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Crítica O Assassino | Mantenha o controle e nunca se desvie do plano

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Reprodução/Netflix
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Histórias sobre assassinos e seus métodos de trabalho estão longe de ser uma novidade na filmografia de David Fincher. O diretor, que possui mais de 30 anos de carreira, foi o responsável por retratar alguns dos homicidas mais peculiares do cinema, como é o caso dos antagonistas de Seven (1995) e Zodíaco (2007). Em O Assassino, seu mais recente filme que acaba de chegar à Netflix, as coisas são um pouco diferentes, não apenas pelo tipo de criminoso com que estamos lidando, mas também pelo que ele nos diz.

Baseada em uma graphic novel francesa escrita por Alexis “Matz' Nolent e ilustrada por Luc Jacamon, O Assassino teve seu projeto de adaptação adquirido pela Netflix em 2021. Na época, André Kevin Walker assumiu o roteiro da trama e Fincher, que já estava envolvido com a história desde 2007, quando ainda era de propriedade da Paramount, foi confirmado em sua direção.

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Após um lançamento limitado nos cinemas — garantindo assim a possibilidade do filme concorrer ao Oscar —, o longa-metragem chegou ao streaming, entregando para o público um thriller criminal totalmente cerebral.

Com poucas cenas de luta e uma quantidade de sangue muito menor do que se espera de um filme com esse nome, o foco da produção é muito mais centrado na logística do crime. E, claro, no que se passa na cabeça do assassino, vivido por Michael Fassbender (Shame), enquanto ele prepara, executa e avalia milimetricamente cada uma de suas ações.

Um estudo de personagem

Dividido em seis capítulos, que separam os atos da história e os diferentes lugares do mundo em que ela é filmada, o filme é narrado por um protagonista sem nome. Um assassino de aluguel que nunca questiona o trabalho dado, apenas o faz e recebe por aquilo que foi pedido.

A preparação para cada trabalho, no entanto, exige uma espera tediosa e bastante solitária, que permite que o protagonista constantemente revise seus planos e táticas de controle.

É essa narração vinda diretamente da cabeça de Fassbender que ouvimos ao longo de todo o filme e que explica a frieza e meticulosidade do personagem para lidar com as situações que aparecem em seu caminho.

Frases como “atenha-se ao plano”, “não confie em ninguém”; “empatia é fraqueza” são repetidas várias vezes ao longo da história. O que deixa claro para o público não só o tipo de regras que o personagem segue, mas também sua necessidade constante de recordar o que deve fazer.

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Como, no entanto, nem tudo é perfeito e até os assassinos mais meticulosos falham, após o personagem cometer um deslize desse leque de normas é que a trama de fato começa. Ao errar o alvo de um de seus trabalhos, ele entra na mira de seus próprios empregadores e vê a vida de sua namorada, vivida pela brasileira Sophie Charlotte (Todas as Flores) — e que faz uma pequena participação no longa — ser ameaçada.

Diante disso, Fassbender dá início a uma caçada internacional em que vai atrás de cada um dos que o contrataram, usando de um estoque poderoso de dinheiro, armas, passaportes internacionais e veículos para encontrá-los.

Ao longo desse acerto de contas — que leva o protagonista a enfrentar Tilda Swinton (Precisamos Falar Sobre o Kevin), que também dá vida a uma assassina de aluguel — é que mergulhamos de vez nos pensamentos do atirador.

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Com uma lente de aumento sobre tudo o que pensa, o filme rapidamente deixa claro para o público que, embora o desenrolar da história seja importante, a trama não é pautada na ação, mas no estudo do personagem.

A funcionalidade da cabeça de um assassino de aluguel (ou ao menos desse em específico) é o tema central do longa-metragem, que permite ao público acompanhar, analisar e se surpreender com cada um de seus passos.

Não confunda ceticismo com cinismo

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Com uma visão bastante diferente sobre as histórias de matadores que conhecemos, O Assassino é um dos filmes mais introspectivos de David Fincher. Sem se estender demais em sua duração, e com uma divisão de atos que parece vir emprestada dos quadrinhos, o filme consegue prender a atenção, embora dê algumas barrigadas ao longo da história.

Mesmo não estando entre os melhores filmes do diretor, ele cumpre a proposta de destrinchar a mente de um personagem completamente pragmático – e que, por acaso, usa essa habilidade para matar outras pessoas.

Por fim, vale destacar que um dos melhores trunfos da narrativa é mostrar que, mesmo os mais céticos, também têm suas vulnerabilidades. Embora essas pistas sejam colocadas de maneira sutil ao longo do filme, com exceção da última cena, há momentos em que uma música do The Smiths ou uma pequena hesitação do protagonista fazem vislumbrar uma outra camada do personagem.

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Detalhes que enriquecem ainda mais a experiência de analisá-lo.