Crítica Ritmo de Natal | Filme do Globoplay erra no desenvolvimento da trama
Por Diandra Guedes • Editado por Durval Ramos |
O Globoplay decidiu pegar carona nos filmes de Natal e apostou em um lançamento especial para esta época do ano com o longa Ritmo de Natal, uma comédia original que segue a cartilha de produções do gênero. Com um elenco de peso sendo encabeçado pela talentosíssima Taís Araújo, a trama tinha tudo para ser a melhor entre os títulos natalinos do ano, mas que errou no desenrolar da história e derrapou na pista.
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O longa começa mostrando como Mileny (Clara Moneke), uma famosa cantora de funk, e Dante (Isacque Lopes), um jovem violinista, se conheceram e se apaixonaram. Os dois atores já tinham trabalhado em Vai na Fé, novela da Rede Globo que foi exibida até agosto, e não tiveram dificuldades para entregar química em cena, mas a construção do relacionamento de seus personagens foi tão apressada que ficou difícil se identificar com eles. Apesar disso, até esse ponto, o filme ainda prometia deslanchar — coisa que não acontece mais pra frente.
Seguindo a trama, o casal decide passar o Natal na casa de Petrópolis da família de Mileny, já que eles iriam para Orlando. Acontece que, devido a um imprevisto, os parentes chegam sem avisar e flagram Dante nu e a filha de lingerie. A partir daí, o que se segue é um clássico pastelão recheado de confusões interpessoais já conhecidas do público, ou seja, sem nenhuma novidade.
O filme ganha mais corpo quando Inês (Taís), a mãe de Dante, é convidada para a cerimônia e, em um ataque de estrelismo, decide reorganizar a festa toda. Sisuda e antipática, a personagem é uma ótima antagonista e Taís, como não poderia deixar de ser, faz um excelente trabalho em cena. Ela não se deixa contaminar pelo espírito cômico da trama e mantém a postura de persona non grata o tempo todo, tendo momentos brilhantes como quando obriga MC Barbatana (Paulo Tiefenthaler) — o pai de Mileny — a tomar seu drink natalino.
E, por falar nele, o personagem também faz a trama ganhar forças, pois seu jeito excêntrico e animado contrasta bem com o de Inês. Sendo assim, a verdade é que Ritmo de Natal não peca no elenco, pelo contrário, mas mesmo entregando personagens cativantes, não os desenvolve bem.
Com exceção da dupla citada acima, o restante fica solto na trama — até mesmo os protagonistas —, quase como enfeites dessa mesa de Natal, e o roteiro foca apenas nessa rixa de funk versus música clássica, sem se aprofundar em outros pormenores interessantes. Há cenas completamente inúteis, como quando a avó da família de funkeiros descobre um vibrador. A sensação que fica é que esse gancho seria explorado adiante, algo que não acontece.
Filme faz boa representação do Natal brasileiro
Se por um lado, Ritmo de Natal erra feio no desenvolvimento, por outro acerta na escolha da representação da data. Deixando o modelo estadunidense de lado, o filme mostra a festividade bem brasileira, com todos de roupas leves e várias tradições se misturando ao mesmo tempo. Tem árvore enfeitada, macarronese misturada com uma espécie de quentão, amigo oculto, jogo de mímica, e até merchandising da Coca-Cola. É uma cenografia que agrada e remete à ceia da maioria das famílias brasileiras.
O diretor Allan Fiterman também explora com sabedoria o talento musical de Isacque Lopes, criando um momento para ele brilhar no final do filme. E, por falar nisso, a trilha sonora também agrada, mostrando que a junção de funk e música clássica pode criar uma incrível melodia.
No entanto, mesmo com esses acertos, o que dói é ver que um filme que tem um elenco tão bom e um argumento promissor morreu na praia por causa de um desenvolvimento mal feito e ritmo acelerado. Se tivesse dedicado mais tempo a aprofundar cada arco dos personagens, o longa seria, sem dúvidas, um dos melhores filmes natalinos do ano.
Ainda assim, quem quiser poderá vê-lo no Globoplay. Na TV aberta, Ritmo de Natal será exibido na Rede Globo, após a novela Terra e Paixão, no dia 18 de dezembro.