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Crítica Os Mercenários 4 | Está na hora de aposentar essa galera

Por| Editado por Jones Oliveira | 21 de Setembro de 2023 às 19h00

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Reprodução/Lionsgate
Reprodução/Lionsgate

A ideia por trás da franquia Os Mercenários é relativamente boa. Juntar astros de ação do passado como veteranos salvando o mundo chama a atenção e tem um público que os assistiu nos anos 1980 preparado para eles. Só que, ao chegar no quarto capítulo da série — o que já é impressionante por si só —, é possível dizer que talvez seja a hora de largar as armas, aproveitar que a idade chegou mesmo e curtir uma aposentadoria, porque não dá mais.

Os Mercenários 4 mostra como a fórmula da franquia está desgastada, com cenas de ação que não chegam a ser ruins, mas custam a empolgar, atuações sofríveis e uma história que faz grandes clássicos de ação dos anos 1980 parecerem filmes de arte.

Tudo feito de qualquer jeito

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Com poucos minutos de Os Mercenários 4, vemos uma fábrica no deserto da Líbia. Ver todos os soldados no meio do deserto com camuflagem verde já me fez pensar "Então será esse tipo de filme". Segundos depois, um soldado é morto furtivamente por um atirador de elite.

"Então veremos uma cena de infiltração bem construída", eu pensei. Segundos depois, um helicóptero surge acabando com qualquer possibilidade de uma invasão silenciosa no local, atirando mísseis e metralhando quem estivesse pelo caminho.

Nesses poucos segundos, é possível entender exatamente o que Os Mercenários 4 é: um filme que quer ser várias coisas ao mesmo tempo, mas acima de tudo, um filme que parece ter sido feito de qualquer jeito.

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Não existe muito cuidado em fazer as coisas terem sentido. "Precisamos de soldados". Coloca um pessoal vestido de soldado com roupa verde no meio do deserto. "Essa cena de ação poderia começar silenciosa e gradualmente fica mais emocionante". Coloca um sniper e, no segundo seguinte, acaba com o mistério atirando um míssil.

Poderia ser implicância e até bobo da minha parte esperar algo grandioso de Os Mercenários 4, mas eu esperava que pelo menos as coisas fizessem o mínimo sentido. Só que, ao longo do filme, você percebe que decisões foram tomadas usando a desculpa "Nos anos 80, ninguém reclamava disso".

Se funcionou nos filmes anteriores da série, principalmente nos dois primeiros, aqui isso parece bobo. O que poderia ser um filme com ação absurda e frases de efeito, como acontecia nas produções do passado, aqui tem uma primeira hora que comete o maior pecado que um filme de ação pode cometer: ser sem graça.

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Um fiapo de história

Os Mercenários 4 coloca Sylvester Stallone (Creed 2) e Jason Statham (Velozes e Furiosos 10) novamente no comando de um grupo de ex-soldados que trabalham para o governo em missões secretas. Nesse filme, eles precisam impedir um terrorista, vivido por Iko Uwais (Operação Invasão), de roubar detonadores de armas nucleares para um misterioso bandido internacional.

O filme ainda introduz uma nova personagem, interpretada pela atriz Megan Fox (Transformers), que tem como personalidade ser bonita, namorada do personagem de Jason Statham, e conseguir dar hurricanranas — um golpe de luta livre. Ela é uma mercenária como os dois, mas nunca é tratada como igual a eles, mesmo com alguns indícios de ser bastante competente no trabalho.

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O filme ainda introduz Curtis Jackson, rapper conhecido como 50 Cent, que parece estar no filme para que uma piada bem específica seja feita no seu terceiro ato. Pelo menos, vale a pena. Além dele, Andy Garcia (11 Homens e Um Segredo) interpreta um agente da CIA que passa a missão para o grupo.

Sabendo disso e acompanhando os primeiros 20 minutos de filme, você consegue prever praticamente tudo o que acontece nele. Chega a ser impressionante, ainda que um plot twist aconteça do nada e em vez de o espectador pensar "Bem pensado", certamente vai ter o pensamento que tiraram aquilo do nada porque sim.

Mas a pancadaria de Os Mercenários 4 é boa?

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Vamos para o que interessa, que é a ação do filme. As cenas de ação não são ruins, mas são pouco inspiradas. Elas se resumem a troca de tiros e alguns momentos de luta corpo a corpo.

Esses momentos de luta, principalmente os que envolvem Uwais e Tony Jaa (Ong Bak), são os melhores do filme e só mostram como os dois são desperdiçados na produção. É uma pancadaria bonita de se ver, mas que acaba soterrada em cenas com soldados sem o menor preparo tomando tiro de qualquer jeito.

O fato de o filme ter alardeado tanto o retorno da franquia para classificações para maiores de idade, podendo pesar mais a mão na violência, faz bastante sentido, pois algumas cenas são até desnecessariamente violentas. São cabeças explodindo, corpos metralhados, esfaqueamentos de todos os tipos que chega um momento em que você começa a rir do absurdo.

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Tudo isso acontece no terceiro ato do filme, quando parece que você já se acostumou com os erros cometidos e, junto com ele, abraça esse lado divertido que fez a franquia ter sucesso.

Chegando ao seu final, esses últimos minutos divertidos fazem ser mais doído falar que chegou a hora de aposentar essa franquia. Porque existe algo divertido a ser feito com ela, principalmente quando ela não quer se levar a sério em vez de só querer agradar a um público antigo que nem se importa tanto com ela.

Só que Os Mercenários 4 comete alguns erros que estão claramente ligados a uma vontade de querer ser um filme de décadas atrás que parece só uma produção qualquer que você poderia alugar em 1996. Pode agradar a algumas pessoas, mas vai ficando cada vez mais difícil defender esse tipo de produção.

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Os Mercenários 4 já está em cartaz nos cinemas brasileiros.