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Crítica Entre Mulheres | Um filme brutal e necessário

Por| Editado por Jones Oliveira | 03 de Março de 2023 às 20h30

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Reprodução/Universal Pictures
Reprodução/Universal Pictures

Indicado ao Oscar 2023 em duas categorias — Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado — Entre Mulheres acaba de chegar aos cinemas brasileiros mostrando porque merece ser assistido. Dirigido por Sarah Polley e baseado no livro homônimo de Miriam Toews, o longa conta uma história forte e brutal sobre a opressão contra as mulheres.

A trama começa mostrando um grupo de menonitas (espécie de religião cristã) que vivem em uma comunidade rural dos Estados Unidos. Lá, elas são dopadas e estupradas durante à noite pelos homens do local e têm apenas duas opções: ou perdoam seus agressores, ou não entrarão no reino dos céus.

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Logo no início da história, fica fácil perceber como a religião é utilizada como instrumento de tortura psicológica e de manipualação. Apesar de estarem cansadas dos abusos e das violências sexuais, as mulheres temem serem castigadas por um Deus vingativo que pode fazê-las queimarem no inferno.

Um dia, no entanto, quando um dos violadores é preso e todos os homens da comunidade se reúnem para pagar sua fiança e lhe tirar da cadeia, tais mulheres percebem que precisam tomar uma decisão: ou elas se unem para lutar contra os homens, ou fogem deixando suas vidas para trás, ou não fazem nada.

É a partir de então que representantes de três famílias são escolhidas para debater o assunto. Justificando o nome do filme em inglês, Women Talking ("Mulheres Falando", em tradução literal), o longa de Polley foca quase todo o tempo de tela nessas mulheres debatendo quais atitudes tomar e quais as possíveis consequências para suas vidas.

"Esta história é fruto da fértil imaginação feminina"

Tirada do livro de Toews, essa frase é a escolhida para abrir Entre Mulheres e se justifica durante o desenvolvimento da trama, afinal o filme de Polley mostra que a única coisa que aquele grupo de mulheres pode fazer na vida é sonhar e imaginar um futuro melhor.

Um acerto da diretora foi apresentar as menonitas enquanto grupo, mas também trabalhar a individualidade de cada uma das personagens. Apesar de todas as mulheres terem passado pelo mesmo tipo de trauma, cada uma reage de uma maneira única e vislumbra um futuro diferente para si mesma.

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Salomé (Claire Foy) é raivosa, Mejal (Michelle McLeod) sofre de ataques de pânico e se apoia no cigarro como muleta emocional, e Mariche (Jessie Buckley) é cética e cínica na mesma medida.

Todas as personagens se sobressaem de algum modo no filme, e o elenco parece ter a sintonia necessária para fazer Entre Mulheres funcionar. O destaque fica também com August, vivido por Ben Whishaw.

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Ele é o único homem que ajuda as mulheres a saírem daquela situação. Filho de uma menonita que também sofreu abusos, o jovem rapaz foi expulso da colônia porque sua mãe se rebelou. Ao voltar para o local, já com outra mentalidade, ele consegue compreender os absurdos que acontecem ali e passa a ajudá-las a se livrarem de seus agressores.

Whishaw criou um August medroso, angustiado e ferido, que se encaixa perfeitamente na trama e não apaga nenhuma das protagonistas.

História revoltante e ainda atual

Embora Entre Mulheres não explicite a data exata em que a história se passa, pelas vestimentas dos personagens podemos deduzir que a trama é ambientada no século XIX. A verdade, no entanto, é que a trama é tão cruel quanto atual.

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Infelizmente o que é discutido no filme e a opressão que acontece com as mulheres ainda é algo bastante presente nos dias de hoje. É por esses e outros motivos que o filme se firma como uma obra brutal e necessária.

Como não existe filme perfeito, uma questão que pode incomodar é a fotografia. Abusando de tons escuros, ela busca ilustrar a melancolia que a obra exige, mas unindo isso à um ritmo lento, pode causar certo tédio no espectador.

De todo modo, Entre Mulheres é bem feito, bem dirigido e bastante relevante. Se você quiser dar uma chance ao filme, pode garantir suas entradas pelo ingresso.com.