Crítica Através da Minha Janela 2 | Romance erra ao deixar protagonistas de lado

O primeiro Através da Minha Janela iniciou uma saga de romance teen que tinha tudo para agradar o público: sexo, intrigas, e, claro, muitas declarações de amor. Adaptado da obra original da escritora venezuelana Ariana Godoy, o filme foca no romance entre um menino rico e mimado e uma plebéia esforçada que, por acaso do destino, são vizinhos de janela.

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E o segundo capítulo dessa trilogia adolescente, Através da Minha Janela: Além Mar, acaba de chegar à Netflix com a promessa de desenvolver melhor a relação dos protagonistas. Só que, ao contrário do esperado, patinou no enredo.

O filme inicia mostrando que a relação de Raquel (Clara Galle) e Ares (Julio Peña) não está tão boa assim. Com ele morando em outro país para estudar medicina e ela ficando em Barcelona para cursar literatura, o romance entre os dois acabou esfriando, mesmo com eles tentando fazer a paixão sobreviver virtualmente. Longe e sem contato físico, a carência vai ficando mais forte e ambos se sentem tentados a se relacionar com outras pessoas.

Doente de amor, Ares toma uma atitude precipitada e decide voltar à Espanha para passar as férias de verão com Raquel em uma espécie de casa de praia. O que ele não contava, no entanto, era que seus amigos e seus irmãos também estariam no local. E é a partir daí que os protagonistas saem do foco.

Com tantos coadjuvantes em cena, fica mais difícil dar atenção ao casal principal, ainda mais quando a história dos personagens secundários é mais interessante do que as brigas da dupla por ciúmes bobo.

Faltam diálogos bem desenvolvidos e também mais gatilhos para que Ares e Raquel pudessem roubar a cena. Mesmo que eles tenham muita química em frente às câmeras, em alguns momentos quase passam despercebidos pelo espectador, que estará mais focado nas aparições de Yoshi (Guillermo Lasheras, ou de outro alguém, do que no casal. No fim, o casal principal se torna coadjuvante de sua própria história de amor.

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Coadjuvantes agradam em Através da Minha Janela 2

Por falar em Yoshi, o personagem vivido por Lasheras é a grata surpresa da história. Apesar do seu desfecho triste (não esmiuçado aqui para não estragar a surpresa do leitor), o jovem conseguiu se sobressair na trama, tornando-se um personagem cativante daqueles que a gente torce para se dar bem.

Outra que também agrada é Daniela, uma menina dona de si que não poupa esforços para ver os amigos bem e para fazer o que gosta. Natalia Azahara, que a interpreta, conseguiu dar o tom exato à personagem, sem fazer com que ela caísse na vulgaridade e tampouco torná-la uma garota boba.

Sexo, nudez e as produções espanholas

Já que falamos em vulgaridade, não dá para dizer que Através da Minha Janela 2 seja um filme com cenas de mau gosto, mas a escolha da nudez em alguns momentos pode incomodar. Veja bem, não se trata de puritanismo, pois quem assiste a muitas produções espanholas logo percebe que o nu quase sempre faz parte das tramas.

A crítica aqui, então, fica para como esse nu é retratado. Embora a direção de Marçal Forés (Amor Eterno) pareça ser respeitosa, o que fica nítido é que as mulheres aparecem mais despidas do que os homens. Isso não é uma exclusividade do longa, é claro, mas é um ponto que chama atenção se olharmos para a história com mais cuidado.

E como falamos na direção, aqui há outro ponto que precisa ser levantado. Marçal consegue explorar bem as paisagens paradisíacas da Espanha em contraste com os belos corpos dos atores, mas, por vezes, parece que ele está mais preocupado em entregar algo visualmente bonito do que necessariamente bom.

Um exemplo disso são as primeiras cenas do filme, no que mais parecem um clipe musical, mesclando uma canção ao fundo com cenas dos atores reproduzindo cenas que quase beiram o erotismo. Podia ser legal, mas ficou cafona e sem propósito.

Com essas questões acima em mente, o que se pode concluir de Através da Minha Janela: Além Mar é que o filme conduz a história para o último ato — que será mostrado em Através da Minha Janela: Olhos nos Olhos — e peca em não desenvolver tão bem a história dos protagonistas ao perder tempo com bobagens, como essa exploração da nudez e do erotismo gratuito. O resultado é que deixa algumas pontas soltas e não desenvolve bem seus perosnagens principais.

Não é de todo ruim e vai entreter quem já vinha acompanhando a história, mas deixa no espectador um gostinho de que poderia ser melhor e a esperança de que o último longa seja um gran finale bem escrito.

Lembrando que Através da Minha Janela 2 já está disponível na Netflix.