Quais as principais diferenças e semelhanças na conectividade do Brasil e México
Por Leandro Gaunszer |
A era digital transformou radicalmente a maneira como nos conectamos, impactando todos os aspectos da vida social e econômica. Nesse contexto, a conectividade tornou-se um pilar fundamental para o desenvolvimento. Brasil e México, as duas maiores economias da América Latina, segundo relatório do FMI, oferecem perspectivas interessantes sobre como a conectividade pode evoluir em países emergentes. Aqui comento as principais semelhanças e diferenças, abordando infraestrutura, acessibilidade, políticas governamentais e desafios futuros.
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O que temos em comum
Tanto o Brasil quanto o México experimentaram um crescimento significativo no número de usuários de internet nos últimos anos. Esse aumento é impulsionado pela expansão da infraestrutura de telecomunicações (seja terrestre ou não) e pela crescente disponibilidade de dispositivos móveis mais acessíveis.
Outra semelhança importante é a questão da acessibilidade. Apesar do crescimento rápido, tanto o Brasil quanto o México enfrentam desafios significativos em termos de acesso equitativo à internet. Áreas rurais e comunidades menos favorecidas em ambos os países muitas vezes enfrentam experiências limitadas, o que exacerba as desigualdades sociais e econômicas. Até mesmo cidades gigantescas como São Paulo e Cidade do México contam com locais completamente desconectados.
Olhando para mais um ponto em comum, no México existe uma empresa vinculada ao governo, focada em levar conexão de qualidade para o maior número de pessoas e ela também faz isso em locais remotos. Por lá é chamada de CFE e no Brasil temos o Programa de Governo Eletrônico — Serviço de Atendimento ao Cidadão (GESAC), criado em 2002 e com o mesmo objetivo: inclusão digital.
Somos diferentes em pontos importantes
Uma das principais diferenças entre Brasil e México reside na infraestrutura de telecomunicações. O Brasil, com seu território vasto e diversificado, enfrenta desafios únicos na expansão da conectividade para áreas remotas. O México, embora menor que nosso país, tem uma distribuição de população que às vezes facilita a implementação de infraestrutura e torna a conectividade menos desigual.
Este ponto leva para outro justamente sobre a desigualdade de locais longe de grandes centros, onde no Brasil muitos sequer contam com algum tipo de conexão. Este cenário não condiz com o maior percentual de brasileiros conectados quando comparamos com os mexicanos.
No México são 78,6% dos habitantes contam com algum tipo de conexão (dados do Instituto Nacional de Estadística y Geografía (INEGI) e Instituto Federal de Telecomunicaciones (IFT)), enquanto são 87,2% dos brasileiros (IBGE em 2023).
O nível de investimento em tecnologias de conectividade também difere entre os dois países. O Brasil tem demonstrado um forte compromisso com a adoção de tecnologias de ponta, como 5G, com várias cidades já implementando ou testando essa tecnologia. O México, por sua vez, tem avançado mais lentamente na adoção do 5G, concentrando-se em fortalecer sua infraestrutura existente e melhorar a qualidade da conexão.
Segundo o Statista, existem mais provedores de conexão 5G no Brasil do que no México.
Brasil e México já estão no rumo certo
Enquanto Brasil e México compartilham várias semelhanças em sua jornada para melhorar a conectividade, como o crescimento rápido da internet e os esforços para superar desafios de acessibilidade, eles também apresentam diferenças notáveis, especialmente em termos de infraestrutura, investimento em tecnologia e políticas governamentais.
Olhando para o futuro, ambos os países têm oportunidades significativas para melhorar a conectividade, enfrentando desafios únicos. A colaboração entre governos, setor privado e comunidades é crucial para superar esses obstáculos e garantir que os benefícios da era digital sejam acessíveis a todos e em todos os locais.