Crítica Matrimilhas | Comédia argentina da Netflix é divertida e bem escrita
Por Diandra Guedes • Editado por Jones Oliveira |
Quem procura uma comédia divertida no catálogo da Netflix, certamente vai gostar de Matrimilhas, o novo filme do diretor Sebastian de Caro. Lançado em dezembro de 2022, o longa argentino mescla a dose certa de humor e romance, e traz personagens bem construídos e cativantes.
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A trama começa mostrando um acidente de carro entre Belén (Luisana Lopilato) e Federico (Juan Minujin), dois jovens solteiros e atrapalhados que se conhecem na véspera da noite de Natal. Em seguida, o filme avança alguns anos e mostra que os dois agora estão casados, morando juntos e com dois filhos.
A partir desse ponto, vemos que embora o casal ainda se ame, o romance está desgastado, e isso se deve, claro, aos vários anos de convivência e, principalmente, ao fato de Federico negligenciar o cuidado com os filhos e com a casa por achar que essas tarefas são obrigações da esposa.
Ao mesmo tempo em que ele não se importa em fazer um jantar sequer para a família, também prioriza sair com os amigos e treinar uma bela receita para uma competição de culinária. Belén, por sua vez, está cada dia mais apática e sentindo falta de viver bons momentos ao lado do marido.
Determinada a mudar essa realidade, ela propõe que eles usem o Equilibrium, um aplicativo de milhas que mede cada atitude do casal. Funciona assim: cada um recebe um relógio de pulso e à medida que fazem ações positivas para o cônjuge acumulam milhas. Em contrapartida, se tomam atitudes egoístas ou brigam, perdem tais pontos.
O objetivo é promover a boa relação entre o casal e relembrá-los que pequenos gestos de carinho e atenção fazem diferença no dia a dia. Mas, ao contrário do que era esperado, o tiro sai pela culatra.
Isso é muito Black Mirror
Em Matrimilhas, a tecnologia era para ser um aliado do casal, mas, assim como na famosa série de ficção científica da Netflix, funciona como catalisador dos problemas. Isso porque Belén e Fede ficam tão preocupado em acumular pontos que acabam fazendo as tarefas por obrigação e brigando para ver quem ganha mais milhas.
Fede quer chegar a mil milhas para viajar com os amigos para o concurso de culinária no México, já Belén ao descobrir o plano do marido decide que irá ganhar o “jogo” para viajar para a Índia.
Essa disputa dura quase o filme todo, e é criada com muito humor e um toque de crítica social. O roteiro de Daniel Cuparo e Gabriel Korenfeld é leve, bem escrito e traz boas piadas sem cair no besteirol. Lopilato e Minujin, que vivem os protagonistas, são outro ponto positivo da trama. Ambos são carismáticos e têm muita química entre si, garantindo que o romance não fique superficial.
Personagens secundários agradam
Por falar em personagens, é fato que Matrimilhas foca a maior parte do seu tempo de tela na dupla principal, mas como um filme não é feito só de protagonistas, os personagens secundários ajudam a contar a história.
Aqui vale destacar o filho mais novo do casal, Toto (Vicente Archain), que além de maduro, tem diálogos muito importantes com o pai. Em um desses momentos, ele pede que Fede não lhe prometa mais nada que não possa cumprir e expõe, de forma muito sincera, sua frustração.
Essas cenas podem até passar despercebidas a olhares menos atentos, mas além de bonitas, mostram a importância de deixar as crianças se expressarem verdadeiramente e ouvi-las com atenção.
Outro personagem igualmente cativante é Gonza (Julián Lucero), o amigo desastrado de Fede que cria o plano do assalto. Com poucas falas, ele conseguiu ser marcante e importante para a história, funcionando como um outro ponto de humor na trama.
Um filme com Natal
Apesar de ter sido lançado em dezembro, Matrimilhas não é um filme de Natal, mas com Natal. Isso porque embora a data seja importante como marco temporal— afinal, aparece no início do filme e nas cenas finais para mostrar que já se passou um ano—a trama não é uma história natalina.
Apesar disso, o fato de o Natal aparecer como um plano de fundo, deixa o enredo ainda mais mágico, mas sem desagradar aqueles quem não gostam da data.
Vale a pena assistir à Matrimilhas?
Com um enredo leve e bem escrito, e com um humor que acerta o tom, Matrimilhas se firma como uma boa comédia no streaming. Além de divertir, é uma opção para quem busca filmes que fujam do eixo estadunidense.
E, se você também quiser dar uma chance ao longa, pode assisti-lo completo na Netflix.