Cientistas fazem reconstrução incrível de mulher rica da Idade do Bronze
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Cientistas reconstruíram a aparência de uma mulher da Idade do Bronze — ela viveu na região da Boemia há quase 4.000 anos, e era particularmente rica, de acordo com os achados em seu túmulo. Não se sabe quem ela era em sua sociedade com exatidão, mas é sabido que fazia parte do povo Únětice, grupo de pessoas do início da Idade do Bronze na Europa Central.
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No túmulo da abastada mulher em questão, estavam cinco braceletes de bronze, dois brincos de ouro e um colar com 400 miçangas de âmbar de três voltas, além de três agulhas de costura de bronze. Através de análises de DNA, descobriu-se que ela tinha cabelos pretos e pele clara, além de baixa estatura. O trabalho foi feito, principalmente, pelo Laboratório de Reconstrução Antropológica do Museu da Morávia, na Tchéquia.
Arqueologia e outras ciências
Para reconstruir a Únětice, foi necessário o trabalho conjunto de diferentes ciências. A datação por radiocarbono, feita no cemitério onde ela foi enterrada, estimou que a mulher viveu entre 1880 e 1750 a.C. O túmulo fica próximo à cidade checa de Mikulovice, perto da fronteira com a Polônia.
O cemitério em si tem 27 túmulos e âmbar em 40% das covas com restos femininos — há mais do material nesse cemitério do que em todos os túmulos Únětice de toda a Alemanha. O âmbar provavelmente veio do Báltico, onde é abundante, indicando uma rede de comércio de grande extensão na Europa da época. Os objetos de bronze que a tribo utilizava também vinham apenas de uma região no continente, mas podiam ser encontrados por toda a sua extensão.
De todos os esqueletos do cemitério de Mikulovice, a mulher rica era a mais bem preservada: o fato de ser a cova mais abastada foi uma feliz coincidência para os pesquisadores. A preservação dos ossos era tão boa que foi possível coletar o seu DNA, o que permitiu saber a cor dos olhos, pele e cabelo através de sequenciamento genético.
Antropólogos e escultores reconstruíram o torso da mulher, e arqueólogos refizeram suas roupas e acessórios com base em descobertas científicas referentes à época e região que a Únětice habitava. Segundo os cientistas, nas regiões fronteiriças à Boemia, os túmulos mais ricos são os dos homens — não se sabe se em Mikulovice as mulheres tinham status diferentes ou se as riquezas eram enterradas com elas para mostrar a riqueza de seus parentes ou cônjuges masculinos.
Agora, o DNA de outros ossos do cemitério checo estão sendo estudados para descobrir se os indivíduos enterrados no local tinham algum parentesco. Isso, acreditam os cientistas, pode ajudar a descobrir mais pistas sobre as diferenças regionais do início da Idade do Bronze na Europa Central.
Fonte: LiveScience, Phys.org