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Como transformar o cenário socioeconômico através da educação em TI

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Compare Fibre/Unsplash
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São 500 mil vagas na área de TI. Cerca de 10 milhões de desempregados. Perdas de R$ 167 bilhões por falta de mão de obra em TI. Mais de 33 milhões de pessoas passando fome e 45% das crianças brasileiras de 0 a 14 anos vivendo em situação de pobreza.

Essa quantidade enorme de desempregados que não conseguem recolocação no mercado já dá o recado: hoje, não só as posições de trabalho na área de TI, mas também em diversas outras áreas voltadas para o trabalho intelectual, exigem alto grau de habilidades e conhecimento. Não é mais sobre apertar um parafuso, e sim sobre configurar a máquina que faz isso; não é mais sobre dirigir um trator, e sim sobre operar um trator e toda sua tecnologia embarcada; não é mais sobre digitar o pedido no sistema, e sim sobre resolver os pedidos que deram problema. E para isso é imperativo que consigamos desenvolver as habilidades cognitivas e sociais dos trabalhadores, pois só assim vamos conseguir formar profissionais aderentes às demandas atuais das posições de alto valor agregado.

Eu tenho o palpite de que o desenvolvimento dessas habilidades essenciais para o trabalho na área de TI, sejam elas cognitivas, sejam sociais ou comportamentais (vide artigo “As habilidades essenciais para ter sucesso nas próximas décadas”), não são desenvolvidas em 6 meses ou 1 ano de curso, atrás de uma carteira em sala de aula ou na frente do computador. Afinal, não são aprendizados instantâneos, e sim de um lento desenvolvimento ao longo do tempo.

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Por isso é necessário investir na base, é preciso investir nas crianças e adolescentes. Só assim vamos conseguir formar bons profissionais para as posições de trabalho do futuro (que já é presente).

“Temos que investir em TI igual os times de futebol investem nos times de base”, — Matheus Goyas, da Trybe, no SVWC 2022.

Ao longo da minha carreira desenvolvi diversos times de TI, e a grande maioria dos bons profissionais vieram das periferias. Profissionais esses que, ao receberem um bom apoio profissional e de formação educacional, se tornaram expoentes na região onde vivem. O que mais ouvi deles foi algo como: “...na periferia nosso radar está ligado 24h por dia, com visão de 360 graus. É questão de sobrevivência, afinal, todo dia é dia de lutar pelo almoço, pela janta, pela nossa proteção, pelo nosso espaço...”. Minha opinião é que neste ambiente, apesar do padrão de vida abaixo do ideal, as habilidades cognitivas, sociais e comportamentais essenciais a essas funções de alto valor agregado acabam sendo muito bem desenvolvidas.

No entanto, todo esse potencial é desperdiçado ao nos depararmos com uma educação infanto-juvenil que não potencializa essas habilidades. Conversando com empresários, a leitura é de que o governo falha no processo de Educação. Mas será que o papel de ofertar essa formação de base é só do governo? Será que as empresas não têm essa obrigação também, se não por uma questão social, por uma questão financeira? A conta é simples: Perdemos de forma direta R$ 167 bilhões de reais em oportunidades por falta de mão de obra em TI no Brasil. R$ 167 BILHÕES! É o típico cenário onde não fazer nada traz as maiores perdas.

Se estes mesmos setores investissem 20% deste valor em educação básica por ano, cerca de 1,5 milhão de crianças poderiam ter acesso ao ensino de qualidade, com foco no desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociais, que são a base para a formação de bons profissionais de TI e outras profissões.

E o que isso significa? Que em 5 anos essas mesmas pessoas iniciariam sua entrada no mercado de trabalho de forma mais preparada e em carreiras com maior valor agregado, gerando uma renda maior para sua família, ampliando o comércio e o poder aquisitivo da região onde mora, e alimentando um ciclo ganha-ganha onde essas famílias gradativamente sairiam da linha de pobreza. As empresas estariam não só formando mão de obra qualificada para atender às suas demandas, como estariam formando novos consumidores!

Mas infelizmente esse tipo de iniciativa é vista como utópica, como inviável, como um sonho ingênuo. Afinal... “não somos a Coréia do Sul, né?”