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Crítica Blonde | Biografia fictícia de Marilyn Monroe é dolorosa e intensa

Por| Editado por Jones Oliveira | 28 de Setembro de 2022 às 19h30

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Acaba de estrear na Netflix o filme Blonde, protagonizado por Ana de Armas e dirigido por Andrew Dominik. A atriz cubana interpreta Marilyn Monroe, uma das maiores artistas que já passaram por Hollywood.

Não é novidade que a vida de Monroe foi difícil por, desde o início da carreira, ser taxada como um símbolo sexual. O sexismo sem pudor que existia na época adoeceu a atriz, que acabou se tornando uma vítima da depressão. O longa conta com quase três horas de duração e traz uma intensa reimaginação de Marilyn.

Atenção: esta crítica pode conter spoilers do filme Blonde!

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Ana de Armas

O primeiro grande mérito de Blonde é a atuação impecável de Ana de Armas. A atriz, que tem a idade aproximada que Marilyn tinha nos seus últimos momentos de vida, chama a atenção não só pela aparência física conquistada pela caracterização, como pela representação perfeita da voz e dos trejeitos. A dor enfrentada por Monroe consegue saltar da tela para o espectador, deixando o filme cada vez mais intenso.

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A representação de Marilyn Monroe por Ana de Armas intercala entre a concentração do espectador na tela por presenciar uma atuação perfeita, e o desconforto do que está acontecendo. A atriz era considerada um símbolo sexual na década de 1950 e 1960, sendo objetificada pela sua aparência, apesar de ser talentosa no que fazia. Essa objetificação é demonstrada no filme em forma de abuso moral, físico e sexual, não só pela família como por colegas de trabalho e companheiros.

Desconforto

Blonde não é um filme fácil de assistir. O longa é, claramente, uma obra criada para ganhar estatuetas do Oscar, explorando diversos conceitos do cinema, entre imagens e sonoplastia, e com essa composição é como se conseguíssemos ouvir o coração e a respiração de Armas em meio à tensão. A exploração sexual de Marylin Monroe é o tema dos momentos mais desconfortáveis do filme, sendo um gatilho tremendo de estupro.

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Muitas das cenas de sexo têm duração maior do que deveriam, uma vez que não é nada agradável assistir a momentos que retratam um sofrimento que realmente aconteceu.

Não há qualquer cena genuinamente feliz em Blonde, ainda que Ana de Armas apareça sorrindo em várias delas. Nelas, entendemos que Monroe se dedicava a ter uma vida feliz, mas ninguém em sua volta colaborava para que isso acontecesse.

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Brutal

Entre cenas coloridas ou em preto e branco, e representações de cenas de seus filmes mais clássicos em meio à história contada ali, Blonde é uma boa peça cinematográfica. No entanto, o filme peca em ser um tanto quanto sádico, escolhendo "honrar" a memória de Marilyn Monroe da forma mais dolorosa possível. Isso não significa que um filme bom não pode ser desconcertante, mas o sofrimento da atriz não foi a melhor escolha para criar algo bonito.

O filme da Netflix poderia ser mais agradável se, nessa reimaginação, inventasse uma vida mais feliz para Marilyn. Seria mais interessante assistir a uma versão de como seria a carreira da atriz senão tivesse sofrido tanto, se tivesse pessoas ao seu lado preparadas para combater o machismo e que realmente se importassem com a pessoa que ela era.

Blonde já está disponível na Netflix.