Retratos Fantasmas: Por que filme brasileiro está no Top 10 de 2024 do NY Times
Por Paulinha Alves |
No último sábado (30), oThe New York Times divulgou sua tradicional lista de fim de ano em que elege os 10 melhores filmes lançados no período. Seleção esta que, em 2024, foi encabeçada pelo título indiano All We Imagine as Light, e contou com a presença do longa brasileiro Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho (Bacurau), em sexto lugar.
Embora tenha sido lançado no Brasil na metade do ano passado, o longa documental chegou aos Estados Unidos apenas neste ano, o que explica porque o filme eleito como o representante do Brasil no Oscar 2023 (e que, infelizmente, não chegou até a lista final da academia) só foi ”notado” em 2024 nos EUA.
No Festival de Cannes, onde fez sua estreia, e em terras tupiniquins, no entanto, Retratos Fantasmas já era um sucesso. Uma aclamação vinda tanto da delicadeza do documentário em retratar um tema aparentemente simples, mas que mostrava muito das transformações vividas por uma cidade, quanto do tom pessoal adotado para a produção.
Um retrato poético da vida, dos cinemas e de Recife
Documentário que mostra essencialmente a história dos cinemas de rua de Recife no século XX, Retratos Fantasmas é um filme parcialmente autobiográfico de Kleber Mendonça Filho.
O próprio cineasta, um recifense nascido em 1968, que cresceu indo aos cinemas de rua e brincando de gravar filmes caseiros e improvisados com os amigos, trabalhou como assistente em um dos maiores cinemas da cidade, local onde fez inúmeras imagens do local e do público que o frequentava.
De posse dessas gravações, de materiais de arquivo que coletou e de inúmeros outros vídeos que fez e no qual retratou seu antigo apartamento, em que viveu por muitos anos com sua família, Kleber deu vida a um filme que fala um pouco sobre a sua história, a história de Recife e de seus cinemas.
Um compilado de temas que podem até parecer desconexos, mas que na prática são complementares e prestam uma grande homenagem às salas cinematográficas. Um tipo de entretenimento antes vivido quase sempre nas ruas da cidade e de maneira muito mais coletiva, que hoje transformou-se em algo muito diferente.
Longa brasileiro fez sucesso no exterior
Aclamado dentro e fora do país desde sua estreia em maio do ano passado no Festival de Cannes, Retratos Fantasmas parece ter conseguido conquistar a todos, recifenses ou não, por tratar de uma experiência que embora localizada está relacionada a um amor universal: a paixão pela sétima arte.
Não à toa, o filme esteve em dezenas de festivais pelo mundo, como o Festival de Cinema de Gramado, o Sydney Film Festival, o Toronto International Film Festival, o Santiago Festival Internacional de Cine e o New York Film Festival. Uma aclamação mundial que faz entender sua presença na lista do The New York Times.
Realizado com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), do Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Retratos Fantasmas é uma obra-prima brasileira da mais alta qualidade.
Para quem ficou curioso, o filme está disponível na Netflix.
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