Mães gamers são players importantes para formar as próximas gerações
Por Giovana Gaiolli |
O universo gamer está cada vez mais inclusivo e o número de mães que se identificam como gamers também estar aumentando é tanto uma consequência quanto um catalisador desse processo. Além da própria história dos videogames, muitas mães atuais literalmente cresceram jogando, e, na prática, sempre foram gamers.
- Interatividade com os jogos para além das telas
- Mulheres nos games | Escrevendo a história para contar histórias
A diferença, no entanto, é que algumas não se enxergavam como gamers pela falta de representatividade nas personagens, pelos estigmas de uma comunidade majoritariamente masculina, e, principalmente, pelo preconceito, que fatalmente quebra qualquer possibilidade de se reconhecerem como parte desse grupo.
Conforme essas barreiras foram sendo quebradas e pela própria visibilidade maior do cenário dos games, ainda mais mães passaram a despertar interesse por jogos, seja para se aproximar de seus filhos, seja para buscar uma nova forma de diversão, seja por incentivar na educação. Isso sem mencionar as diversas histórias contadas em jogos que verdadeiras jornadas maternas, como Yennefer em The Witcher 3. Mesmo sem ser mãe biológica de Ciri, a defende com todos os seus poderes, e ainda passa muito de seu conhecimento para a filha de coração.
Player importante na evolução dos games
As próprias desenvolvedoras enxergam nesse público uma enorme possibilidade tanto de expandir sua presença quanto de melhorar a própria experiência de ser gamer. Um termo bastante conhecido entre os desenvolvedores de software é o “Mom Test”, que visa utilizar o feedback de mães para melhorar as mecânicas de interfaces de aplicações, inclusive de jogos.
Isso porque, segundo Stephen Mortimer, ex-desenvolvedor da Nintendo e Diretor de Gameplay da RIOT, de League of Legends, crianças e gamers veteranos estão acostumados a lidar com interfaces ruins e mecânicas confusas.
Por essa razão, a opinião de um público que ainda é relativamente recente nesse universo é muito mais valiosa e geralmente aponta problemas que passam despercebidos por muitos gamers e programadores veteranos. Ter essa visão em mente desde o processo de concepção dos jogos é essencial para garantir que esses mundos sejam, de fato, para todos.
À medida que a indústria de videogames continua a evoluir, podemos esperar ver representações ainda mais autênticas e inclusivas da intuição materna. As desenvolvedoras estão cada vez mais conscientes da necessidade de diversificar as histórias contadas nos videogames e de dar voz a uma variedade mais ampla de experiências maternas. Isso significa criar personagens femininas complexas e multifacetadas que não se encaixam em estereótipos de gênero e que exploram os desafios e alegrias da maternidade de maneiras significativas. Exergo uma oportunidade imensa nesse cenario recente em trabalhar uma demanda social importantíssima através do entretenimento.
Atividade em família
Outro fator importantíssimo dos games é o elemento social e seu apelo para aproximar as pessoas. Assim como esportes unem amigos e famílias em torcidas, campeonatos e atividades em grupo, a popularidade cada vez maior dos eSports exerce o mesmo papel.
Tanto que a própria equipe profissional iNCO foi fundada pela empresária Susy Egeter, que começou gostar de jogos inspirada pelo amor que seu filho e marido já tinham por esse universo. Inclusive, por lidar com jogadores muito jovens, em sua maioria, a própria Susy se considera mãe de muitos de seus atletas e representantes.
No entanto, esse apelo social vai muito além do cenário competitivo, e também inclui games pensados para serem jogados em parceria, localmente, como It Takes Two, Sackboy: Uma Grande Aventura e uma variedade de outras aventuras cooperativas. Hoje em dia, ser mãe e ser gamer, nem de longe precisam ser realidades distintas, e mais que isso podem ser complementares e importantíssimas para aproximar ainda mais famílias.
Chego em casa e a primeira coisa que ouço é: posso jogar, mãe?! Essa frase alterou ultimamente para “vamos jogar, mãe?!” essa aproximação é crucial na educação e acompanhamento dos nossos filhos. Estar perto não significa estar na mesma sala, mas sim interagindo e participando das emoções mais genuinas desses pequenos. Atraves do jogo, conhecemos também a personalidade das crianças e podemos incentivá-las e ser exemplos positivos. A competição junto com a colaboração traz um sentido maravilhoso para nossas tardes de jogos.
O mês é do Dia das Mães, e essa pode ser uma excelente oportunidade de abraçar o nosso lado gamer. Criar novas tradições esticando o almoço de domingo para uma tarde de jogatina defendendo o bombsite no Valorant pode ser um passo importante para aprofundar laços em família, e de quebra ainda criar uma nova geração de gamers que entende desde cedo que esse espaço é de todos e para todos.