Pantera Negra: Wakanda para Sempre tem cena pós-crédito?
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
O novo Pantera Negra: Wakanda para Sempre chega aos cinemas nesta quinta-feira (10) e, mantendo a tradição da Marvel, traz uma única cena pós-crédito para fechar a história apresentada até ali. Só que, diferente das outras sequências do tipo que vimos ao longo dos últimos anos, ela traz um tom e um peso muito mais emotivo e que altera o significado de muitas coisas.
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Por isso, a cena é também uma das maiores já feitas pelo Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês). Sem se importar em criar um gancho para o próximo longa ou coisa do tipo, trata-se de um momento bastante impactante e que pontua muito bem a necessidade de seguir em frente que permeia o roteiro e o peso do legado deixado por T’Challa e Chadwick Boseman.
Desnecessário dizer que esse texto tem spoilers de Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Se você ainda não viu o filme, pare por aqui para evitar saber mais do que deveria antes de ir ao cinema.
Qual é a cena pós-crédito de Pantera Negra: Wakanda para Sempre?
O novo filme da Marvel termina com Shuri (Letitia Wright) indo até o Haiti para se encontrar com Nakia (Lupita Nyong’o), que administra um centro de ajuda wakandano no país caribenho. A agora rainha vai até lá para que possa realizar o ritual que marca o fim do luto, queimando as vestimentas que ela usou no funeral de T’Challa.
A última cena do filme é justamente com Shuri sentada à frente de uma fogueira na beira da praia enquanto se lembra de seu irmão. Assim, o longa termina em um momento muito emocionante com algumas imagens de Chadwick Boseman sendo mostradas. Não há nenhuma fala, narração ou mesmo trilha sonora — e esse silêncio torna tudo mais pesado.
É assim que Pantera Negra: Wakanda para Sempre acaba. Logo após esse momento, surgem os créditos com a música Lift Me Up, de Rihanna, que é igualmente muito emocionante e que casa muito bem com todo esse momento de despedida.
E é ao término da canção que a cena pós-crédito começa, dando continuidade ao momento contemplativo e introspectivo de Shuri. Isso porque Nakia entra em cena — e não vem sozinha. Ao lado dela, um pequeno garoto de cinco ou seis anos.
O filme então faz a grande revelação: o menino é ninguém menos do que o filho de T’Challa. Nakia apresenta a criança como Toussaint e explica que ela e o antigo rei de Wakanda decidiram manter o garoto longe de seu país de origem para que ele pudesse crescer longe da pressão do trono e tivesse uma infância comum.
Ainda atordoada com a novidade, Shuri questiona se sua mãe, a falecida rainha Ramonda (Angela Bassett), sabia da criança e Nakia diz que sim — o que muda completamente a nossa percepção sobre a ida da monarca até o Haiti em determinado ponto da trama. Aliás, a personagem de Lupita também diz que o próprio Pantera Negra já tinha preparado os dois para sua morte e que, por isso, eles não foram para Wakanda em seu funeral, realizando um ritual próprio na praia.
Por fim, o próprio Toussaint interrompe a conversa para questionar sua tia se ela era boa em guardar segredos. Ao ouvir que sim, ele revela que aquele é seu nome fora de Wakanda e que ele é, na verdade, o príncipe T’Challa, filho do rei T’Challa, encerrando a cena e com o emocional de qualquer pessoa no cinema.
O que essa cena significa
Ao contrário de todas as cenas pós-crédito do MCU, Pantera Negra: Wakanda para Sempre não traz um gancho para o futuro da franquia e tampouco faz piada. Como dito, a cena é muito mais uma homenagem a Chadwick Boseman e ao seu legado como essa figura inspiradora para a comunidade negra de todo o mundo.
Muita gente especulou que essa breve sequência seria uma carta na manga da Marvel para apresentar um novo Pantera para o caso de a rejeição a Letitia Wright ser muito grande. A atriz se envolveu em várias polêmicas durante a pandemia da covid-19 e, por isso, muitos acreditavam que ela não seria a escolhida para assumir o manto do herói. Assim, o jovem príncipe poderia assumir como um Plano B.
Contudo, não há nada que realmente indique algo nesse sentido e é uma hipótese que nem faz sentido por causa da idade do garoto. Na verdade, a cena em si tem um peso muito maior do que essa coisa de futuro do MCU ao qual o pessoal gosta tanto de se apegar.
Como dito, a revelação de Toussaint é uma enorme homenagem a T’Challa e ao próprio Chadwick Boseman. Na prática, nada representa mais um legado do que a chegada de uma nova geração para dar continuidade a uma linhagem. Assim, a simples existência dessa criança já é emblemática o bastante.
Só que há uma camada a mais. O nome Toussaint é uma referência a Toussaint Louverture, um importante personagem histórico e da cultura negra nas Américas. Ele foi um dos principais líderes da Revolução Haitiana, liderando escravos a lutarem contra seus senhores e levando o país a ser o primeiro da região a declarar independência de sua colônia europeia.
E isso é extremamente representativo dentro do Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Primeiro, porque faz com que a escolha de colocar Nakia e o filho no Haiti faça todo o sentido. É uma nação que carrega um peso simbólico muito forte nessa postura anticolonial — afinal, ela nasce a partir de uma revolta de escravos que lutaram pela própria liberdade. Além disso, faz com que o príncipe de T’Challa carregue não só o nome do pai, mas também desse líder tão poderoso.
Isso tudo dá à linhagem do Pantera Negra um sentido muito mais amplo e profundo, combinando com aquilo que o próprio Chadwick Boseman representou. Depois da estreia do primeiro filme do herói, em 2018, o ator passou a ser encarado por todo o mundo — e principalmente pela comunidade negra — como essa majestade, alguém que era um símbolo desse orgulho negro.
Assim, encerrar Wakanda para Sempre com esse apanhado de homenagens é uma belíssima forma de reverenciar o legado do personagem, do ator e de tudo o que eles representam dentro e fora das telas.