, chega a parte fonológica, quando expressamos as sílabas e fonemas da palavra com a voz. Alguns pesquisadores acreditam que a explicação, então, está no fato de que, na primeira parte do processo, a escolha da lema é feita corretamente, mas a tradução dela em sons falha, e por isso "esquecemos".

Isso explicaria, por exemplo, os casos onde, apesar do esquecimento, lembramos do “estilo” da palavra, por exemplo, se começa com “b”, se é longa ou curta, mas sem lembrar da palavra em si. Só há um problema — uma pesquisa recente mostrou que esse sentimento de quase lembrar de uma palavra pode ser uma ilusão. 

Em testes, cientistas de psicologia cognitiva da Universidade Estadual do Colorado notaram que a maioria das pessoas simplesmente não se lembram de nada, ao invés de lembrar de alguns atributos da palavra, e, mesmo quando lembram de alguns detalhes, eles acabam estando errados ao encontrar a palavra.

Ter a palavra na ponta da língua pode ser uma ilusão, segundo os resultados, publicados na revista científica Psychology Today. Enquanto o fenômeno continua misterioso, há algumas dicas científicas para contorná-lo.

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As palavras mais esquecidas, por exemplo, são nomes próprios e vocabulário pouco usado. Palavras como “ábaco” e “marsupial” são normais de se esquecer — se você não se lembra da palavra “caneta”, no entanto, isso pode realmente ser motivo para uma visita ao médico.

Uma estratégia comum é tentar lembrar de palavras com a mesma letra inicial, mas estudos mostram que encontrar a primeira sílaba pode ajudar mais. Se a palavra começa com “l”, então, é bom tentar pensar em “la”, “le”, “li”, “lo”, “lu” para encontrá-la. Quanto a nomes, tentar pensar em nomes parecidos é contraproducente, então prefira deixar o cérebro em paz até que ele se lembre sozinho, nestes casos.

Fonte: Psychology Today, Cognition, Language and Aging, The Tip of the Tongue Phenomenon, APA